Qual o impacto do uso de probióticos nas prostatites?

Recente estudo foi publicado sobre uso de probióticos nas prostatites, visando estabelecer o papel deles neste processo patológico.

O benefício dos probióticos para mulheres no tratamento de vaginites, vaginoses, candidíase e infecções urinárias de repetição já está estabelecido na literatura. No entanto, o número de trabalhos que abordam o uso de probióticos em homens é bem menor. Recente estudo sobre medicina de gênero foi publicado sobre uso de probióticos nas prostatites, visando estabelecer o papel deles neste processo patológico.

Médica explica o impacto do uso de probióticos nas prostatites para paciente

Models. On screen, drawing representing a prostate cancer.

Prostatites

Prostatite é uma inflamação da próstata e clinicamente se manifesta com dor e uma variedade de sintomas urinários como urgência, gotejamento e a necessidade para urinar frequentemente à noite. Temporalmente pode ser aguda ou crônica. Em geral, acomete pacientes na meia-idade, sendo que cerca de 30-50% dos homens terão inflamação da próstata ao longo da vida. Homens que já tiveram prostatite têm um risco muito alto de recorrência de 20-50%. Etiologicamente pode ter relação com infecções bacterianas, como por Echerichia coli, Enterococcus faecalis, Klebsiella, Pseudomonas and Proteus provenientes do trato urinário ou intestino grosso. Porém, há casos em que a causa é desconhecida. O estresse oxidativo desempenha um papel fundamental na inflamação da próstata. Evidências recentes mostraram que o microbioma urinário está implicado na inflamação da próstata e no possível aparecimento de tumor principalmente devido à sua proximidade anatômica e o potencial do trato urinário para atuar como um veículo de transporte para contaminação.

A Figura 1 representa o aumento próstata nas prostatites.

Figura 1 – Próstata normal e aumento próstata nas prostatites. Reproduzido de www.einstein.br/guia-doencas-sintomas/prostatite 

Os fatores de risco já identificados para prostatite são: doenças sexualmente transmissíveis, tais como Chlamydia ou Neisseria gonorrhoeae. Ansiedade ou estresse podem levar a espasmos do músculo do esfíncter urinário e irritar a próstata ou fazer com que fluídos da uretra retornem para o interior da mesma, irritando seus tecidos internos.

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Fatores de risco para prostatite são: 

  • Anormalidade no trato urinário;
  • Hiperplasia prostática benigna;
  • Infecções urinárias de repetição;
  • Manipulação instrumental/sondas de vias urinárias;
  • Sexo anal.

O diagnóstico é realizado pela suspeição clínica, exame de toque retal e exames de urina de rotina, urocultura e da secreção prostática.

O tratamento pode ser realizado com antibióticos nos casos de infecções bacterianas, sendo as quinolonas ou trimetoprima e sulfametoxazol os antibióticos mais frequentemente prescritos. Em casos crônicos ou recorrentes o uso de probióticos tem sido aventado.

Probióticos

A primeira definição de probiótico foi publicada por Lily e Stillwell, em 1965, quando os descreveram como agentes microbiológicos que estimulam o crescimento de outros organismos. Probiótico é derivado de uma palavra grega que significa vida, sendo usado para referir organismos vivos não patogênicos com efeitos benéficos nos hospedeiros. O termo foi definido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação e Organização Mundial da Saúde com a seguinte redação: “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde do hospedeiro”. O interesse em estudar e desenvolver estes suplementos tem crescido exponencialmente nos últimos anos. No banco de dados PubMed, o termo probiótico apareceu cerca de uma dúzia de vezes por ano, nos anos 1990 e atualmente são milhares de artigos publicados sobre este tema. As espécies mais conhecidas são: as espécies Lactobacillus spp. Bifidobacterium spp. e Saccharomyces. O mecanismo de ação dos mesmos está sumarizado na Figura 2.

Figura 2 – Mecanismo de ação dos probióticos

Probióticos e prostatites

Pacientes com prostatite crônica têm níveis de lactobacilos seminais mais baixos do que os homens saudáveis, provavelmente devido a uso frequente de antibióticos. Devido a isso um número crescente de pesquisas apoia a teoria de que os probióticos poderiam prevenir infecções recorrentes em homens, especialmente as cepas de Lactobacillus. Muitas vezes o tratamento com antibióticos isolados pode não ser adequado e consequentemente a associação com probióticos pode ser indicada. Isso poderia reduzir o risco de recorrências. Os benefícios dos probióticos para o tratamento de bactérias causadoras de prostatite foi demonstrada em pesquisas clínicas em humanos.

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Um estudo analisou os efeitos da suplementação de probióticos juntamente com antibióticos para o tratamento de doenças crônicas e prostatite bacteriana, 212 homens com prostatite bacteriana crônica foram aleatoriamente designados para dois grupos: um grupo com o único antibiótico como cura, o outro grupo com antibióticos e probióticos. A cura foi acompanhada por 30 dias. Ao final do estudo, 27,6% do grupo que recebeu apenas antibióticos teve uma recorrência de infecções do trato urinário enquanto apenas 7,8% do grupo que recebeu a combinação teve uma recorrência.

Em um estudo publicado em 2017, 162 pacientes com infecções crônicas, incluindo 56 (35,8%) que apresentavam inflamações urogenitais foram avaliados para composição quantitativa e qualitativa da microflora intestinal antes e após o tratamento com probióticos. Em todos os grupos de estudo após o uso de probióticos, o número de microrganismos patogênicos (S. aureus, S. saprophyticus, S. epidermidis e C. albicans) foi reduzido e tendeu a restaurar a faixa normal da microbiota, induzindo uma redução e melhoria do estado inflamatório.

Estudo recente publicado em 2021, com vinte homens saudáveis com idades entre 55 e 65 anos, com infecções recorrentes devido a E. coli e E. faecalis foram incluídos e randomizados em 2 grupos para receber probióticos PRO-Men Hyperbiotics, EUA (Grupo A- 10 homens) ou placebo contendo maltodextrina (Grupo B- 10 homens), um comprimido diariamente por 12 semanas (depois de receber antibiótico e subsequente negativização da cultura). Resultado conclui que houve redução dos episódios de prostatite com uso do probióticos.

Conclusão

Podemos concluir que os probióticos podem proteger contra bactérias patogênicas e restaurar a microbiota durante o tratamento com antibióticos para prostatite bacteriana. Os probióticos poderiam reduzir os episódios de prostatites crônicas.

Referências bibliográficas:

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