Caso clínico: Paciente com nodulação submandibular com crescimento evolutivo. O que será?

Paciente refere que a nodulação é indolor de forma geral, mas já sentiu dores agudas durante refeições, com melhora espontânea.

Homem, 38 anos, sem comorbidades. Procura atendimento médico referindo surgimento de nodulação em região submandibular esquerda há dois meses, com aumento progressivo. 

Refere ser indolor de forma geral, mas já sentiu dores agudas durante refeições, com melhora espontânea. Relata também que já teve diminuição de volume mas com posterior retorno de crescimento. 

Nega sinais flogísticos locais, febre ou sinais sistêmicos, assim como nodulações em outros locais. 

Ao exame físico: Pressão arterial 130 x 76 mmHg, frequência cardíaca 67 bpm, frequência respiratória 15 irpm, saturação de O2 98%. Normocorado, anictérico, hidratado e eupneico. 

Região cervical com presença de nodulação em região submandibular esquerda, formato arredondado e uniforme, de consistência fibroelástica, móvel, indolor e sem flogose. 

Ausculta cardíaca e respiratória: Sem alterações. 

Abdômen atípico e indolor, sem massas ou visceromegalias. 

Realizada inspeção de cavidade oral, demonstrando formação endurecida em assoalho bucal, abaixo da língua.

Quiz 1/

Qual hipótese diagnóstica ganha relevância no caso?

Comentários

A sialolitíase é uma causa significativa de aumento das glândulas salivares, geralmente com perfil benigno e sem maiores complicações. Pode acometer qualquer uma das glândulas salivares, mas as mais acometidas são as submandibulares. 

A formação do cálculo nos ductos e vias salivares ocorre pela formação de agregados proteicos e sais como o carbonato de cálcio, de forma que podem gerar obstrução nas vias salivares, causando aumento da glândula e restrição de fluxo de saliva. 

Geralmente a queixa do paciente é edema unilateral em topografia de uma das glândulas, podendo ter dor local tipicamente associada com a alimentação, pelo estímulo de secreção salivar. Normalmente não apresenta flogose local ou saída de secreção em cavidade oral, de forma que quando presentes, são sinais de alerta para infecção glandular. 

Importante destacar que, principalmente na litíase de vias glandulares submandibulares, pode ser palpado e até mesmo observado o cálculo no assoalho bucal, podendo variar bastante de tamanho. 

O diagnóstico geralmente é clínico, principalmente pelo profissional de odontologia, mas em casos duvidosos ou com sintomas atípicos, radiografias ou outros exames de imagem podem ser usados para elucidar o quadro. 

O tratamento pode ser cirúrgico ou não, dependendo do tamanho da litíase e sua topografia.  

O paciente em questão apresentava queixas clínicas típicas e sem sinais de contexto infeccioso ou sistêmico associados. Foi solicitada avaliação do serviço de odontologia que concordou com a hipótese diagnóstica de sialolitíase, com formação endurecida em assoalho bucal correspondendo ao cálculo na região distal do ducto de Wharton.  

Foi marcado retorno ambulatorial breve para a retirada do cálculo. 

Referências bibliográficas: 

  • Wilson KF, Meier JD, Ward PD. Salivary gland disorders. Am Fam Physician. 2014 Jun 1;89(11):882-8. PMID: 25077394. 
  • Hammett JT, Walker C. Sialolithiasis. 2022 Sep 26. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan–. PMID: 31751035.

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