Risco de câncer de endométrio em mulheres assintomáticas baseado na espessura ultrassonográfica

Foi desenvolvido uma revisão sistemática e metanálise que avaliou o risco de CE e HEA em mulheres pós-menopausa assintomática.

Uma metanálise foi publicada no dia 3 de agosto de 2022 no International Journal of Obstetrics ang Gynecology e desenvolvida por um grupo de autores, cujo autor principal é da University of Catania, na Itália. O objetivo dessa revisão foi avaliar o risco de carcinoma endometrial (CE) e hiperplasia endometrial atípica (HEA) em mulheres pós-menopausa assintomáticas baseado na espessura do endométrio (EE) medida a partir da ultrassonografia transvaginal (USTV). 

câncer de endométrio

Background

Carcinoma endometrial é o câncer ginecológico mais prevalente em países desenvolvidos. Sua apresentação clínica na maioria das vezes é a partir de sangramento vaginal pós-menopausa e/ou espessamento endometrial ultrassonográfico. 

A maioria dos guidelines orientam que na presença de sangramento pós-menopausa, seja realizado o exame ultrassonográfico e como ponto de corte, para maiores investigações endometriais, se adote a EE de quatro ou cinco milímetros. Por outro lado, em casos mais raros, o CE e a HEA são diagnosticados em mulheres assintomáticas (sem sangramento). Nesses casos, a literatura não estabelece um ponto de corte de EE ao ultrassom que conduzisse a maiores investigações. 

Apesar de não haver recomendações para solicitar USTV de rotina em mulheres pós-menopausa, muitas vezes esses exames são solicitados por queixas outras e o ginecologista se depara com o espessamento endometrial. Em 2004, Smith-Bindman et al. Propuseram o ponto de corte de 11 mm (EE ao USTV em mulheres assintomáticas) para que seja solicitado uma biópsia. 

Métodos

Foi desenvolvida uma revisão sistemática e metanálise que avaliou o risco de CE e HEA em mulheres pós-menopausa assintomáticas e estimou a acurácia da ultrassonografia transvaginal, comparando a EE ao diagnóstico histológico. 

A pesquisa foi realizada em plataformas eletrônicas de dados, sem restrição de tempo, linguagem ou localização geográfica. Os estudos incluíam aqueles cuja metodologia permitia avaliar os desfechos buscados. 

O desfecho primário foi estimar o risco de câncer de endométrio e hiperplasia endometrial atípica de acordo com cada faixa de espessura endometrial e assim, poder realizar a recomendação subsequente de biópsia de endométrio. 

As faixas de espessura endometrial foram, baseadas em estudos prévios, divididas em: 3 a 5,9 mm; 6 a 9,9 mm; 10 a 13,9 mm; maior ou igual a 14 mm. 

Resultados

Foram identificados 466 estudos e incluídos 18 destes, envolvendo 10.334 mulheres.  

Um limiar de EE para recomendar avaliação histológica endometrial de pelo menos 3,0 mm em mulheres na pós-menopausa assintomáticas resultaram em um risco três vezes maior de encontrar HEA ou CE na biópsia (RR 3,77, IC 95% 2,26 a 6,32) em comparação com EE abaixo de 3,0 mm. Esse aumento de risco também foi observado em todas as faixas de EE que essa revisão analisou como mencionado nos métodos. Entretanto, não houve diferença nos riscos entre essas diferentes faixas de EE acima de 3 mm. 

Em relação à análise do teste de acurácia, a escolha de um limiar ultrassonográfico de EE entre 3,0 e 5,9 mm para indicação de biópsia endometrial para triagem de CE demonstrou maior sensibilidade (0,81, IC 95% 0,49 a 0,85) que as outras faixas. A maior especificidade foi obtida com EE igual ou superior a 14,0 mm (0,70, IC 95% 0,61 a 0,78), mas isso foi associado a uma sensibilidade muito baixa (0,28, IC 95% 0,18 a 0,40).

Leia também: Segurança do diagnóstico de câncer de endométrio através da histeroscopia

Discussões e comentários 

O câncer de endométrio diagnosticado em mulheres pós-menopausa assintomáticas apresenta prognóstico semelhante àqueles diagnosticados em mulheres que apresentaram sangramento vaginal, assim o rastreio de CE a partir de USTV não é recomendado. Mas o achado “acidental” de espessamento endometrial ao USTV carece de pontos de coorte para indicar a biópsia. 

A partir desse estudo, os autores concluem que limites de EE baixo e alto em mulheres assintomáticas na pós-menopausa parecem igualmente eficazes na detecção de CE e HEA. No entanto, embora usando a faixa de 3,0 a 5,9 mm resulta em menor especificidade, a melhora compensatória na sensibilidade pode justificar o uso deste corte para avaliação endometrial adicional em pacientes com suspeita de malignidade. 

Dessa forma, os autores sugerem o desenvolvimento de um modelo que inclua a espessura endometrial aliada a fatores de risco, como idade, obesidade, história pessoal e familiar.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Vitale SG, Riemma G, Haimovich S, Carugno J, Pacheco LA, PerezMedina T, Parry JP, Török P, Tesarik J, Della Corte L, Cobellis L, Di Spiezio Sardo A, De Franciscis P, Risk of endometrial cancer in asymptomatic postmenopausal women in relation to ultrasonographic endometrial thickness. Systematic review and diagnostic test accuracy meta-analysis., American Journal of Obstetrics and Gynecology (2022), doi: https://doi.org/10.1016/j.ajog.2022.07.043.