Risco de Clostridium difficile no paciente internado aumenta quando o ocupante anterior do leito utilizou antibióticos

A infecção pelo Clostridium difficile na rotina de uma instituição de saúde é muito comum e deve trazer reflexão sobre seus fatores de risco.

A infecção pelo Clostridium difficile (ICD) na rotina de uma instituição de saúde, principalmente quando falamos do uso constante de antibióticos para tratamento de doenças infectocontagiosas, é muito comum e deve trazer reflexão sobre seus fatores de risco.

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Vários são os esforços que os serviços de saúde têm feito para a prevenção da transmissão cruzada desse patógeno, mas pela suas características que serão discutidas a seguir, isso se torna um desafio.

A ICD é a causa mais comum de diarreia no hospital e responsável por cerca de 27 mil mortes por ano apenas nos EUA, de acordo com um comunicado do JAMA. A exposição é comum em hospitais, porque os esporos podem persistir lá por meses.

De acordo com o estudo publicado em 10 de Outubro pelo Medpagetoday, pacientes internados em hospital, que usaram as mesmas camas de pacientes que estiveram sob antibioticoterapia, tiveram um aumento relativo de 22% no risco de contrair a infecção por Clostridium difficile (ICD).

O risco de ICD para esses “segundos usuários” ainda era inferior a 1%, mas Daniel E. Freedberg, MD, MS, da Columbia University Medical Center, em Nova York, e seus colegas, descobriram um aumento estatisticamente significativo de ICD nos casos em que o ocupante da cama anterior não receberam antibióticos.

De acordo com os pesquisadores, os dados suportam a hipótese de que antibióticos administrados a um paciente podem alterar o microambiente local e influenciar o risco de ICD em um paciente diferente. Os resultados mostram que os antibióticos podem causar danos a pacientes que não eles próprios quando recebem essas medicações e, assim, enfatizar o valor do uso consciente de antibióticos.

Veja também: ‘O uso empírico de antibióticos para o tratamento da sepse na emergência’

Entre os 100.615 pares de pacientes estudados, 576 (0,57%) dos “segundos usuários” do leito desenvolveram ICD no prazo de 2 a 14 dias depois de terem sido acomodados à cama do hospital (média de 6,4 dias). Esta relação também mostrou significância estatística após o ajuste para fatores conhecidos por influenciar o risco ICD, incluindo o uso de antibióticos pelo segundo paciente (taxa de risco ajustado 1,22; IC 95%, 1,02-1,45).

Quando os primeiros pacientes receberam antibióticos, o risco cumulativo dos novos pacientes para ICD foi de 0,72% contra 0,43% quando os pacientes iniciais não receberam antibióticos.

Os pesquisadores indicaram que não há outros fatores, além do uso de antibiótico no ocupante anterior, associados com um risco aumentado para ICD.

A equipe de Freedberg monitorou pacientes por mais de cinco anos em quatro hospitais em Nova York por meio de um estudo de coorte retrospectivo de pacientes adultos. Foram excluídos os pacientes que tiveram ICD recente, que desenvolveram ICD dentro de 48 horas de internação e quem teve tempo de seguimento insuficiente – ou se o primeiro paciente estava na cama por menos de 24 horas.

Os pesquisadores definiram a ICD como um resultado positivo de um teste de reação em cadeia da polimerase das fezes para o gene da toxina B do C. difficile, seguido de tratamento para ICD.

Considerando futuras pesquisas, os autores escreveram: “Os antibióticos podem afetar o microbioma gastrointestinal, diminuindo espécies bacterianas que são protetora contra C. difficile ou aumentando espécies bacterianas que facilita sua infecção (…)”.

Eles observaram pesquisas anteriores indicando que o uso de antibióticos é um fator de risco conhecido para ICD – não só para o paciente individual, mas também “ao nível da enfermaria do hospital, a nível da instituição e a nível regional”.

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Referências:

  • https://www.medpagetoday.com/infectiousdisease/generalinfectiousdisease/60701

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