CirurgiaNOV 2016

Residência cirúrgica: o limite entre o cuidado integral do paciente e o cuidado com o residente

Classicamente, escutamos os residentes das especialidades cirúrgicas reclamarem que seus turnos de serviço são mais pesados que o de seus colegas clínicos.

0 visualizações
0 avaliações
2 minutos
Ler depois
Por Colunista
Capa do artigo

Classicamente, escutamos os residentes das especialidades cirúrgicas reclamarem que seus turnos de serviço são mais pesados que o de seus colegas clínicos. Além de longos e estressantes plantões de emergência, visitas e rounds nas enfermarias e algumas horas de ambulatório comuns, às diferentes áreas médicas somam-se períodos inteiros de pé no centro cirúrgico. E não estamos incluindo as horas de estudos das doenças e das técnicas cirúrgicas.

500x120-assinatura

Para evitar a fadiga dos médicos em formação existem regulamentações, não só para o tempo máximo semanal de permanência no hospital, como também de descanso após cada plantão noturno, isso de forma geral, sem diferenças entre as especialidades clínicas e cirúrgicas.

No Brasil, a regra é de 60h semanais com direito a 6h de descanso imediatamente após cada plantão noturno de 12h (Lei 6.932 de 7/7/1981 / Resolução CNRM nº 1 de 16/6/2011 alterada pela Resolução CNRM nº 1 de 03/07/2013). Nos Estados Unidos, o tempo máximo de trabalho semanal é de 80h com restrições específicas para tempo de plantão, sobreaviso noturno e intervalo entre turnos. Tais restrições são estipuladas para evitar erros médicos relacionados à fadiga, porém a aderência rígida a tais restrições gerou preocupações a cerca da quebra da continuidade do cuidado ao paciente.

Veja também: ‘Cirurgiões que não se comunicam sobre efeitos adversos sofrem mais’

A fim de avaliar tal questão, pesquisadores da Sociedade Médica de Massachusetts randomizaram 117 residentes de programas de cirurgia geral em dois grupos distintos. O primeiro grupo manteve as restrições na carga horária e o segundo teve uma política mais flexível com turnos mais longos e menos tempo de descanso entre eles, apesar de manter o máximo de 80h semanais de trabalho.

Durante o tempo da pesquisa, a taxa de complicações maiores e morte pós-operatórias foi exatamente a mesma nos dois grupos. A partir de questionários, os residentes reportaram semelhantes níveis de bem-estar e satisfação com o treinamento, porém os que estavam no grupo com maiores restrições na carga horária relataram insatisfação com a continuidade do cuidado com seus pacientes e perceberam um efeito negativo dessas restrições no seu treinamento e experiência cirúrgica. Entretanto, esses residentes aparentam estar mais satisfeitos com o tempo dispendido para descanso com família e amigos.

A conclusão da pesquisa não nos surpreende: períodos prolongados de trabalho permitem que o residente acompanhe seus pacientes de forma integral, mas reduzem o tempo que eles tem para cuidarem de si mesmos.

natalia-verdial

As melhores condutas médicas você encontra no Whitebook. Baixe o aplicativo #1 dos médicos brasileiros. Clique aqui!

250-BANNER2

Referências:

  • https://www.jwatch.org/na40490/2016/02/11/should-surgical-residency-duty-hour-restrictions-be

Classicamente, escutamos os residentes das especialidades cirúrgicas reclamarem que seus turnos de serviço são mais pesados que o de seus colegas clínicos. Além de longos e estressantes plantões de emergência, visitas e rounds nas enfermarias e algumas horas de ambulatório comuns, às diferentes áreas médicas somam-se períodos inteiros de pé no centro cirúrgico. E não estamos incluindo as horas de estudos das doenças e das técnicas cirúrgicas.

500x120-assinatura

Para evitar a fadiga dos médicos em formação existem regulamentações, não só para o tempo máximo semanal de permanência no hospital, como também de descanso após cada plantão noturno, isso de forma geral, sem diferenças entre as especialidades clínicas e cirúrgicas.

No Brasil, a regra é de 60h semanais com direito a 6h de descanso imediatamente após cada plantão noturno de 12h (Lei 6.932 de 7/7/1981 / Resolução CNRM nº 1 de 16/6/2011 alterada pela Resolução CNRM nº 1 de 03/07/2013). Nos Estados Unidos, o tempo máximo de trabalho semanal é de 80h com restrições específicas para tempo de plantão, sobreaviso noturno e intervalo entre turnos. Tais restrições são estipuladas para evitar erros médicos relacionados à fadiga, porém a aderência rígida a tais restrições gerou preocupações a cerca da quebra da continuidade do cuidado ao paciente.

Veja também: ‘Cirurgiões que não se comunicam sobre efeitos adversos sofrem mais’

A fim de avaliar tal questão, pesquisadores da Sociedade Médica de Massachusetts randomizaram 117 residentes de programas de cirurgia geral em dois grupos distintos. O primeiro grupo manteve as restrições na carga horária e o segundo teve uma política mais flexível com turnos mais longos e menos tempo de descanso entre eles, apesar de manter o máximo de 80h semanais de trabalho.

Durante o tempo da pesquisa, a taxa de complicações maiores e morte pós-operatórias foi exatamente a mesma nos dois grupos. A partir de questionários, os residentes reportaram semelhantes níveis de bem-estar e satisfação com o treinamento, porém os que estavam no grupo com maiores restrições na carga horária relataram insatisfação com a continuidade do cuidado com seus pacientes e perceberam um efeito negativo dessas restrições no seu treinamento e experiência cirúrgica. Entretanto, esses residentes aparentam estar mais satisfeitos com o tempo dispendido para descanso com família e amigos.

A conclusão da pesquisa não nos surpreende: períodos prolongados de trabalho permitem que o residente acompanhe seus pacientes de forma integral, mas reduzem o tempo que eles tem para cuidarem de si mesmos.

natalia-verdial

As melhores condutas médicas você encontra no Whitebook. Baixe o aplicativo #1 dos médicos brasileiros. Clique aqui!

250-BANNER2

Referências:

  • https://www.jwatch.org/na40490/2016/02/11/should-surgical-residency-duty-hour-restrictions-be

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

ColunistaColunista