O estudo DESTINY foi divulgado no maior evento mundial exclusivo sobre câncer de mama, o San Antônio Breast Câncer Symposium (SABCS) 2019, ocorrido este mês no Texas, nos Estados Unidos, que reuniu cerca de 7500 médicos e pesquisadores de mais de 80 países.
Nele, os pesquisadores avaliaram um novo anticorpo conjugado-droga (CAD na sigla em inglês), chamado trastuzumabe-deruxtecan, também conhecido como DS8201.
Essa nova molécula associa o clássico trastuzumabe à um potente inibidor de topoisomerase 1 chamado exatecan. Tem um mecanismo também chamado de “cavalo de troia” com alta especificidade por células do câncer de mama metastático com expressam a proteína do oncogene HER2.
Leia também: Câncer de mama: novos tratamentos podem adiar a quimioterapia
A molécula se liga aos receptores hiperexpressos na superfície celular, são internalizados e por ação de lisossomas liberam a molécula exatecan de forma intracelular; de outra forma a droga seria muito tóxica.
O novo estudo para câncer de mama
A novidade é o estudo de fase 2, com pacientes portadoras de câncer de mama metastático HER2 positivo refratárias a em média seis tipos de tratamento, incluindo o próprio trastuzumabe, pertuzumabe e o outro CAD, chamado T-DM1 ou trastuzumabe-entamsina.
Resultados
Foram avaliadas mais de 160 pacientes com resultados impressionantes, pois mais de 60% das pacientes tiveram respostas objetivas, num total de 75% com benefício clínico (inclui doença estabilizada por pelo menos 6 meses) nessa população extremamente resistente.
A sobrevida livre de nova progressão foi de 16 meses, número altíssimo para este momento tardio da evolução do câncer e a mediana da sobrevida global bem foi atingida o que reforça o quão foram bem foram as pacientes.
A droga foi bem tolerada, mas há que se preocupar com pneumopatia intersticial vista em cerca de 10% das pacientes, algumas precisando de corticosteroide.
Mais do autor: Brasileiras tem câncer de mama mais cedo do que em outros países
Take-home message
DS-8201 (trastuzumabe-deruxtecan) é uma molécula incrivelmente promissora, está em fase 3 em vários cenários mais precoces, incluindo pacientes com HER2 com baixa expressão.
Espera-se que já no 1° trimestre de 2020 será aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos. Possivelmente, em breve, no Brasil também.
O estudo foi considerado tão importante que foi simultaneamente publicado no New England of Medicine.
Referência bibliográfica:
- Modi S, et al. Trastuzumab Deruxtecan in Previously Treated HER2-Positive Breast Cancer. The New England Journal of Medicina. DOI: 10.1056/NEJMoa1914510
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.