Qual é o melhor tratamento para fraturas do terço distal do rádio a longo prazo em idosos?

Um estudo avaliou qual é o melhor tratamento a longo prazo para fraturas instáveis do terço distal do rádio em idosos.

As fraturas do terço distal do rádio são fraturas extremamente prevalentes, tendo sido inicialmente descritas por Colles, em 1812. Com 200 anos de experiência no tratamento dessas fraturas, surgiram inúmeras possibilidades, sendo atualmente as principais: redução incruenta seguida por imobilização gessada, pinagem percutânea e imobilização gessada, redução aberta e fixação interna com placa bloqueada volar e fixação externa.

A literatura atual falha em demonstrar qual é o melhor tratamento a longo prazo para fraturas instáveis do terço distal do rádio em idosos. Com base nessa situação, foi publicado recentemente no “Journal of the American Medical Association” um ensaio clínico randomizado internacional (WRIST) a fim de definir qual é o tratamento que possui os melhores resultados após 24 meses de follow-up para as fraturas do terço distal do rádio em pacientes maiores de 60 anos.

idoso com fraturas do terço distal do radio

Fraturas do terço distal do rádio

Entre abril de 2012 e dezembro de 2016, foram selecionados 182 pacientes acima de 60 anos com fraturas instáveis do rádio distal de 24 serviços hospitalares incluindo Estados Unidos, Canadá e Cingapura. A análise dos dados foi realizada entre março de 2019 e de 2021. Foram consideradas fraturas instáveis e, portanto, elegíveis para o estudo, isoladas do rádio ou com estiloide ulnar associado, classificadas pela AO como A2, A3, C1 ou C2 e preenchendo pelo menos 1 dos seguintes critérios radiográficos após redução: angulação dorsal > 10°, inclinação radial < 15° e encurtamento radial > 3mm.

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Os pacientes foram aleatoriamente divididos em três grupos: tratamento com redução aberta e fixação interna com placa volar bloqueada (n=65), redução incruenta e pinagem percutânea (n=64), redução incruenta e fixação externa (n=58). Cento e dezessete pacientes optaram por não operar e foram alocados em um grupo redução incruenta e imobilização com aparelho gessado. A medida de desfecho principal analisada foi a pontuação do “Michigan Hand Outcome Questionnaire” (MHQ) aos 24 meses e as medidas de desfecho secundárias foram força de pega, arco de movimento do punho e a avaliação do mesmo MHQ com duas e seis semanas e três, seis e 12 meses.

Como resultados após 24 meses de follow-up, a média do MHQ do grupo fixação com placa foi 88 (IC 95%, 83-92), 83 (IC 95%, 78-88) para fixação externa, 85 (IC 95%, 79-90) para pinagem percutânea e para imobilização gessada, não representando diferença significativa após ajuste para covariáveis. Também não foram significativas as diferenças de escores de dor, força de pega ou arco de movimento do punho após 24 meses. O grupo tratado com imobilização gessada apresentou o maior número de consolidações viciosas (59,1% do total dessas complicações).

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Conclusões

É importante frisar que na seleção dos pacientes foram excluídas as fraturas do tipo Barton (AO do tipo B) já que estas devem ser tratadas preferencialmente por redução aberta e fixação com placa volar. Da mesma maneira, seguem valendo os resultados de trabalhos anteriores para resultados a curto prazo, onde a fixação com placa volar bloqueada permite uma mobilização precoce e retorno mais rápido às atividades.

A grande contribuição do estudo é provar que após 24 meses de tratamento não há diferença funcional entre as diversas opções, ficando a critério do cirurgião em acordo com o paciente.

Referência bibliográfica:

  • Chung, Kevin C., et al. “Comparison of 24-Month Outcomes After Treatment for Distal Radius Fracture: The WRIST Randomized Clinical Trial.” JAMA Network Open, vol. 4, no. 6, June 2021, p. e2112710, doi:10.1001/jamanetworkopen.2021.12710.

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