Qual melhor estratégia de exercícios para dor patelofemoral?

A dor patelofemoral é responsável por 23% das dores no joelho e possui origem multifatorial com características anatômicas e biomecânicas definidas.

A dor patelofemoral (DFP) é responsável por 23% das dores no joelho e possui origem multifatorial com características anatômicas, biomecânicas, psicossociais e comportamentais definidas.

Acredita-se que a dor está relacionada a um desbalanço de força e resistência dos músculos do membro inferior, principalmente o quadríceps.

O tratamento da DFP é não cirúrgico e normalmente envolve medidas multifatoriais com ênfase na melhora mecânica do joelho com exercícios de alongamento e fortalecimento. É bem definido que exercícios são o principal tipo de tratamento.

Os exercícios tradicionalmente tinham foco no joelho, especialmente no fortalecimento do quadríceps.

Recentemente estratégias de reforço muscular para o quadril vem ganhando popularidade para a abordagem da DPF assim como medidas educacionais que nem sempre são avaliadas em estudos. Não há consenso sobre qual das estratégias é superior.

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Ensaio clínico sobre dor patelofemoral

Um ensaio clínico randomizado com nível de evidência 1 foi publicado no American Journal of Sports Medicine, no último ano, comparando o resultado entre três programas de fortalecimento muscular para tratamento da DFP.

O estudo incluiu programas de exercícios focados no quadril, exercícios focados no joelho e exercícios livres após orientações educacionais fornecidas aos pacientes .

Foram incluídos pacientes com idade entre 16-40 anos com no mínimo três meses de sintomas, apresentando pelo menos um teste clínico positivo para a doença e relatando dor em pelo menos duas atividades cotidianas.

Todos os pacientes foram submetidos a exames clínicos, radiografias e ressonância do joelho, sendo excluídos pacientes que apresentavam outra alteração no joelho em avaliação clínica ou por imagem, que apresentavam dor no quadril ou coluna que impedia a realização dos exercícios, que fizeram uso de corticoide ou AINEs por longo período, que sofreram trauma prévio no joelho causando consequências clínicas ao mesmo e que fizeram fisioterapia ou outro tratamento com exercícios para DFP três meses antes do estudo.

O estudo foi randomizado e estratificado por sexo e utilizou estratégia de cegamento no qual fisioterapeutas não sabiam as medidas que seriam efetuadas e pesquisadores desconheciam os grupos de cada participante avaliado.

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Um total de 317 pacientes foram selecionados para o estudo inicialmente. Após adoção dos critérios de exclusão permaneceram 112 pacientes na amostra que foi dividida em três grupos de maneira aleatória totalizando 37 pacientes no grupo de exercícios exclusivos para o joelho, 39 no grupo focado para o quadril e 36 no grupo de atividades livres após medidas educacionais (grupo controle). Consideradas as perdas durante o seguimento e análises, os três grupos foram comparados.

Todos os pacientes receberam instruções escritas e orais sobre a condição e suas peculiaridades. As estratégias de orientação foram utilizadas com objetivo de reduzir a cinesiofobia dos pacientes e orientar sobre a origem do distúrbio relacionada às alterações biomecânicas consequentes do desbalanço muscular e da ausência de outros problemas, que teriam sido excluídos com a avaliação clínica e por imagem.

Após divisão os pacientes iniciaram um programa de exercícios de pelo menos três sessões por semana com pelo menos um dia de intervalo entre elas, sendo uma sob supervisão do fisioterapeuta e duas em casa. O grupo de exercícios para o quadril foi instruído a realizar exercícios para abdução, rotação externa e extensão do quadril. O grupo com exercícios focados no joelho realizou exercícios para fortalecimento do quadríceps. O terceiro grupo realizou atividade físicas livres respeitando as orientações passadas antes da segmentação entre os grupos.

Os grupos de exercícios focados para quadril ou joelho foram comparados com o grupo controle e comparados entre si. Os pacientes foram avaliados no início do estudo, com seis semanas e com três meses de tratamento. O objetivo primário do estudo foi comparar a escala específica para dor anterior no joelho (AKPS-Anterior Knee Pain Scale).

Como objetivos secundários foram comparadas escalas para dor habitual e pior dor (EVA), força isométrica, escores funcionais e para avaliação de cinesiofobia.

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Resultados

Todos os participantes do estudo apresentaram melhora dos resultados de todos os critérios em três meses, exceto pela força de extensão do joelho.

Em três meses não foram encontradas diferenças entre os grupos nos critérios primários ou secundários avaliados exceto pelo aumento de força de extensão do joelho observado no grupo de quadril x controle e de força de abdução no grupo de joelho x controle. Os grupos de exercícios focados no quadril x joelho não apresentaram diferenças com significância estatística.

Conclusão

O estudo concluiu que não há diferença em curto prazo entre exercícios orientados focados no joelho, focados no quadril ou exercícios livres. Exercícios orientados melhoraram a força muscular isométrica, mas não apresentaram melhora em outros quesitos se comparados ao grupo controle de exercícios livres.

Referências bibliográficas:

  • Hott, A., Brox, J. I., Pripp, A. H., Juel, N. G., Paulsen, G., & Liavaag, S. (2019). Effectiveness of Isolated Hip Exercise, Knee Exercise, or Free Physical Activity for Patellofemoral Pain: A Randomized Controlled Trial. The American Journal of Sports Medicine, 47(6), 1312–1322. https://doi.org/10.1177/0363546519830644
  • Crossley, KM, Stefanik, JJ, Selfe, J. 2016 Patellofemoral pain consensus statement from the 4th International Patellofemoral Pain Research Retreat, Manchester. Part 1: terminology, definitions, clinical examination, natural history, patellofemoral osteoarthritis and patient-reported outcome measures. Br J Sports Med. 2016;50(14):839-843.
  • Smith, BE, Selfe, J, Thacker, D. Incidence and prevalence of patellofemoral pain: a systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2018;13(1):e0190892.

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