Recém-nascidos de mães com pneumonia pelo novo coronavírus

Em recente carta publicada em 26 de março no JAMA Pediatrics, relatou-se estudo de coorte com recém-nascidos de mães com a doença pelo novo coronavírus.

Em recente carta denominada Neonatal Early-Onset Infection With SARS-CoV-2 in 33 Neonates Born to Mothers With Covid-19 in Wuhan, China publicada em 26 de março no JAMA Pediatrics, os pesquisadores Zeng e colaboradores relataram um estudo de coorte incluindo todos os recém-nascidos (RN) de mães com a doença pelo novo coronavírus (coronavirus disease of 2019 – Covid-19) no Hospital Infantil Wuhan, em Wuhan, Província de Hubei, China.

Paciente grávida recebe informações do médico acerca de recém-nascidos durante a pandemia de Covid-19.

Dados sobre coronavírus

Os dados relativos a dados demográficos, epidemiológicos e clínicos foram obtidos no sistema de registros médicos. Além disso, foram realizados testes de reação em cadeia da polimerase — transcriptase reversa em tempo real (real time reverse transcription polymerase chain reaction – RT-PCR) do novo coronavírus (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 — síndrome respiratória aguda grave de coronavírus 2 — SARS-CoV-2) (novo kit de diagnóstico de fluorescência por PCR de coronavírus) usando amostras de swabs nasofaríngeo e anal. Os dados foram coletados de janeiro a fevereiro de 2020. Todas as análises estatísticas foram realizadas no programa Stata® versão 15.0 (StataCorp®).

  • Os pesquisadores identificaram 33 RN de mães com Covid-19;
  • Três RN (9%) apresentaram Covid-19;
  • Dispneia foi a manifestação clínica mais comum (4 de 33 RN);
  • Os achados radiográficos foram inespecíficos;
  • Nenhum óbito foi relatado.

Em relação aos três RN detectados com Covid-19:

  • Paciente 1: nasceu com 40 semanas de idade gestacional (IG). O parto foi cesáreo, devido a líquido amniótico corado com mecônio. A mãe apresentou pneumonia por Covid-19. No segundo dia de vida, o bebê apresentou letargia e febre, sendo transferido para a unidade de terapia intensiva neonatal. A radiografia de tórax mostrou imagem de pneumonia. Outros exames laboratoriais (exceto procalcitonina) foram normais. Os swabs nasofaríngeo e anal foram positivos para SARS-CoV-2 nos dias 2 e 4 de vida e negativo no dia 6;
  • Paciente 2: nasceu com 40 semanas e 4 dias de IG. O parto foi cesáreo devido à pneumonia materna por Covid-19 confirmada. O RN apresentou letargia, vômito e febre, sendo o restante do exame físico normal. Os exames laboratoriais mostraram leucocitose, linfopenia e uma fração elevada de creatinaquinase-MB (CK-MB). A radiografia de tórax evidenciou pneumonia. Os swabs nasofaríngeos e anais foram positivos para SARS-CoV-2 nos dias 2 e 4 de vida e negativo no dia 6;
  • Paciente 3: nasceu com 31 semanas e 2 dias de IG. O parto foi cesáreo devido à sofrimento fetal e pneumonia materna por Covid-19 confirmada. Foi necessária reanimação neonatal. Os escores de Apgar da criança foram 3, 4 e 5 aos 1, 5 e 10 minutos, respectivamente, após o nascimento. O bebê apresentou síndrome do desconforto respiratório neonatal e pneumonia, confirmados pela radiografia de tórax na admissão. Ambas comorbidades foram resolvidas no dia 14 de vida após o tratamento com ventilação não invasiva, cafeína e antibióticos. O RN apresentou suspeita de sepse, com hemocultura positiva para Enterobacter, leucocitose, trombocitopenia e coagulopatia, respondendo ao tratamento com antibióticos. Os swabs nasofaríngeo e anal foram positivos para SARS-CoV-2 nos dias 2 e 4 de vida e negativas no dia 7.

Observações e resultados

Os pesquisadores enfatizaram que, consistentemente com estudos anteriores, os sintomas clínicos foram leves e os resultados, favoráveis. Dos 3 RN com Covid-19, o mais grave doente pode ter sido sintomático por prematuridade, asfixia e sepse, em vez da infecção por SARS-CoV-2 em si.

Zeng e colaboradores destacaram que, como os procedimentos rígidos de controle e prevenção de infecção foram implementados durante o parto, é provável que as fontes de SARS-CoV-2 nas vias respiratórias superiores ou nos ânus dos RN sejam de origem materna. Os pesquisadores relatam que, embora dois estudos recentes tenham mostrado que não houve achados clínicos ou investigações sugestivas de Covid-19 em RN de mães afetadas, e todas as amostras, incluindo líquido amniótico, sangue do cordão e leite materno, foram negativas para SARS-CoV-2, a transmissão materno-fetal vertical não pode ser descartada nessa coorte.

Leia também: Covid-19 e a criança com cardiopatia: posicionamento oficial conjunto de três sociedades

Conclusão

O estudo de Zeng e colaboradores salienta, portanto, que são cruciais o rastreio de gestantes e a implementação de medidas rigorosas de controle de infecção, quarentena de mães infectadas e monitoramento rigoroso de RN com risco de Covid-19.

Referências bibliográficas:

  • ZENG, L. et al. Neonatal Early-Onset Infection With SARS-CoV-2 in 33 Neonates Born to Mothers With Covid-19 in Wuhan, China. JAMA Pediatrics, 2020  doi:10.1001/jamapediatrics.2020.0878

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