Saiba os efeitos a longo prazo do tratamento para o câncer e como manejar

A média de sobrevivência para todos os tipos de câncer aumentou nas últimas décadas. Saiba os efeitos a longo prazo do tratamento e como manejar.

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Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a média de sobrevivência para todos os tipos de câncer aumentou nas últimas décadas. A estimativa é de que, entre o período entre 2010 e 2014, sobreviveram 92% das pessoas que tiveram câncer de próstata, 75% das que tiveram de mama e 60% de colo do útero.

Por isso, aumenta também ainda mais a importância dos cuidados pós-doença. Um artigo recente do New England Journal of Medicine (NEJM) fez uma revisão das evidências e diretrizes americanas mais atuais (ASCO e ACS) sobre os cuidados com o paciente que sobrevive a um câncer. Já falamos aqui no Portal sobre como fazer o follow-up, e agora vamos abordar efeitos a longo prazo do tratamento e como manejar.

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Efeitos a longo prazo do tratamento para o câncer e como manejar

 

Efeitos Frequência Causas Fatores de risco Intervenções
Dor crônica Comum Pode ser relacionada a: câncer, quimioterapia, radiação, terapia hormonal e cirurgia. Controle inadequado da dor, menor idade, menor nível de escolaridade, depressão. – Farmacológica: antidepressivos, drogas não opioides e opioides,

cannabis, administração intratecal e epidural de medicamentos.

– Não farmacológica: exercício, terapia cognitivo-comportamental, mindfulness, meditação, hipnose, massagem, acupuntura, cifoplastia, bloqueio de nervos.

Infertilidade Comum Quimioterapia, irradiação pélvica e cirurgia, irradiação craniana. Idade avançada, dose mais alta e maior duração do tratamento. Clique aqui e veja em nosso artigo.
Disfunção gonadal e sintomas vasomotores e da menopausa Comum Alquilantes (em mulheres na pré-menopausa); ooforectomia e orquiectomia; Agonistas do GnRH, antiestrogênios e antiandrogênicos. Idade avançada (em mulheres na pré-menopausa), obesidade. – Farmacológica: ISRS, ISRSNs, pregabalina, gabapentina.

– Não farmacológica: acupuntura e hipnose.

Neuropatia periférica induzida por quimioterapia Comum TXN (inibidores de microtúbulos), platinas (cisplatina e oxaliplatina), alcalóides da vinca, inibidores de proteassoma Maior dose cumulativa e maior duração do tratamento, mais infusões em bolus (vs. dose menor contínua ou menor dose de infusão IV), sobrepeso ou obesidade, falta de atividade física, idade avançada, diabetes, combinação de taxanos com platinas, docetaxel (vs. paclitaxel). – Farmacológica: duloxetina (efeito moderado na dor).

– Não farmacológica: luvas e meias congeladas.

Fadiga Comum Quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, quimioterapia em altas doses com transplante autólogo ou alogênico de medula óssea. Sintomas vasomotores; diminuição da atividade física; insônia; disfunção cardiopulmonar, renal e endócrina; anemia; dor; depressão; ansiedade; comorbidades; medicamentos;

problemas nutricionais.

Clique aqui e veja em nosso artigo.
Insônia Comum Quimioterapia, sintomas vasomotores, radioterapia, quimioterapia em altas doses com transplante de medula óssea. Baixa escolaridade, falta de atividade física, sintomas vasomotores, geniturinários e gastrointestinais, aumento do IMC, sudorese noturna, apoio social e higiene do sono inadequados. – Farmacológica: sedativos ou hipnóticos, melatonina, tratamento de sintomas vasomotores.

– Não farmacológica: higiene do sono, aumento da atividade física, terapia cognitivo-comportamental.

Disfunção sexual Comum Quimioterapia; tamoxifeno (em mulheres na pré-menopausa) e inibidores de aromatase; antiandrógenos, prostatectomia e irradiação para câncer da próstata; cirurgia pélvica e irradiação; imagem corporal negativa. Insatisfação sexual antes do câncer, idade avançada, sintomas vasomotores, imagem corporal negativa, depressão e aumento do estresse, fadiga, insatisfação com o parceiro (após o tratamento). – Farmacológica: para mulheres -> hidratantes vaginais, DHEA intravaginal, estrogênios intravaginais, tratamento de

sintomas vasomotores, antidepressivos.

para homens -> inibidores da fosfodiesterase-5, injeção ou supositório de alprostadil, tratamento de sintomas vasomotores, antidepressivos.

– Não farmacológica: aconselhamento de casais, aconselhamento sobre imagem corporal e respostas sexuais,

aumento da atividade física, dilatadores vaginais e

terapia a laser em mulheres, implantes penianos em homens.

Síndrome metabólica Comum Irradiação craniana, câncer de próstata avançado ou com graus mais altos de Gleason. Inflamação, obesidade, resistência à insulina. – Farmacológica: tratamento do diabetes e uso de anti-hipertensivos e hipolipemiantes.
Perda óssea Comum Disfunção gonadal, antiandrogênios, antiestrogênios. IMC baixo, história pessoal ou parental de fratura não traumática, tabagismo, consumir 3 ou mais doses de bebida alcoólica por dia, uso prolongado de glicocorticoides, artrite reumatoide. – Farmacológica: vitamina D3 e cálcio, bisfosfonatos.

– Não farmacológica: atividade física que inclui treinamento de resistência e exercícios com pesos.

Disfunção cognitiva Comum Quimioterapia, angústia (distress), medicamentos, dor, fadiga, depressão, ansiedade, irradiação craniana, quimioterapia intratecal. Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs) em genes de apolipoproteína E4 e catecol-O-metiltransferase, citocinas pró-inflamatórias geradas por quimioterapia, quimioterapia intensiva prolongada, idade avançada. Terapia cognitivo-comportamental, atividade física.
Insuficiência cardíaca Raro Antraciclinas. Doença cardíaca preexistente, dose cumulativa total elevada de antraciclina, via de administração de antraciclina (maior risco com bolus IV do que com infusão contínua ou doses menores semanalmente), irradiação mediastinal, idade avançada. Evitar antraciclinas se o paciente tiver fatores de risco para doença cardíaca ou FEVE basal ≤ 50%

Dexrazoxano é usado para prevenir toxicidade em crianças que recebem antraciclinas.

Se FEVE cair para < 50%, a doxorrubicina deve ser descontinuada, com encaminhamento para especialista.

Lesão valvar e doença arterial coronariana Raro Terapia de radiação. Radiação com exposição de tecido normal, fontes de energia mais baixas, doença cardíaca preexistente e idade mais avançada. Encaminhar para especialista.
Disfunção cardíaca Raro Trastuzumabe. Idade mais avançada e FEVE basal reduzida. Se FEVE cair para < 50%, encaminhar para especialista.

*Adaptado de: Shapiro, C. L. (2018). Cancer Survivorship. New England Journal of Medicine, 379(25), 2438–2450. doi:10.1056/nejmra1712502

Diretriz de prevenção da infecção em pacientes com câncer é atualizada

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