Quimioterapia pré-operatória em câncer de pâncreas reduz o risco de complicações

A quimioterapia pré-operatória protege o organismo contra o desenvolvimento de CR-POPF em pacientes com câncer de pâncreas, afirma estudo.

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A quimioterapia pré-operatória protege o organismo contra o desenvolvimento de fístula pancreática pós-operatória clinicamente relevante (CR-POPF) em pacientes com câncer de pâncreas localmente avançado e/ou borderline. Essa indicação vem a partir de um estudo recente. 

A incidência de CR-POPF foi significativamente menor em pacientes que receberam terapia neoadjuvante (NAT) em comparação com aqueles tratados com cirurgia inicial. Essa afirmação partiu do médico Carlos Fernández-del Castillo, da Harvard Medical School, em Boston, nos Estados Unidos.

Entretanto, como descrito no  JAMA Network, quando o CR-POPF ocorreu no grupo que recebeu NAT, foi associado a uma redução significativa na sobrevida global. 

“Descobrimos que a taxa de sobrevida global foi reduzida em 50% em pacientes que tiveram um CR-POPF em comparação com aqueles sem fístula. Isso indica que esses pacientes devem ser submetidos a um acompanhamento mais intenso e, talvez, considerados para um tratamento de quimioterapia adicional”, destacou Fernández-del Castillo.

A associação entre CR-POPF e sobrevida não foi observada no grupo de ressecção inicial. O CR-POPF após a ressecção pancreática é uma complicação frequente, mas perigosa. Para o estudo, foram analisados 346 pacientes com adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC) submetidos a NAT e ressecção subsequente e 407 pacientes submetidos à ressecção inicial durante um intervalo de 11 anos de estudo.

Segundo os pesquisadores, foi administrada uma sessão de quimioterapia adjuvante padrão à base de gencitabina para pacientes com ressecção inicial. A maioria dos pacientes submetidos à ressecção inicial também recebeu radioterapia.

No grupo neoadjuvante, a maioria dos pacientes recebia FOLFIRINOX (ácido folínico + fluorouracil + irinotecan + oxaliplatina) como padrão de tratamento, seguido de quimioradioterapia. Em um acompanhamento médio de 16 meses (intervalo interquartílico de 8 a 30 meses), não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos de tratamento nas taxas gerais de complicações ou nas taxas de mortalidade em 30 ou 90 dias.

Por outro lado, os pesquisadores relataram que os pacientes que receberam NAT eram mais propensos a apresentar características patológicas pós-tratamento favoráveis. Incluindo menor tamanho do tumor, status de linfonodo negativo e taxas mais altas de remoção completa do tumor do que os pacientes submetidos à ressecção inicial.

Segundo Joe Hines, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em entrevista MedPage Today, o uso do NAT está rapidamente ganhando a aceitação da classe médica. Embora os ensaios clínicos que apoiam essa abordagem para o PDAC cirurgicamente ressecável não tenham sido relatados.

“Para pacientes com PDAC limítrofe/localmente avançado, o NAT é a melhor prática, oferecendo a possibilidade de downstaging para o paciente que está na expectativa de ressecção cirúrgica”, afirmou Hines. 

Por outro lado, os regimes quimioterápicos atuais, embora apresentem melhora em relação aos tratamentos anteriores, ainda são compostos por medicamentos tradicionais mais antigos, com respostas tumorais limitadas.

“Uma vez que os dados suportam NAT usando combinações tradicionais ou novos quimioterápicos, o NAT se tornará padrão para todos os pacientes com PDAC”, previu Hines.

Segundo o grupo liderado por Fernández-del Castillo, a associação desfavorável entre o desenvolvimento de uma fístula e a sobrevida global no grupo neoadjuvante foi independente da ocorrência de complicações graves, mais do que dobrando o risco. 

Os pesquisadores acrescentaram que o desenvolvimento de CR-POPF também foi um possível fator prognóstico independente para a sobrevida global. 

Ainda foi observado que a prevalência de textura pancreática macia foi menor na coorte NAT, em 7,5%, em comparação com 13,0% para o grupo de ressecção inicial. 

O parênquima pancreático macio é historicamente um dos principais fatores de risco associados ao CR-POPF. Os fatores que elevaram o risco de pacientes desenvolverem CR-POPF na coorte inicial, embora não na coorte de NAT, incluíram longa duração da cirurgia, pequeno tamanho do ducto e alta perda de sangue estimada intraoperatória. 

Em contraste, a presença de tecido pancreático macio no grupo NAT foi o único fator de risco que aumentou significativamente o risco de pacientes desenvolverem CR-POPF. Neste grupo, 38,5% dos pacientes identificados com tecido pancreático macio passaram a desenvolver um CR-POPF em comparação com 6,3% dos pacientes que não apresentaram tecido pancreático mole. 

 *Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

 

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