Recomendações para mulheres com suspeita ou Covid-19 confirmado e recém-nascidos nas maternidades

Em muitos países, mulheres estão sendo separadas de seus bebês ainda na sala de parto, diante da suspeita ou confirmação de Covid-19. Saiba mais.

O início do aleitamento materno na primeira hora de vida confere inúmeros benefícios, inclusive são fortes fatores de proteção contra mortalidade neonatal. Entretanto, em muitos países, mulheres estão sendo separadas de seus bebês ainda na sala de parto, diante da suspeita ou confirmação de Covid-19.

Países como China, Índia, Japão, Indonésia, Tailândia, Malásia e outros implementaram rotinas hospitalares de prevenção de infecção contra Covid-19 impondo a separação entre mães e bebês pós parto, a nível que ambos permaneçam em quartos separados. Em alguns países, como a Malásia, o aleitamento materno foi proibido, inclusive a oferta de leite materno ordenhado, sendo recomendado o uso de leite artificial durante o curso da infecção materna. De todo modo, mesmo em casos em que a amamentação era permitida, a rotina de separação e isolamento da mãe imperava.

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Medidas de prevenção

As políticas de prevenção da infecção por Sars-Cov2 e as medidas de isolamento materno com suspeita ou confirmação da doença dentro das maternidades, possuem objetivo de minimizar os riscos da infecção em neonatos. Entretanto, essas práticas não consideram os danos agudos, comprovados cientificamente,  da separação entre mãe e bebê na saúde de ambos e estabelecimento da amamentação.

Os recém nascidos possuem um sistema imunológico completamente imaturo e vulnerável, e por sua vez o aleitamento materno confere a eles efeitos imunológicos e probióticos que previnem infecções. Por conterem componentes biologicamente ativos, propriedades antimicrobianas e antivirais, o leite materno confere uma barreira imunológica importante principalmente contra os quadros infecciosos de origem respiratória. 

É possível que a separação entre mães com Covid-19 e seus bebês recém nascidos comprometam a amamentação e aumentem o risco de infecções e mortes neonatais por outros agentes infecciosos. Dessa forma, os riscos da separação são infinitamente superiores aos seus benefícios para prevenção de Covid-19.  Esses impactos são ainda maiores em países com alto nível de pobreza.

As consequências da separação para saúde materna também é significativa, uma vez que não amamentar está associado aos maiores riscos quadros depressivos e risco de hemorragia pós parto, o que pode de certa forma aumentar o tempo de internação e sobrecarregar ainda mais o sistema de sáude em tempos de pandemia.

Posicionamento do CDC

Segundo o Centers for Desease Control Prevention (CDC), separar a mulher do seu bebê recém nascido na maternidade não garante menor exposição ao vírus, uma vez que os profissionais de saúde e o ambiente hospitalar também são potenciais transmissores e considerando que essa dupla receberá alta hospitalar, na maioria das vezes, antes da eliminação do vírus, que ocorre em 14 dias, em média. 

Diante das evidências atuais, o CDC recomenda que o recém nascido permaneça em alojamento conjunto com sua mãe, se ela assim desejar e ambos estiverem em condições de saúde para tal. O berço deve ser posicionado em uma distância de 1 a 2 metros da cama. A mulher e todos os cuidadores presentes devem respeitar as medidas de prevenção de infecção contra Covid-19, fazendo o uso de máscara por todo o tempo e higiene correta das mãos antes do contato com recém nascido.  

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Por fim, o CDC recomenda que todos os recém-nascidos de mães com suspeita ou confirmação de Covid-19 sejam testados com RT-PCR, independente dos sintomas maternos e se apresentarem sintomas da doença ou não, por volta das primeiras 24 horas após o nascimento. Em casos negativos, o teste deve ser realizado novamente dentro de 48hs. 

Referências bibliográficas:

  • Tomori, C; et al. When separation is not the answer: Breastfeeding mothers and infants affected by COVID-19. Matern Child Nutr. v. 16, 2020. doi: 10.1111/mcn.13033
  • Bartick, M. COVID-19: Separating infected mothers from newborns: Weighing the risks and benefits. Trends in Medicine.2020. 
  • Centers for Disease Control and Prevention. Coronavirus disease 2019 (COVID-19): Considerations for inpatient obstetric healthcare settings. Centers for Disease Control and Prevention.2020.
  • Davanzo, R., Moro, G., Sandri, F., Agosti, M., Moretti, C., & Mosca, F. Breastfeeding and coronavirus disease-2019: Ad interim indications of the Italian Society of Neonatology endorsed by the Union of European Neonatal & Perinatal Societies. Maternal & Child Nutrition, 2020. 

 

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