Recomendações para rastreamento de câncer de mama e ginecológico em pacientes transgêneros

A American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) publicou recomendações para o rastreamento de câncer de mama e ginecológico em pacientes transgêneros.

Os pacientes transgêneros têm o acesso ao sistema de saúde muitas vezes dificultado, além de sofrerem preconceito quando estão sob assistência. Deste modo, são pessoas mais susceptíveis ao diagnóstico tardio de patologias crônicas, com aumento de morbidade e mortalidade.

É necessário a criação de políticas de saúde, com o objetivo de prestar melhor assistência para essa população que ainda está marginalizada. A falta de dados, estudos e diretrizes para a população transgênera ainda é grande, por isso é crescente a procura por pesquisas envolvendo estes pacientes.

rastreamento de câncer de mama para transgêneros

Foto: Freepik

Câncer de mama em transgêneros

Recentemente foi publicado um artigo com recomendações para o rastreamento de câncer de mama e ginecológico em pacientes transgêneros, no American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). Os pesquisadores que desenvolveram tal artigo são da Johns Hopkins School of Medicine, e eles perceberam a necessidade de desenvolver diretrizes que envolvam esta população porque cada dia mais cirurgias e terapias hormonais são feitas para esses pacientes.

Não podemos esquecer que a maioria dos cânceres ginecológicos e de mama são hormônio-dependentes, e com o passar dos anos essas terapias são feitas mais precocemente para a população transgênera. Sendo assim, será que precisamos ter algum cuidado especial com estes pacientes?

Transgêneros masculinos

Os pacientes submetidos a terapia de masculinização normalmente querem realizar a mastectomia, e esse é o procedimento mais realizado nesta população. Porém, o procedimento é realizado somente com fim estético, deixando tecido mamário, o que não diminui o risco de câncer de mama nos pacientes transgêneros masculinos com mutações no BRCA1 e BRCA2. E normalmente, estes pacientes, não se sentem confortáveis em procurar mastologistas ou ginecologistas para avaliação das mamas, podendo, novamente, serem marginalizados e terem um diagnóstico de câncer de mama tardio.

Mesmo a histerectomia total com salpingectomia e ooforectomia bilateral sendo recomendada pela ACOG, estima-se que apenas uma pequena parte da população, que realiza a terapia de masculinização, seja submetida a tal procedimento. Alguns dados sugerem que isso aumente o risco de cânceres ginecológicos com o passar dos anos, principalmente nos pacientes com alto risco para estas neoplasias. Porém, esses dados ainda são insuficientes, e  mais pesquisas são necessárias para afirmar.

Leia também: Recomendações na abordagem da população LGBTQIA+ na Atenção Primária à Saúde

Acompanhamento

Os autores recomendam um acompanhamento da população transgênera quando se trata de rastreamento de câncer de mama e de cânceres ginecológicos da seguinte forma:

  • Mulher transgênero com alteração no BRCA1 e BRCA2, sem ter sido submetida a terapia de feminilização ainda – realizar avaliação clínica anual;
  • Mulher transgênero com alteração no BRCA1 e BRCA2, sob ou após terapia de feminilização – realizar rastreamento individualizado, de acordo com história familiar e seus fatores de risco;
  • Mulher transgênero sem alteração no BRCA1 e BRCA2, sob ou após terapia de feminilização – realizar mamografia a cada dois anos após os 50 anos e após cinco a dez anos de terapia hormonal;
  • Homem transgênero sem ter sido submetido a terapia de masculinização – deve ter seu rastreamento feito de acordo com seu BRCA1 e BRCA2, do mesmo modo que a mulher cisgênero;
  • Homem transgênero com ou sem alteração no BRCA1 e BRCA2, sob ou após terapia de masculinização – deve ter seu rastreamento feito anualmente após a mastectomia e com ultrassom de mamas realizado na avaliação.

Após uma grande reflexão, os autores concluem a necessidade de educação continuada para profissionais que prestam assistência à saúde. Além de educar a população em relação aos cuidados que devemos ter com a nossa saúde para prevenir o diagnóstico tardio de uma doença como o câncer de mama.

E mais do que nunca, os pesquisadores que prestam assistência para a população transgênera devem registrar seus dados e somá-los com de outros pesquisadores, pois esta é a única forma de melhorar a qualidade de assistência médica prestada a uma população que infelizmente ainda é muito marginalizada.

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Referências bibliográficas:

  • Bedrick BS, Fruhauf TF, Martin SJ, Ferriss JS. Creating Breast and Gynecologic Cancer Guidelines for Transgender Patients With BRCA Mutations. Obstet Gynecol. 2021 Dec 1;138(6):911-917. doi: 10.1097/AOG.0000000000004597. PMID: 34735408.

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