Risco cardiovascular em mulheres perimenopausa

Estudos têm acompanhando mulheres perimenopausa nas últimas décadas para distinguir o incremento de risco de doenças cardiovasculares.

Com o aumento da expectativa de vida, a mulher atual passa aproximadamente 40% da sua vida no período pós-menopausa e neste período ocorre um importante aumento do risco de doenças cardiovasculares. Grandes estudos longitudinais acompanhando mulheres perimenopausa nas últimas décadas têm tentado distinguir o quanto desse incremento de risco é ocasionado pela menopausa e o quanto pela própria idade e em que situações podemos e devemos agir para uma longevidade mais saudável. 

A American Heart Association (AHA) publicou em 30 de novembro uma declaração a fim de alertar sobre as mudanças cardiometabólicas que ocorrem no climatério. Menopausa é um diagnóstico retrospectivo em mulheres que completam 12 meses sem menstruar por falência ovariana e em média ocorre em torno dos 50 anos. É considerada prematura quando antes dos 40 anos. Durante o climatério, período de transição entre a fase reprodutiva e a menopausa, já temos uma grande queda dos hormônios femininos, podendo levar a irregularidades do ciclo, sintomas vasomotores, alteração de humor e aumento do risco cardiovascular. Dado curioso é que mulheres com primeiro evento cardiovascular antes de 35 anos, apresentam o dobro de chance de uma menopausa precoce, podendo significar uma associação bidirecional.

Mulheres com menopausa mais tardia apresentam maior expectativa de vida, maior densidade mineral óssea, menor mortalidade por doenças cardiovasculares, apesar de um incremento de morte por câncer de mama e ovário. A menopausa precoce é um marcador de risco cardiovascular e pode estar associada a alguns fatores como raça (negra, hispânica), tabagismo, ciclos menstruais curtos e baixa paridade. Quando de forma iatrogênica (salpingooforectomia bilateral), associa-se a um risco ainda maior e na ausência de contraindicação deve se associar a reposição hormonal até a idade em que ela deveria ocorrer naturalmente. Os estudos não mostram aumento de risco quando realizada histerectomia sem ooforectomia. 

A AHA afirma que os sintomas vasomotores se associam a piores níveis dos marcadores de doença cardiovascular e aterosclerose subclínica. Assim como o aumento da adiposidade central e perda de massa magra típicas do climatério apresentam maior risco de mortalidade, mesmo quando IMC normal. Aumento de LDL, síndrome metabólica, remodelamento vascular nesta fase são mais decorrentes das alterações climatéricas que da idade propriamente dita. E um alto nível de HDL não necessariamente significa bom status cardiovascular. 

Mulheres perimenopausa

Janela de oportunidade para mulheres perimenopausa

Na ausência de contraindicações, a terapia de reposição hormonal deve ser administrada a pacientes menopausadas que apresentem sintomas relacionados ao climatério e principalmente em pacientes com menopausa precoce. Benefícios são vistos quando introduzida a TRH antes dos 60 anos e em mulheres que cessaram a menstruação há menos de 10 anos (preferencialmente nos primeiros 5 anos). Se introduzida fora desta janela de oportunidade a reposição exerce efeito contrário, podendo levar a aumento de risco cardiovascular. Deve haver benefício também em realizar reposição hormonal em pacientes sintomáticas já na perimenopausa, porém os estudos atuais avaliaram apenas mulheres que já eram menopausadas.

Mudança do estilo de vida 

Infelizmente, a minoria das mulheres apresentam alimentação adequada, prática de exercício físico dentro do recomendado (150 minutos de atividade moderada por semana). Ambas medidas devem ser fortemente estimuladas, pois reduzem: ganho de peso, níveis de triglicérides, pressão arterial, glicemia e aterosclerose. 

Mensagem prática 

A doença cardiovascular é a principal causa de morte em mulheres no Brasil e em países desenvolvidos e tem seu risco aumentado após menopausa. É grande papel do ginecologista orientar hábitos saudáveis, avaliar as pacientes com indicação de reposição hormonal e realizar essa terapia dentro da janela de oportunidade a fim de trazer melhor qualidade de vida e diminuir o risco cardiovascular destas mulheres. 

Referências bibliográficas: 

  • © 2020 American Heart Association, Inc. 
  • Menopause Transition and Cardiovascular Disease Risk: Implications for Timing of Early Prevention: A Scientific Statement From the American Heart Association Volume 142, Issue 25, 22 December 2020; Pages e506-e532 
  • https://doi.org/10.1161/CIR.0000000000000912

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