Retrospectiva 2021 – Sepse

Separamos 10 interessantes tópicos sobre sepse que foram publicados no Portal PEBMED ao longo de todo 2021. Confira.

Sepse foi um tópico bastante abordado no nosso portal ao longo de 2021. Tivemos a semana da sepse em setembro, em comemoração ao Dia Mundial da Sepse (13 de setembro), além de ampla cobertura do lançamento das novas Guidelines do Surviving Sepsis Campaign divulgados em 2 de outubro de 2021.  

Abaixo, separamos 10 interessantes tópicos sobre o assunto, publicados aqui no Portal PEBMED ao longo de 2021!

Cuidados iniciais na sepse e choque séptico: Guidelines 2021 – Surviving Sepsis Campaign  

  •  Sepse e choque séptico são emergências médicas! Inicie o tratamento e a ressuscitação de forma imediata; 
  • Expansão volêmica de, no mínimo, 30 ml/kg de cristaloides nas primeiras três horas de ressuscitação, em pacientes com evidência de hipoperfusão pela sepse ou choque séptico;
  • Visando guiar a ressuscitação volêmica, dê preferência ao uso de medidas dinâmicas de fluidorresponsividade em detrimento à somente exame físico ou parâmetros estáticos; 
  • Utilize a redução do lactato como meta para guiar a ressuscitação em pacientes com lactato elevado (não deixe de considerar o contexto clínico e outras causas para elevação do lactato); 
  • E, por último, a novidade da guideline. Utilize o tempo de enchimento capilar para guiar a ressuscitação, como adjuvante a outras medidas de perfusão!

Veja mais em: Guidelines da Surviving Sepsis Campaign 2021

Terapia Antimicrobiana na sepse: devemos começar em 1 hora? 

De acordo com as Guidelines do Surviving Sepsis Campaign 2021, a recomendação em pacientes com sepse confirmada ou muito provável é início imediato de antibióticos. Para os sem confirmação de infecção, os pacientes com possível sepse, sem choque, devem ser avaliados para causas infecciosas e não infecciosas, para determinar em até 3h se antibióticos devem ser administrados ou não. Para os com potencial choque séptico, antibióticos devem ser administrados em até 1h.

Veja mais em: 

Qual papel do qSOFA na sepse? 

  • O qSOFA não deve ser usado como screening para diagnóstico de sepse; 
  • O qSOFA está ligado à maior mortalidade e maior tempo de internação em UTI, sendo marcador de pior desfecho, quando positivo; 
  • Um qSOFA negativo não exclui sepse;
  • Avalie dados clínicos e da história do paciente. Se suspeita alta para disfunção orgânica associada à infecção, continue a investigação e conduza como sepse até que se prove o contrário.

Veja mais em: 

Meu paciente séptico é cardiopata ou renal. Devo expandir a volemia? 

  • A ressuscitação volêmica inicial no atendimento do paciente séptico é componente crítico do Bundle da Primeira Hora e desempenha papel importante na restauração da perfusão dos pacientes com hipoperfusão induzida pela sepse; 
  • Não avalie de forma isolada comorbidades. A ressuscitação volêmica inicial está recomendada para todo paciente séptico.  
  • Acompanhe a tolerância aos fluidos durante a terapia e utilize métodos dinâmicos para predição da fluidorresponsividade, visando guiar etapas posteriores de fluidos. 

Veja mais: 

Quando e como usar a noradrenalina precoce na sepse?  

  • Uso precoce da noradrenalina na sepse: ponto importante do “Bundle da Primeira Hora da Sepse”. Devemos iniciar a noradrenalina precoce, ainda durante a ressuscitação volêmica, nos pacientes que permanecem hipotensos (PAM < 65 mmHg).  
  • Lembre dos cuidados com a infusão da noradrenalina na veia periférica. Não aguarde a punção do acesso venoso central para início da droga.   
  • Diagnósticos podem esperar, mas as células não! Restaure a perfusão orgânica o quanto antes! Salve a célula! 

Veja mais:  

A Covid-19 é considerada sepse? Do que morrem os pacientes com Covid-19? 

 Durante o Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI), ocorrido em novembro de 2021, a Dra. Flávia Machado explicou que a Covid-19 grave é um exemplo clássico de sepse viral, uma vez que definimos sepse como infecção associada à disfunção orgânica.  

Sepse viral mata! E despertou ações e comoções no mundo inteiro nesses últimos dois anos de pandemia. Mas não podemos esquecer da sepse endêmica (não Covid-19), já presente anteriormente à pandemia, que mata 11 milhões de pessoas ao ano.

Como os pacientes com Covid-19 morrem? 

Ponto interessante porque nosso senso comum observacional é acreditar que boa parte desses pacientes foi à óbito por hipoxemia severa pela natureza da inflamação pulmonar na Covid-19 grave. Vamos observar alguns dados interessantes: 

Estudo indiano (país de recurso limitado), publicado em 2021, mostrou que a principal causa de morte na população de pacientes com sepse por Covid-19 foi disfunção de múltiplos órgãos (55,1%), seguido de hipoxemia severa (25,5%). Diferente da ideia que pacientes com Covid-19 grave tinham uma maior prevalência da hipoxemia severa como causa imediata para o óbito. 

A Dra. Flávia também trouxe dados ainda não publicados do seu serviço em São Paulo. Um total de 645 pacientes foram analisados, com taxa total de mortalidade de 42,4%. A principal causa de óbito foi choque refratário (65,1%), seguido de disfunção de múltiplos órgãos (13,8%). A hipoxemia refratária aparece apenas com 5,9%. O percentual de sepse secundária por complicação bacteriana foi de 33,5%. 

Esses dados reforçam a ideia de que tais pacientes graves estão morrendo de sepse, seja ela viral no insulto inicial ou bacteriana no cenário de complicação secundária.

Veja mais: 

O manejo da sepse por Covid-19 é diferente? 

  • Covid-19 grave é sepse. Devemos encarar e tratar dessa forma! 
  • As infecções bacterianas e fúngicas são complicações frequentes da Covid-19 e contribuem significativamente com maior mortalidade.
  • As estratégias preventivas para redução de IRAS (infecção relacionada à assistência à saúde) são muito valiosas na redução da mortalidade na sepse por Covid-19; 
  • Em princípio, os pacientes sépticos com Covid-19 devem ser tratados com estratégias semelhantes aos pacientes sépticos sem Covid-19.

Veja mais: 

O que pode te ajudar no tratamento do paciente séptico? 

 O manejo do paciente séptico é muito desafiador e deverá seguir sendo por muito tempo. Além de pensar no bundle de uma hora e na estabilização clínica inicial, que deve ser agressiva e precoce, precisamos olhar além e pensar em como esse oxigênio chega e é extraído pelos tecidos. Caso isso não aconteça, o paciente mostrará uma falsa cortina de estabilidade, que vai culminar com a deterioração clínica, às vezes irreversível. 

Nesse contexto, parâmetros simples e que podem ser obtidos na beira do leito ou com um simples gasômetro podem nos dar essas respostas. Respostas essas que são amplamente validadas na literatura e que não demonstraram superioridade de um método sobre o outro, mas que são valiosas quando somadas em um entendimento mais amplo de cada fase do processo.

Veja mais em: 

Recomendações para prevenção de infecções pós parto evitando a sepse puerperal

  • Evitar depilação antes parto; 
  • Aparar pelos mais próximo possível do procedimento, se cesárea; 
  • Assepsia com sabão ou clorexidina (ainda não há evidências de benefício de um sobre o outro);
  • Controle glicêmico durante o parto (níveis menores que 200 mg/dl); 
  • Screening e tratamento de vaginose bacteriana pré-parto; 
  • Preparo pele pré-incisão com soluções alcoólicas. O uso de clorexidina 4% vaginal antes do início da cesárea tem diminuído o índice de endometrite; 
  • Diminuir ao máximo os toques vaginais; 
  • Evitar monitorização interna fetal;
  • Em partos operatórios utilizar antibiótico profilático uma hora antes (observar adequação de acordo com peso paciente, uma vez que alguns requerem esse ajuste); 
  • Evitar extração manual da placenta; 
  • Lavagem rigorosa das mãos, uso de técnicas assépticas rigorosas e diminuição de circulação de pessoas na sala de parto.

Veja mais em:  

Dia Mundial da Sepse em 2021 sob o olhar da pediatria

Em comemoração ao “Dia Mundial da Sepse”, o American Journal of Physiology-Lung Cellular and Molecular Physiology publicou, recentemente, o artigo A pediatric perspective on World Sepsis Day in 2021: leveraging lessons from the pandemic to reduce the global pediatric sepsis burden? de Schlapbach e colaboradores. O objetivo foi ressaltar os impactos da sepse durante a pandemia de Covid-19 sob uma perspectiva da pediatria. 

Os pesquisadores frisam que há necessidade de se desenvolver sistemas de educação em saúde para melhoria dos cuidados de crianças com sepse. Para implementar a resolução da Organização Mundial da Saúde (OMS) que confirma a urgência em se melhorar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da sepse, é imperativo desenvolver sistemas de educação de saúde que apliquem princípios de intervenções ágeis, orientadas por dados e eficazes para reduzir o estorvo da sepse em crianças.

Veja mais em:

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades