Qual o papel da anticoagulação na covid-19?

Um estudo teve o objetivo do estudo avaliar o efeito da anticoagulação na covid-19 de gravidade variável. Saiba mais no Portal PEBMED.

A covid-19 está associada a um risco aumentado de tromboembolismo venoso (TEV); isso pode ocorrer em 20% dos pacientes e afeta principalmente aqueles com doença muito grave. Portanto, a maioria das diretrizes recomenda que se avalie o risco de TEV por meio de modelos de estratificação e profilaxia. No entanto, há dúvidas a respeito de como escolher a melhor dose de quimioprofilaxia, ou mesmo se a anticoagulação completa é capaz de reduzir o TEV ou o tromboembolismo arterial (TEA) em comparação com uma dose profilática.  

O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da anticoagulação na covid-19 de gravidade variável, além de avaliar a mortalidade, TEV, TEA e sangramento maior associados à anticoagulação nesses pacientes. 

anticoagulação na covid-19

Métodos 

O estudo é uma revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos controlados randomizados de fase 3 comparando o uso de anticoagulantes em pacientes com covid-19 não hospitalizados e hospitalizados, baseados nos principais bancos de dados e no período atual da pandemia.  

Resultados

Inicialmente foram selecionados 401 estudos. Destes, nove preencheram os critérios de inclusão e, portanto, foram analisados (num total de 6.004 pacientes analisados). Em pacientes com covid-19 não hospitalizados, não se observou diferença significativa entre anticoagulação profilática pós-alta e nenhuma intervenção no que tange a tromboembolismo venoso ou sangramento em 30 dias.  Em pacientes com covid-19 hospitalizados, a anticoagulação plena resultou em ligeira redução de eventos trombóticos em 30 dias (diferença de risco: −0,03; IC95%: −0,06 a −0,00; p = 0,04; I2 = 78%); a qualidade das evidências foi moderada. No entanto, não se observou diferença significativa entre anticoagulação plena e nenhuma intervenção quanto ao risco de sangramento maior; a qualidade das evidências foi muito baixa. Não se observou diferença significativa entre anticoagulação profilática com dose intermediária e dose padrão (diferença de risco: −0,01; IC95%: −0,07 a 0,06; p = 0,81; I2 = 0%); a qualidade das evidências foi muito baixa. 

A anticoagulação terapêutica parece não ter efeito na mortalidade em pacientes com covid-19, resultando em ligeira redução do tromboembolismo venoso em pacientes hospitalizados. Em pacientes com covid-19 não hospitalizados, não se observou redução da mortalidade, TEV ou TEA com o uso de dose profilática após a alta hospitalar. No entanto, é preciso considerar as condições clínicas dos pacientes no momento da alta. A maioria dos pacientes críticos precisa de reabilitação para se recuperar de longos períodos de imobilidade, e é preciso considerar o risco de eventos de TEV após a alta. 

Mensagens práticas: 

  • Pacientes ambulatoriais com covid-19 leve parecem não ter benefício do uso de anticoagulantes na fase aguda da doença; 
  • Indicações de anticoagulação plena ainda devem ser individualizadas, sobretudo em pacientes com eventos tromboembólicos.  
  • Doses elevadas de heparina não parecem ser superiores às doses comumente utilizadas na profilaxia de TEV.

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