Quando e como vacinar pacientes submetidos a transplante de medula óssea?

Pacientes submetidos a transplante de medula perdem a imunidade pré-existente e necessitam ser novamente vacinados após reconstituição imunológica.

Indivíduos com neoplasias hematológicas têm risco aumentado de infecções potencialmente preveníveis por imunização, bem como de complicações relacionadas a tais enfermidades. Além disso, pacientes submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) perdem a imunidade pré-existente e necessitam ser novamente vacinados após reconstituição imunológica.

Vacinação no transplante de medula óssea

As vacinas atenuadas devem ser evitadas nos primeiros dois anos após o transplante. A presença de doença enxerto versus hospedeiro (DEVH) e a terapia imunossupressora também são fatores que contraindicam tal tipo de vacina.

Vacinas inativadas podem ser administradas até duas semanas antes do início de terapia citotóxica ou condicionamento pré-transplante (se necessário). Após o transplante, tais vacinas podem ser reintroduzidas em três a doze meses, a depender de alguns fatores, como tipo de transplante, DEVH e imunossupressão.

Vale lembrar que, nos casos de indicação de esplenectomia eletiva, os pacientes devem receber vacinas contra germes encapsulados pelo menos duas semanas antes da cirurgia (meningococo, pneumococo e hemófilo).

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Situações especiais

  • Anticorpo monoclonal anti-CD20 (rituximabe): os pacientes podem não apresentar a resposta imunológica adequada à vacinação. Recomenda-se, portanto, um intervalo mínimo de seis meses entre a última dose do anticorpo e a vacinação.
  • Imunoglobulina: não interfere na resposta imunológica a vacinas inativadas, porém a administração simultânea ou muito próxima com vacinas atenuadas pode resultar em neutralização do efeito com consequente redução da eficácia da imunização. Por isso, a imunoglobulina não deve ser feita oito a onze meses antes e, pelo menos, duas semanas depois da vacina tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela).

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Alguns tipos de vacinas

  • Influenza: apesar da menor eficácia quando comparada à população geral, a vacinação anual é importante para indivíduos com neoplasias hematológicas. No caso de transplante, recomenda-se vacina após seis meses do procedimento.
  • Pneumocócica: a resposta à vacina varia de acordo com a doença hematológica e o tratamento recebido. A vacina pneumocócica conjugada 13-valente (VPC13) parece ser superior à pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23) nos indivíduos com linfoma de Hodgkin esplenectomizados e naqueles tratados com rituximabe nos últimos 12 meses. Recomenda-se a administração de três doses de VPC13, entre três e seis meses após TCTH, seguidas de uma dose de VPP23, se o paciente desenvolver DEVH, ou de mais uma dose de VPC13, nos demais casos, no 12º mês pós-transplante.
  • Varicela: para pacientes soronegativos, a vacina atenuada pode ser administrada após 24 meses do transplante. A vacina inativada é preferível para indivíduos imunocompetentes com idade igual ou superior a 50 anos, incluindo aqueles com reconstituição imunológica após quimioterapia e/ou TCTH.
  • Tríplice bacteriana: adultos em tratamento quimioterápico podem receber uma dose, se não tiverem sido vacinados anteriormente. São indicadas três doses da vacina entre três e doze meses após transplante.
  • Tríplice viral: por ser uma vacina atenuada, deve ser considerada após dois anos do TCTH, na ausência de DEVH. Além disso, como dito anteriormente, recomenda-se intervalo mínimo de oito a onze meses após uso de imunoglobulina.
  • Meningocócica: esquema de vacina meningocócica conjugada quadrivalente pode ser realizado entre seis e doze meses após TCTH em indivíduos na faixa etária entre 11 e 18 anos, com reforço aos 16-18 anos. Vacina meningocócica B deve ser oferecida nos pacientes entre 10 e 25 anos e com fatores de risco para a infecção (ex.: asplenia).
  • Hepatite B: a vacinação pode ser iniciada com seis meses de transplante. Se o paciente for vacinado no primeiro ano após o procedimento, recomenda-se checar se houve soroconversão; na ausência de soroconversão, o esquema de três doses deve ser repetido.

Leia mais: Como funciona o transplante de medula óssea? Veja os conceitos básicos

Referências bibliográficas:

  • Kamboj, Mini, and Monika K. Shah. “Vaccination of the Stem Cell Transplant Recipient and the Hematologic Malignancy Patient.” Infectious Disease Clinics 33.2 (2019): 593-609.
  • Tomblyn M, Chiller T, Einsele H, et al. Guidelines for preventing infectious complications among hematopoietic cell transplantation recipients: a global perspective. Biol Blood Marrow Transplant 2009;15(10):1143–238.

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