Quando reiniciar a terapia anticoagulante após sangramento intestinal

É comum que pacientes usuários de anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários tenham sangramento gastrointestinal por problemas vasculares.

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É comum que pacientes usuários de anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários tenham sangramento gastrointestinal por problemas vasculares. Por isso, um estudo recente, publicado na revista Alimentary Pharmacology & Therapeutics, procurou avaliar o risco de ressangramento, eventos vasculares e morte após o primeiro evento.

Além disso, como a terapia medicamentosa geralmente é interrompida antes do diagnóstico, um dos objetivos da pesquisa foi entender quando é melhor reiniciar os anticoagulantes e/ou antiplaquetários.

O estudo foi feito por meio de coorte observacional de 871 pacientes, com idade média de 78 anos, que desenvolveram sangramento gastrointestinal enquanto usavam agentes antiplaquetários ou anticoagulantes. Foi identificado que o reinício da terapia após o sangramento resultou em um menor risco de eventos vasculares e morte, mas a um maior risco de ressangramento. Enquanto isso, aqueles que não voltaram a fazer uso dos medicamentos por até dois anos, tiveram menos probabilidade de sangrar novamente, mas risco elevado de problemas isquêmicos e morte.

médico prescrevendo um anticoagulante

Sobre o estudo

Entre os 871 pacientes, 38,9% usavam anticoagulante, 52,5% usavam antiagregantes plaquetários e 8,6% usavam ambos. Desses, 93,1% interromperam o tratamento após sangramento gastrointestinal e 80,5% reiniciou a terapia em entre sete e 36 dias; 38,7% apresentaram sangramentos gastrointestinais superiores, 46,7% sangramentos gastrointestinais inferiores e 14,6% sangramentos gastrointestinais de origem desconhecida. Um grupo menor não recomeçou a terapia durante cerca de dois anos após a endoscopia.

O reinício das duas terapias foi associado a um maior risco de ressangramento, menor risco de eventos isquêmicos ou morte e um risco semelhante para eventos gastrointestinais superiores e inferiores. As taxas de ressangramento foram maiores nos pacientes anticoagulantes versus antiagregantes plaquetários (138,0 vs 99,0 eventos por 1.000 pacientes-ano), e o local do sangramento foi idêntico em 61,8% dos casos.

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Quando recomeçar os anticoagulantes e/ou antiplaquetários

O estudo concluiu que os benefícios de reiniciar as terapias medicamentos após o sangramento superam os riscos. Mas quando é mais seguro recomeçar?

Segundo os dados apresentados, aqueles pacientes que recomeçaram antes de sete dias após o primeiro sangramento tiveram mais ressangramentos que os que recomeçaram depois de sete dias, porém com um risco de eventos vasculares mais baixo. Sobre a mortalidade, não houve diferença significante.

Vale pensar nessas conclusões na hora de reiniciar a terapia, individualizando caso a caso, mas, segundo o estudo, é muito importante que ela se reinicie independente do tempo correto.

Novos anticoagulantes orais (NOACs)

Na última década, a indústria trouxe ao mercado os novos anticoagulantes orais (NOACs) pensando muito em possibilidades à varfarina, que sempre foi a principal droga de escolha na prevenção de eventos tromboembólicos. Os maiores problemas da varfarina eram a interação medicamentosa e a necessidade de monitorar frequentemente o INR.

Esse novo grupo de medicamentos, apesar de ter mecanismos de ação diferentes, tem como ponto central a anticoagulação e sua eficácia já foi comprovada por vários estudos. Entre as principais opções estão são dabigatrana, rivaroxabana, edoxabana e apixabana. Vale sempre avaliar essas possibilidades na hora de recomeçar a terapia anticoagulante nos pacientes.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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Referência bibliográfica:

  • Sostres C, et al. Risk of rebleeding, vascular events and death after gastrointestinal bleeding in anticoagulant and/or antiplatelet users. Alimentary Pharmacology & Therapeutics. https://doi.org/10.1111/apt.15441

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