Qual a eficácia da oximetria de pulso em neonatos prematuros e a termo?

Em pacientes graves, a SatO2 é frequentemente monitorada através da oximetria de pulso, que também acompanha a paO2, guiando a titulação de oxigênio.

A oximetria de pulso (OP) em bebês prematuros e a termo é insuficiente para determinar, com precisão, a saturação (SatO2) e a pressão arteriais de oxigênio (paO2), de acordo com um estudo realizado na Suécia.

Em pacientes graves, a SatO2 é frequentemente monitorada através da OP. Idealmente, a OP acompanha também de perto a paO2, guiando a titulação de oxigênio. No entanto, as orientações para suplementação de oxigênio em bebês em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) geralmente são baseadas no monitoramento da OP, com precisão e confiabilidade incertas.

Para avaliar se o monitoramento da saturação periférica de oxigênio (SpO2) poderia nortear, com precisão, a titulação de oxigênio em recém-nascidos (RN), os pesquisadores Dirk Wackernagel, Mats Blennow e Ann Hellström realizaram o estudo Accuracy of Pulse Oximetry in Preterm and Term Infants Is Insufficient to Determine Arterial Oxygen Saturation and Tension, publicado na edição de fevereiro da Acta Paediatrica.

bebê em UTI com oximetria de pulso no pé

Oximetria de pulso

O estudo foi realizado entre 2017 e 2019 nas duas UTIN terciárias do hospital da Universidade Karolinska, em Estocolmo. Os pesquisadores compararam, retrospectivamente, 27.237 leituras de SpO2 com SaO2 e resultados de paO2 de análises de gases sanguíneos realizadas em RN com cateteres arteriais. Os resultados das leituras e das análises dos gases sanguíneos foram exportados de um sistema de gerenciamento de dados de pacientes, o sistema Centricity Critical Care (GE Medical Systems Ltd, Chalfont St. Giles, Reino Unido).

A SpO2 superestimou as leituras de SaO2 em 2,9 ± 5,8%. Quando as leituras de OP estavam dentro da faixa alvo definida para saturação de oxigênio, 7.809 (20,9%) valores de SaO2 estavam abaixo e 2.830 (7,6%) superaram a faixa alvo. Em 57% dos pacientes, níveis de PaO2 <6 kPa1 (45 mmHg2) foram obtidos enquanto as leituras de SpO2 foram> 90%. Uma PaO2> 11 kPa1 (82,5 mmHg2) foi registrada em 19% dos casos, quando a SpO2 foi <95%.

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Resultados

Wackernagel e colaboradores observaram um risco três vezes maior de hipoxemia em bebês tratados com oxigênio suplementar versus bebês em ar ambiente. Além disso, os autores descreveram sensibilidade e especificidade “razoáveis” a “boas” para a detecção dos limites superior e inferior do intervalo-alvo. Já dentro da faixa alvo de saturação para prematuros, a OP excedeu a margem de qualidade de erro de 4% e, portanto, não atendeu aos requisitos de qualidade ISO (International Organization for Standardization).

Dessa forma, para valores de SpO2 abaixo de 91%, os critérios de qualidade ISO não foram cumpridos. De acordo com os resultados de estudos anteriores, os pesquisadores notaram que a imprecisão da OP excedeu rapidamente cinco pontos percentuais a 80-85% de SaO2.

Esse estudo mostrou que, baseadas na análise dos gases no sangue arterial como referência, as leituras da OP não cumpriam os requisitos para titular, com precisão, a suplementação de oxigênio em RN. Ademais, os pesquisadores observaram que os equipamentos de OP também não atendiam aos critérios de qualidade ISO já dentro da faixa de saturação desejada para bebês.

Conclusões

Com base em um grande conjunto de dados usando gravação digital de alta resolução, não disponível anteriormente, os pesquisadores acreditam terem fornecido importantes descobertas, que adicionam conhecimento importante para a tomada de decisão e elaboração de diretrizes/recomendações futuras para o monitoramento de oxigênio em bebês prematuros e a termo. Eles ressaltam que, para o uso da técnica de OP em bebês prematuros e a termo, seria desejável uma maior adaptação ao ambiente do bebê.

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Os autores também destacam que a melhora da precisão das medições de SpO2 pode potencialmente reduzir o uso excessivo e subutilizado de oxigênio suplementar para aprimorar os desfechos em RN. Além disso, a melhora da precisão apenas na faixa hipoxêmica pode facilitar a tomada de decisões e melhorar a segurança em pacientes graves, especialmente durante a ressuscitação, em todas as faixas etárias.

Referências bibliográficas:

  • WACKERNAGEL, D.; BLENNOW, M.; HELLSTRÖM, A. Accuracy of pulse oximetry in preterm and term infants is insufficient to determine arterial oxygen saturation and tension. Acta Paediatrica, 10.1111/apa.15225, 2020
  • JEVON, P.; EWENS, B. Monitoramento da Função Respiratória. In:____ Monitoramento do paciente crítico. 2ª ed. Artmed: São Paulo. Cap.3. p.51-105. 2009.

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