Risco de deslocamento secundário em fraturas proximais do úmero tratadas conservadoramente

As fraturas da região proximal do úmero são lesões comuns, correspondendo a 5% de todas as fraturas. Grande parte das fraturas é de tratamento conservador.

As fraturas da região proximal do úmero são lesões comuns, correspondendo a 5% de todas as fraturas. Apresentam incidência aumentada em pacientes idosos e do sexo feminino. Grande parte das fraturas é de tratamento conservador sendo manejadas com imobilização utilizando tipoia seguida de reabilitação com fisioterapia.

A decisão quanto a indicação de cirurgia leva em consideração a presença de desvio, sendo escolhidas para o tratamento conservador fraturas sem desvio ou com desvio mínimo. O uso da Classificação descrita por Neer pode auxiliar na decisão. São consideradas 4 partes no úmero (tuberosidade maior, tuberosidade menor, cabeça e diáfise) definidas como desviadas ao apresentar mais de 10 mm ou 45° de desvio. Fraturas não desviadas são tratadas se maneira não cirúrgica.

Leia também: Características e prognóstico precoce de pacientes com Covid-19 e fraturas

Mesa de consultório médico com exames de paciente que apresenta fraturas da região proximal do úmero

Estudo recente investigou a chance de desvio secundário em fraturas de tratamento conservador

Trata-se de um estudo retrospectivo publicado na revista The Bone and Joint Journal em junho de 2020. Foram incluídos pacientes tratados entre janeiro de 2015 e maio de 2018 em um centro de trauma. Foram incluídos pacientes com diagnóstico de fratura proximal do úmero maiores de 18 anos e excluídos pacientes apresentando fraturas desviadas, patológicas ou associadas a outras fraturas do membro superior ipsilateral e com seguimento radiológico incompleto. Após as exclusões, 163 fraturas foram analisadas (em 162 pacientes).

A idade média dos pacientes estudados foi de 69 anos, sendo 56% com mais de 70 anos. A maioria dos pacientes era do sexo feminino (106 versus 56). As fraturas foram estudadas com radiografias nas incidências em AP e perfil de escápula, sendo consideradas para o tratamento não cirúrgico aquelas que apresentavam desvio inferior a 10 mm e 45°.

Saiba mais: Avaliação do aumento no risco de fraturas ósseas em crianças com fraturas prévias

Avaliação de registros

Os registros foram avaliados considerando fatores de risco para cicatrização de fraturas: demência, osteoporose, diabetes, doenças neurológicas (Doença de Parkinson, AVE ou epilepsia) e abuso de álcool ou tabaco. A influência de cada fator para o desvio secundário foi determinada.

Escores para osteoporose e Osteoartrite glenoumeral (OA) foram avaliados. Translação da cabeça superior a 10 mm no seguimento radiográfico foi definido como desvio secundário.

Nas radiografias em incidência Anteroposterior (AP) e Perfil foram calculados o índice excêntrico da cabeça que descreve o offset do centro da cabeça umeral em relação ao eixo diafisário. Na radiografia em AP o alinhamento cortical medial proximal e distal à fratura foi considerado para avaliar a integridade da dobradiça medial.

Entre as 163 fraturas proximais do úmero, o deslocamento secundário ocorreu em 41 (25,2%). O desvio foi observado após uma média de 11 dias. Em 33 fraturas (80,4%), o deslocamento secundário foi diagnosticado nos primeiros 14 dias.

Os fatores de risco clínicos para o desvio encontrados foram abuso de álcool (OR 6,8; p = 0,025) e osteoporose previamente diagnosticada (OR 4,6; p = 0,136).

Os fatores de risco radiológicos encontrados foram OA grau 3 (OR 16,4; p = 0,107) e osteoporose (OR 10; p = 0,031). Um índice excêntrico da cabeça alto (AP/Neer > 0,4, OR 18,9 p = 0,002/p = 0,033) e a interrupção da dobradiça medial (OR 3,7; p = 0,039) aumentaram o risco de deslocamento secundário significativamente.

Whitebook

Conclusão

Durante o tratamento conservador, um quarto dos pacientes apresentou deslocamento secundário da fratura de pelo menos 10 mm. Pacientes com abuso de álcool, OA grave e osteoporose estão em risco. A avaliação do índice excêntrico da cabeça umeral e da dobradiça medial interrompida permitem prever o deslocamento secundário das fraturas de tratamento conservador.

Referências bibliográficas:

 

  • Frank FA, Niehaus R, Borbas P, Eid K. Risk factors for secondary displacement in conservatively treated proximal humeral fractures. Bone Joint J. 2020;102-B(7):881-889. doi:10.1302/0301-620X.102B7.BJJ-2020-0045.R1

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades