Caso clínico: paciente com quadro de astenia, febre e calafrios

Quadro de astenia, febre vespertina diária (38-39ºC) e calafrios há seis meses, assim como perda ponderal de 15 kg.

Mulher, 20 anos, com diagnóstico prévio de LES, apresenta quadro de astenia, febre vespertina diária (38-39ºC) e calafrios há seis meses, assim como perda ponderal de 15 kg. Há três semanas, iniciou tosse, que piora à noite, com presença de expectoração purulenta, dor pleurítica e alguns episódios de hemoptise. Compareceu à avaliação médica trazendo consigo exames laboratoriais:

  • Hgb 9,6 g/dl
  • Leucócitos 7700 com 10% de bastões
  • Ureia 43 mg/dl
  • Creatinina 1,95 mg/dl
  • CR 2,60 mg/dl
  • PPD não reator

Ao exame, apresentava-se hipocorada (3+/4+), com PA 90 x 60 mmHg, Tax: 38,2ºC e, à ausculta pulmonar, MV reduzidos em ⅔ superiores do hemitórax esquerdo, com submacicez à percussão da mesma região, sem ruídos adventícios.

Está em uso de Prednisona 5mg, Hidroxicloroquina, Micofenolato e enalapril. Realiza dieta hipoproteica e com restrição a glúten. Refere que em sua casa há pombos e morcegos no quintal e na garagem, além de um cachorro não vacinado e que utiliza água de poço artesiano. Cartão de vacinação em dia.

É solicitado um raio-X de tórax:

raiox-casso clinico

 

Quiz 1/

Com essa imagem, alguns diagnósticos diferenciais foram pensados. Qual o conjunto de exames mais apropriado para melhor avaliação do quadro?

Comentários

O problema a ser avaliado é a presença de uma caverna em terço superior do pulmão em uma paciente jovem com febre noturna, sintomas respiratórios e emagrecimento. Neste cenário, as causas infecciosas se sobrepõem às neoplasias e tuberculose é o grande fantasma. Contudo, há outras doenças que podem causar caverna, como fungos e Nocardiose.

O exame de imagem de escolha para avaliar a lesão pulmonar em questão é, inicialmente, a TC, que é superior à RM e à radiografia ápico-lordótica. A cultura de escarro, que é o padrão ouro para diagnóstico de tuberculose pulmonar, junto ao exame direto (mais prático e rápido) também são obrigatórios, já que um dos diagnósticos diferenciais que deve ser pensado é a tuberculose, doença endêmica em nosso meio.

O exame direto (baciloscopia) tem uma sensibilidade que varia de 40 a 80%, e o número mínimo de bacilos necessários para produzir um esfregaço positivo tem sido estimado entre 5.000 a 10.000 por mL, logo, frente a um resultado negativo, há razoável probabilidade de resultados falso-negativos, não devendo o escarro ser solicitado isoladamente. Já o PPD não é indicado para o diagnóstico, principalmente nesse caso, pois a paciente em questão é vacinada com BCG, e a principal dificuldade da interpretação deste exame consiste em diferenciar pessoas infectadas pela TB e pessoas vacinadas com BCG.

Levando em consideração a lesão e o resultado dos novos exames, o que mais poderíamos solicitar para investigação do caso?

No lavado brônquico, o geneXpert MTB foi negativo e na cultura houve o seguinte crescimento:

caso clinico pebmed

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