Revisão sistemática avalia melhor tratamento da osteoartrite dos joelhos e quadris

A osteoartrite (OA) é uma doença articular frequente na população idosa, capaz de causar dor e disfunção. Saiba mais no Portal PEBMED.

A osteoartrite (OA) é uma doença articular frequente na população idosa, capaz de causar dor e disfunção. Tanto os joelhos quanto os quadris são frequentemente acometidos. O tratamento dessa condição consiste na reabilitação associada ao tratamento farmacológico para controle da dor. Dentre as classes de medicamentos utilizados, destacam-se os analgésicos comuns, os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e os opioides. 

Recentemente, observamos um aumento significativo do uso de opioides para o tratamento da OA, o que gera preocupação. O uso dessa classe para tratamento de dor musculoesquelética aumentou em 70% entre 2001 e 2010. Estudos americanos e britânicos relatam que essas medicações são prescritas para 71% e 84% dos casos de osteoartrite, respectivamente.

Saiba mais: Osteoartrite de joelho: infiltração com ácido hialurônico vs plasma rico em plaquetas

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Estudo sobre o tratamento da osteoartrite

De modo a produzir evidências que auxiliem na melhor tomada de decisão nesse contexto, Costa et al. conduziram uma revisão sistemática e meta-análise em rede para avaliar a efetividade e segurança de diferentes preparações e doses de AINEs, paracetamol e opioides no tratamento da osteoartrite de joelhos e quadris.

Métodos 

Trata-se de uma revisão sistêmica e meta-análise em rede. Foram utilizados os procedimentos usuais para condução de estudos dessa natureza. 

Para serem incluídos, os estudos deveriam incluir qualquer uma das seguintes intervenções: AINEs, opioides, paracetamol ou placebo. Estudos que incluíram outros tipos de osteoartrite só seriam analisados se a população de osteoartrite de joelho e quadril confirmada correspondesse a ≥75% dos sujeitos. Além disso, era necessário que o estudo incluísse pelo menos uma medida de seguimento para dor e alguma outra medida funcional relacionada à dor (algofuncional). Apenas estudos com >100 participantes foram incluídos. 

O desfecho primário avaliado foi dor. Caso o estudo relatasse mais de um método para avaliação de dor, seria seguida uma lista hierárquica contendo 10 escalas, através da qual seria definido qual o método a ser utilizado. Esse desfecho foi analisado em apenas 2 momentos: 6 semanas (análise primária) e 12 semanas (análise de sensibilidade). 

O desfecho secundário analisado foi funcionalidade. Uma estratégia semelhante à anterior foi utilizada para os estudos que utilizaram mais de uma escala para análise da funcionalidade. 

Com relação à segurança, o desfecho de segurança principal foi a interrupção do tratamento por eventos adversos. Outros desfechos analisados foram a presença de qualquer evento adverso e eventos adversos graves (admissão hospitalar, prolongamento de internação hospitalar, disfunção grave ou persistente, malformação congênita de prole, eventos ameaçadores da vida e morte).

Resultados 

Das 21.713 referências triadas, 153 foram elegíveis. Foram acrescentadas mais 28 publicações relevantes obtidas através de listas de referências. No final, foram analisadas 181 publicações com dados de 192 estudos. 

Foram incluídos 102.829 participantes, submetidos a 90 diferentes intervenções ativas (68 AINEs, 19 opioides e 3 paracetamol). A idade média variou de 48 a 72 anos, com percentual de pacientes do sexo feminino variando de 13-91%. A duração mediana de diagnóstico de OA foi de 6,6 (5,3-8,6) anos e mediana de dor basal na escala visual analógica foi de 6,5 (5,7-7,0). O seguimento mediano foi de 8,6 (6-12) semanas. 

Com relação ao desfecho primário, cinco AINEs apresentaram uma probabilidade ≥99% de uma redução da dor superior à redução minimamente significativa: diclofenaco 150 mg/dia, etoricoxibe 60 e 90 mg/dia e rofecoxibe 25 e 50 mg/dia); já o diclofenaco tópico (70-81 e 140-160 mg/dia) apresentou uma probabilidade ≥92,3%. Todos os opioides apresentaram uma probabilidade ≤53% de reduzirem a dor acima da redução minimamente significativa. 

Todas as intervenções melhoraram a funcionalidade, exceto por duas: nabumetona 1000 mg/dia e paracetamol <2000 mg/dia. Quando comparadas ao placebo, 76,9% das intervenções com AINEs via oral, 33,3% das com AINEs tópicos, 30,8% das com opioides e 33,3% das com paracetamol foram superiores ao placebo. 

A taxa de interrupção do tratamento devido a eventos adversos foi a seguinte: 18,5% para AINEs orais, 0% para AINE tópico e 83,3% para opioides. A oximorfona 80 mg/dia foi a que apresentou maior probabilidade de interrupção por eventos adversos.

Comentários 

Os autores concluíram que o diclofenaco 150 mg/dia e o etoricoxibe 60 mg/dia parecem ser os mais eficazes no tratamento da osteoartrite de joelhos e quadris. No entanto, essas medicações não devem ser utilizadas indiscriminadamente, devido à idade mais avançada e à presença de comorbidade em muitos pacientes acometidos por essas doenças. Além disso, eles sugerem que os AINEs tópicos são eficazes e geralmente mais seguros, uma vez que apresentam baixa absorção sistêmica; desse modo, devem ser considerados como primeira linha de tratamento na osteoartrite. 

Os opioides apresentaram eficácia moderada, na melhor das hipóteses, com alto risco de eventos adversos. Dessa forma, se benefício não supera seu risco e seu uso deve ser drasticamente restringido.

Referências bibliográficas:

  • Costa BR, Pereira TV, Saadat P, et al. Effectiveness and safety of non-steroidal anti-inflammatory drugs and opioid treatment for knee and hip osteoarthritis: network meta-analysis. BMJ 2021;375:n2321. doi10.1136/bmj.n2321

 

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