Saiba o que é hiperêmese gravídica e como tratar esta complicação rara

A hiperêmese gravídica é uma complicação rara, que acomete cerca de 1,5% das gestantes, e que pode persistir durante toda a gravidez. Conheça:

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Náuseas e vômitos são sintomas muito comuns na gravidez e podem atingir até 70% das mulheres. Na maioria das vezes, o quadro é leve a moderado e se resolve espontaneamente até a 20ª semana de gestação. A hiperêmese gravídica é uma complicação rara, que acomete cerca de 1,5% das gestantes, e que pode persistir durante toda a gravidez.

Apesar de raramente associada à morte materna, a hiperêmese pode trazer grandes prejuízos como isolamento social, perda de identidade, ideação suicida e culpa. Isso pode se traduzir em sintomas de estresse pós-traumático até o puerpério em 20% das mulheres. O maior risco para o feto é óbito intraútero em 10-15% dos casos. Uma metanálise de estudos observacionais também encontrou associação entre hiperêmese gravídica e baixo peso ao nascer, trabalho de parto pré-termo e restrição de crescimento.

A fisiopatologia da hiperêmese ainda não é bem estabelecida, mas comprovou-se que existe forte associação genética. Gestantes com esta síndrome podem apresentar náuseas e vômitos levando à perda ponderal maior que 5% do peso pré-gestacional, desidratação e distúrbios eletrolíticos. É considerado diagnóstico de exclusão – os principais diagnósticos diferenciais são úlcera péptica, apendicite, obstrução intestinal, colecistite, gestação molar, pancreatite, gastroenterite e náuseas e vômitos fármaco-induzidos.

Leia mais: Veja recomendações para cuidar de pacientes com hiperêmese gravídica

Investigação clínica é mandatória quando há presença de dor abdominal ou epigástrica, sinais de infeção ou início dos sintomas após o 1º trimestre. USG pélvico, hemograma, dosagem de eletrólitos séricos, função renal, hepática e tireoideana e dosagem de amilase são os principais exames complementares a serem realizados. Podem ser úteis também a endoscopia digestiva alta e pesquisa de H. pylori.

Gestantes com desidratação ou distúrbios eletrolíticos devem ser hidratadas preferencialmente com solução salina. O soro glicosado pode precipitar a encefalopatia de Wernicke em pacientes com deficiência de tiamina. É recomendada a reposição de potássio, com acompanhamento diário dos eletrólitos séricos, e também de tiamina.

A administração de antieméticos pode ser feita por via oral, endovenosa ou mesmo retal, dependendo da aceitação da paciente. A ondansetrona é bem tolerada, mas pode causar constipação. A metoclopramida tem um espectro variado de efeitos colaterais e seu uso não deve se estender por mais de cinco dias; a paciente deve ser orientada quanto a possibilidade de apresentar discinesias e descontinuar o uso caso isso ocorra. O uso de inibidores de bomba de prótons ou bloqueador de receptor H2 deve ser considerado em pacientes que apresentam sintomatologia de refluxo gastroesofágico.

Em casos refratários, a corticoterapia pode ser considerada. O mecanismo de ação não é bem conhecido e a evidência de sua eficácia é fraca, mas foi observado que o corticoide potencializa o efeito dos antieméticos usuais. É importante orientar a gestante quanto aos possíveis riscos do uso prolongado, como diabetes gestacional, imunossupressão e insuficiência adrenal.

Considerando os prejuízos físicos, psicológicos, sociais e financeiros que podem decorrer desta síndrome, além do tratamento específico recomendado, é muito importante oferecer suporte emocional a essas pacientes e referenciá-las a profissionais especializados caso necessário.

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