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Já são bem estabelecidos os benefícios do exercício físico sobre a saúde humana, em relação à prevenção de doenças, como as cardiovasculares, osteoporose, diabetes, depressão e alguns tipos de câncer ¹. Os exercícios podem ser classificados quanto à intensidade da atividade desde muito leve até máxima intensidade e isto pode ser determinado, por exemplo, através do cálculo da frequência cardíaca máxima (FCmax) e/ou pelo consumo máximo de oxigênio (VO2max) medido por ergoespirometria, ambos expressos em valores percentuais³

Quando se fala em saúde feminina, podem ser observados efeitos positivos ou negativos do exercício físico sobre a fertilidade, dependendo da intensidade da prática física.

Positivamente, mulheres obesas e sedentárias que iniciam exercícios físicos regulares, de moderada intensidade, apresentam melhora da fertilidade. O mesmo efeito é encontrado em pacientes com histórico de síndrome dos ovários policísticos, condição marcada por resistência à ação da insulina e excesso de gordura corporal, em grande parte dos casos⁵.

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Contudo, em relação a exercícios de alta intensidade, o que se observa é que estas modalidades estão associadas a alterações funcionais do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano. Para que se tenha uma ideia, estima-se que, em mulheres atletas, a prevalência de amenorreia pode chegar a 40% e a de oligomenorreia pode variar de 9 a 40% ⁴.

Os principais mecanismos hormonais implicados nestas alterações são a redução da secreção pulsátil do hormônio luteinizante (LH), elemento fundamental no processo de ovulação e mudanças nas concentrações de prolactina, hormônios tireoidianos, hormônio do crescimento (GH) e grelina (esta inibindo a secreção pulsátil do hormônio liberador de gonadotropinas – GnRH – e de LH).

Além das interferências funcionais, cabe mencionar que não é incomum, nesta população de atletas, o uso ilícito de substâncias que tem o objetivo de melhora de desempenho físico, como os esteroides androgênicos anabolizantes, representados pelos precursores e derivados de testosterona. Estes compostos são capazes de suprimir o eixo gonadal ao inibirem a secreção de GnRH, LH e FSH ⁶.

Nestes casos, deve-se suspeitar de seu uso em mulheres com queixas menstruais e de fertilidade que também apresentam sinais de virilização como hipertrofia de clitóris, hirsutismo, acne, alopecia e mudança para o tom grave na voz.

Sendo assim, é fundamental que as mulheres que praticam exercício físico, especialmente de alta intensidade, recebam a orientação adequada de profissionais capacitados. Os excessos e também o uso de substâncias proibidas devem ser desencorajados, visando não comprometer a funcionalidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano e, consequentemente, a fertilidade feminina.

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Referências:

1. Agarwal SK. Cardiovascular benefits of exercise. Int J Gen Med. 2012;5:541-5.
2. Palomba S, Falbo A, Valli B, Morini D, Villani MT, Nicoli A, La Sala GB. Physical activity before IVF and ICSI cycles in infertile obese women: an observational cohort study. Reprod BioMed Online. 2014;29:72–9.
3. PROENDOCRINO: CICLO 10. Artmed Panamericana, 2018.
4. Sheid JL, De Souza MJ. Menstrual irregularities and Energy deficiency in physically active women: the role of ghrelin, PYY and adipocytokines. Med Sport Sci. 2010;55:82–102
5. Gudmundsdottir SL, Flanders WD, Augestad LB. Physical activity and fertility in women: the north-Trøndelag health study. Hum Reprod. 2009;24:3196–204.
6. La Vignera S, Condorelli RA, Cannarella R, Duca Y, Calogero AE. Sport, doping and female fertility. Reprod Biol Endocrinol. 2018;16(1):108. Published 2018 Nov 19. doi:10.1186/s12958-018-0437-8

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