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A neoplasia mucinosa papilar intraductal (IPMN) é um tumor cístico do pâncreas associado ao desenvolvimento de carcinoma pancreático. Pode acometer o ducto pancreático principal ou ductos secundários. Dentre os pacientes com IPMN de ductos secundários estima-se uma incidência de malignização de 3-8% dependendo do tempo de seguimento. No entanto, o guideline da Associação Americana de Gastroenterologia recomenda suspender a vigilância após 5 anos de acompanhamento caso não sejam observadas alterações significativas.
O processo de carcinogênese associado aos IPMNs de ducto secundário pode seguir duas vias principais: carcinoma derivado do IPMN (associado a mutações no GNAS) ou adenocarcinoma ductal de novo [associado a mutações ou deleções no KRAS, CDKN2A (p16), TP53 (p53) e SMAD4]. Pouco se sabe, no entanto, sobre os desfechos de longo prazo dos IPMNs de ducto secundário, especialmente a incidência de carcinoma derivado do IPMN ou adenocarcinoma ductal de novo, motivo pelo qual Oyama e colaboradores avaliaram dados de uma grande coorte prospectiva no Japão seguida durante 20 anos.
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Foram incluídos 1.404 pacientes com diagnóstico de IPMN de ducto secundário seguidos na Universidade de Tóquio entre os anos de 1994 e 2017. Os indivíduos foram acompanhados até o diagnóstico de carcinoma pancreático, morte ou fim do período de seguimento (novembro de 2018), o que ocorresse primeiro. A cada 6 meses, os pacientes realizaram exames laboratoriais e de imagem (ultrassom abdominal, ecoendoscopia, tomografia de abdome contrastada ou ressonância nuclear magnética de abdome). Na presença de lesão potencialmente maligna em exames de imagem, os pacientes foram submetidos a punção por agulha fina guiada por ecoendoscopia se invasão do parênquima pancreático e colangiopancreatografia endoscópica retrógrada se lesão localizada junto ao IPMN e ducto pancreático principal. Se indicada ressecção, o diagnóstico final de neoplasia foi feito por exame histopatológico do espécime cirúrgico. Na ausência de amostras de tecido disponíveis, o diagnóstico se baseou em achados radiológicos típicos associado a evolução compatível. Quando possível foram avaliadas mutações GNAS e KRAS por PCR e pirossequenciamento para confirmação do subtipo de neoplasia.
Durante o tempo médio de seguimento de 6 anos (amplitude, 0,5 a 21,8 anos) de 1404 pacientes com IPMN de ducto secundário, foram documentados 68 casos de carcinoma pancreático (38 carcinomas derivados do IPMN e 30 adenocarcinomas ductais de novo), sendo estimada incidência global de 0,7% ao ano. Em 5, 10 e 15 anos de acompanhamento, a incidência acumulada de carcinoma pancreático foi de 3,3%, 6,6% e 15%, respectivamente. Em análise secundária, os autores avaliaram o diagnóstico carcinoma pancreático entre pacientes com IPMN de baixo risco ao diagnóstico (< 15 mm), sendo observada incidência de 2,2%, 4,6%, e 7,4% em 5, 10 e 15 anos, respectivamente. O tamanho do IPMN e o diâmetro do ducto pancreático principal se associaram com maior incidência de carcinoma derivado do IPMN, mas não com adenocarcinoma pancreático de novo. A incidência de carcinoma pancreático após 5 anos de seguimento foi maior em pacientes que apresentaram aumento no diâmetro do ducto pancreático principal nos primeiros 5 anos, assim como naqueles em houve aparecimento de nódulo mural.
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Os pacientes com neoplasia mucinosa papilar intraductal (IPMN) de ducto secundário apresentam risco aumentado de carcinoma pancreático mesmo após 5 anos de seguimento e, possivelmente, devem continuar a ser acompanhados no longo prazo, diferentemente do que é recomendado atualmente pelo guideline da Associação Americana de Gastroenterologia.
Referências bibliográficas:
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