Risco de AVC subsequente em pacientes que receberam atendimento ambulatorial ou internação por ataque isquêmico transitório

Há uma preocupação na correlação entre a ocorrência do ataque isquêmico transitório e o aumento do risco de um AVC isquêmico.

O caso clínico é clássico: paciente de 65 anos, diabético e hipertenso, dá entrada no pronto-socorro referindo hemiparesia à esquerda e afasia motora iniciadas há poucos minutos. Durante o trajeto entre sua casa e o hospital ocorreu reversão completa do déficit neurológico. Muito provavelmente trata-se de um ataque isquêmico transitório (AIT). 

A grande preocupação é a correlação entre a ocorrência de um ataque isquêmico transitório e o aumento do risco de desenvolvimento de um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. Desse modo, nos questionamos sobre qual é o melhor cenário clínico para investigação desse evento isquêmico agudo: internação hospitalar ou acompanhamento ambulatorial. Em revisão sistemática com metanálise publicada no Journal of American Medical Association (JAMA) em janeiro de 2022, tentou-se responder à essa pergunta.

ataque isquêmico transitório

Desenho do estudo 

Trata-se de revisão sistemática com metanálise incluindo estudo que avaliaram a ocorrência de AVC isquêmico (AVCi) após um ataque isquêmico transitório ou AVCi minor (não incapacitante). Os pacientes do estudo foram atendidos em clínicas especializadas de Neurologia, departamento de emergência ou internação hospitalar, sendo avaliados em relação ao segundo, sétimo, trigésimo e nonagésimo dias após o evento. 

A análise incluiu 226.683 pacientes (71 artigos entre 1981 e 2018), sendo que 5.636 receberam atendimento em clínicas especializadas, 130.139 em unidades de internação hospitalar, 3.605 em departamentos de emergência e 87.303 em ambiente não especificado.

Desenho do estudo 

Trata-se de revisão sistemática com metanálise incluindo estudo que avaliaram a ocorrência de AVC isquêmico (AVCi) após um ataque isquêmico transitório ou AVCi minor (não incapacitante). Os pacientes do estudo foram atendidos em clínicas especializadas de neurologia, departamento de emergência ou internação hospitalar, sendo avaliados em relação ao segundo, sétimo, trigésimo e nonagésimo dias após o evento. 

A análise incluiu 226.683 pacientes (71 artigos entre 1981 e 2018), sendo que 5.636 receberam atendimento em clínicas especializadas, 130.139 em unidades de internação hospitalar, 3.605 em departamentos de emergência e 87.303 em ambiente não especificado.

Resultados 

Entre os pacientes tratados em clínicas neurológicas especializadas, o risco de AVC subsequente foi de 0,3% (IC95%, 0,0-1,2%) em dois dias, 1,0% (IC95%, 0,3%-2,0%) em sete dias, 1,3% (IC95%, 0,4%-2,6%) em 30 dias e 2,1% (IC95%, 1,4%-2,8%) em 90 dias. Entre os pacientes internados, o risco foi de 0,5% (IC95%, 0,1%-1,1%) em dois dias, 1,2% (IC95%, 0,4%-2,2%) em 7 dias, 1,6% (IC95%, 0,6%-3,1%) em 30 dias e 2,8% (IC95%, 2,1%-3,5%) em 90 dias. Não houve significância estatística quando comparados os riscos de pacientes internados ou acompanhados ambulatorialmente.

Leia também: Principais pontos da diretriz da AHA sobre prevenção de AVC em paciente com AIT

Mensagem prática 

Frente a um quadro de AIT é fundamental definir a etiologia desse evento e determinar estratégias de prevenção secundária ao AVC. Quando dados robustos como o desse trabalho favorecem uma estratégia de acompanhamento ambulatorial conseguimos reduzir o tempo de permanência hospitalar de forma segura e econômica. 

Vale ressaltar que esse estudo avaliou como “acompanhamento ambulatorial”, o atendimento prestado aos pacientes em clínicas que contam com equipe de Neurologia vascular, voltados para a avaliação e acompanhamento a longo prazo de eventos isquêmicos agudos, diferindo do perfil de atendimento ambulatorial em nosso país.  

Outro dado importante desse estudo é que os pacientes que receberam alta após um ataque isquêmico transitório direto do departamento de emergência eram menos propensos a manter o acompanhamento adequado e realizar exames de imagem ou receberam a terapia medicamentosa adequadamente.

Referências bibliográficas:

  • Shahjouei S, Li J, Koza E, et al. Risk of Subsequent Stroke Among Patients Receiving Outpatient vs Inpatient Care for Transient Ischemic Attack – A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA Network Open. 2022;5(1):e2136644. doi:10.1001/jamanetworkopen.2021.36644
  • Lavallée P, Amarenco P. TIA clinic: a major advance in management of transiente ischemic attacks. Front Neurol Neurosci. 2014;33:30-40. doi: 10.1159/000351890. Epub 2013 Oct 11. PMID: 24157555. 

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