Reconhecendo crianças com menor risco de faringite estreptocócica

Pesquisadores do Boston Children’s Hospital testaram formas de distinguir faringites virais das causadas pelo estreptococo β-hemolítico do grupo A (EBGA).

Os pesquisadores Shapiro e colaboradores, do Boston Children’s Hospital, testaram, recentemente, uma forma objetiva de distinguir faringites virais das causadas pelo estreptococo β-hemolítico do grupo A (EBGA). Os resultados dessa pesquisa foram divulgados no artigo Identifying Patients at Lowest Risk for Streptococcal Pharyngitis: A National Validation Study, publicado no The Journal of Pediatrics.

Reconhecendo crianças com menor risco de faringite estreptocócica, estudo busca método para tal.

Faringite viral

De fato, a distinção entre ambos os casos de faringite pode ser bastante desafiadora, já que as manifestações clínicas podem se sobrepor. Com base nessa problemática, os pesquisadores objetivaram determinar a prevalência de características de doença viral em uma amostra nacional americana de crianças testadas para faringite por EBGA. Além disso, buscaram derivar um modelo de decisão para identificar pacientes com características de doença viral que apresentavam baixo risco de apresentar EBGA e para as quais testes laboratoriais poderiam ser evitados.

Métodos do estudo

Dessa forma, os pesquisadores conduziram um estudo de validação retrospectiva, usando dados de prontuários eletrônicos de pacientes com 3 a 21 anos de idade avaliados para odinofagia em uma rede nacional de clínicas de saúde (n = 67.127). Foi determinada a prevalência de características de doença viral em pacientes testados para o EBGA e um algoritmo de decisão foi desenvolvido para identificar pacientes com características de doença viral com baixo risco de apresentar EBGA (<15%).

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Resultados

Shapiro e colaboradores descreveram os resultados a seguir:

  • No geral, 54% dos pacientes tinham características de doença viral;
  • A rinorreia/secreção pós-nasal foi a característica viral mais prevalente [34,4%; Intervalo de confiança de 95% (IC 95%), 34,0% -34,8%], seguida de tosse (33,9%; IC 95%, 33,6% -34,3%) e rouquidão (16,5%; IC 95%, 16,2% -16,7%);
  • Entre os pacientes com características de doença viral, aqueles com 11 anos de idade ou mais sem exsudato tonsilar e sem adenopatia cervical ou com adenopatia cervical e sem febre foram identificados como de baixo risco para o EBGA. Este grupo compreendeu 34% dos pacientes com características de doença viral ou 19% de todos os pacientes testados para infecção por EBGA;
  • 32,6% dos pacientes foram positivos para EBGA. Destes, 27,5% foram identificados por teste rápido. Esse valor foi significativamente maior em pacientes sem sintomas virais (37,6%) do que naqueles com, pelo menos, um sintoma viral (28,3%), com probabilidade decrescente de infecção por EBGA conforme o aumento do número de sintomas virais.

A partir desses resultados, os pesquisadores enumeraram os seguintes preditores de teste negativo para EBGA:

  • Ausência de exsudato tonsilar;
  • Idade igual ou superior a 11 anos;
  • Ausência de linfadenopatia cervical anterior.

Os pacientes que apresentaram esses três critérios tiveram risco mais baixo de infecção por EBGA. Pacientes com idade igual ou superior a 11 anos, sem exsudato tonsilar, mas com linfadenopatia cervical anterior e sem febre também foram alocados no grupo de baixo risco. A prevalência de faringite por EBGA nesses dois subgrupos combinados foi de 13,1%.

Conclusão

Nesse estudo, Shapiro e colaboradores identificaram, portanto, um grupo de pacientes com baixa prevalência de EBGA que apresentam características de doença viral. Segundo os pesquisadores, esse grupo compreendia quase 1 em cada 5 crianças com odinofagia. Baseados em uma frequência de 12 milhões de consultas pediátricas por ano para faringite aguda nos Estados Unidos, os testes anteriores para o EBGA nessas crianças resultariam em, aproximadamente, 2,2 milhões a menos de testes por ano. De acordo com os autores, essas reduções podem economizar 2,9 milhões de dias de tratamento com antibióticos (com base em um curso de tratamento de 10 dias para aqueles que apresentam resultados positivos), considerando-se uma prevalência de 13%.

O estudo, portanto, é um avanço na identificação de pacientes com baixo risco de EBGA, o que pode melhorar o uso de testes apropriados e a também a prescrição racional de antibióticos para faringite.

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Referência bibliográfica:

SHAPIRO, D. J. et al. Identifying patients at lowest risk for streptococcal pharyngitis: A national validation study. J Pediatr. 2020 https://doi.org/10.1016/j.jpeds.2020.01.030

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