Refluxo Gastroesofágico Fisiológico e Doença do Refluxo Gastroesofágico do lactente: você sabe a diferença?

O diagnóstico diferencial por muitas vezes não é fácil, levando angústia aos pais. Cabe ao pediatra diferenciar, levando em consideração a história sobre os sintomas e o exame clínico.

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O refluxo gastroesofágico (RGE) afeta cerca de 60% dos lactentes, se iniciando por volta de 8 semanas de vida e se intensificando dos 2 aos 4 meses. Em 95% dos casos essa questão se resolve até o primeiro ano de vida. Em geral, é um processo fisiológico normal e autolimitado, que se caracteriza pelo retorno de conteúdo gástrico para esôfago e algumas vezes para vias aéreas superiores.

Lactentes saudáveis podem chegar a apresentar várias vezes ao dia episódios de RGE com duração menor que 3 minutos, sem que haja prejuízo no sono ou algum incômodo. Em especial no lactente, o RGE fisiológico é muito comum e pode ser seguido de episódios de regurgitação, pois trata-se de um distúrbio transitório gerado pela imaturidade do aparelho digestivo no primeiro ano de vida.

Já a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) se manifesta de forma mais agressiva levando a vômitos intensos, dificuldade de ganho ponderal, irritabilidade, dificuldade nas mamadas, recusa alimentar e manifestações extra-gastrointestinais como apneia obstrutiva. Alguns grupos de pacientes encontram-se sobre maior risco de desenvolve a DRGE como: prematuros, obesos, broncodisplásicos, neuropatas, além de pacientes com fibrose cística e malformações gastrointestinais.

O diagnóstico diferencial por muitas vezes não é fácil, levando angústia aos pais. Cabe ao pediatra diferenciar o RGE fisiológico da DRGE, levando em consideração dados da história sobre os sintomas e o exame clínico, determinando aqueles lactentes que necessitam ou não de intervenção medicamentosa ou investigação laboratorial e radiológica.

Para o diagnóstico da DRGE, além dos sintomas clínicos e do exame físico, podemos utilizar a endoscopia, que identifica os casos de esofagite, a pHmetria, o exame radiológico contrastado do esôfago, estômago e duodeno, que é útil para detectar anormalidades anatômicas como volvo, hérnias e estenoses, a USG abdominal, que mesmo com baixa sensibilidade pode fazer o diagnóstico de estenose hipertrófica de piloro e má rotação intestinal, entre outros métodos.

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Nos casos de RGE fisiológico do lactente, cabe ao profissional de saúde orientar e acalmar os pais, explicando que se trata de um processo fisiológico e autolimitado. A exposição passiva ao fumo deve ser coibida uma vez que a nicotina diminui a pressão do esfíncter esofágico inferior (EEI), levando ao aumento do número de episódios de RGE.

Medidas posturais e comportamentais também podem ajudar a reduzir o número de episódios: o lactente deve ser permanecer em posição vertical 30 minutos após a mamada, facilitando o esvaziamento gástrico; durante o sono, o bebê deve ser colocado em decúbito dorsal e com elevação da cabeceira em 30 graus. As técnicas de amamentação devem ser checadas e, em caso de erros, corrigidas. Orientações sobre o espessamento de fórmulas e fracionamento de dieta ainda são controversos, mas acredita-se que cerca de 60% dos casos podem se beneficiar com tais medidas.

Nos casos de DRGE, além das medidas posturais e comportamentais já citadas anteriormente, também se preconiza a exclusão da proteína do leite de vaca da dieta do lactente e, nos casos de aleitamento materno, esta proteína deve ser retirada da dieta materna. Para os pacientes que não responderam ao uso de fórmulas AR recomenda-se o uso de fórmulas extensamente hidrolisadas. A exclusão da proteína do leite de vaca se justifica pois os sintomas decorrentes de tal alergia podem se sobrepor aos da DRGE, tornando o diagnóstico diferencial uma tarefa difícil.

O tratamento farmacológico deve ser empregado apenas nos pacientes que não responderam a nenhuma das medidas citadas anteriormente, para os quais podemos incluir o uso de procinéticos, bromoprida, domperidona, antagonistas de receptor de histamina H1 e inibidores de bomba de prótons. Cabe salientar que o pediatra deve estar atento aos possíveis efeitos colaterais de cada droga, determinando a medicação que melhor se enquadra para cada paciente.

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