Sepse em pediatria: veja o que recomenda a nova diretriz

Pesquisadores divulgaram, recentemente, diretrizes baseadas em evidências para choque séptico e outras disfunções orgânicas associadas à sepse em pediatria.

Pesquisadores da Surviving Sepsis Campaign, uma iniciativa conjunta da Society for Critical Care Medicine (SCCM) e da European Society of Intensive Care Medicine (ESICM), divulgaram, recentemente, diretrizes baseadas em evidências para choque séptico e outras disfunções orgânicas associadas à sepse em pediatria.

Os artigos Surviving sepsis campaign international guidelines for the management of septic shock and sepsis-associated organ dysfunction in children e Surviving Sepsis Campaign Children’s Executive Summary, de Weiss e colaboradores, foram publicados nas revistas Pediatric Critical Care Medicine e Intensive Care Medicine.

Sepse em pediatria

Um algoritmo, que você pode acessar neste link, para implementação das diretrizes da campanha foi elaborado. Ele fornece um guia para a triagem sistemática de sepse em crianças e orientações para cuidados em ambientes com e sem serviços de terapia intensiva.

A seguir, resumimos os algoritmos de reanimação inicial e de manejo de fluidos e medicamentos inotrópicos/vasoativos, de acordo com a Surviving Sepsis Campaign.

Reanimação inicial em crianças

Após a identificação de sepse grave ou choque séptico, esta abordagem enfatiza as seguintes ações.

Em caso de suspeita de sepse

Dentro de 3 horas da suspeita inicial de sepse, o diagnóstico deve ser rápido. Caso a avaliação suporte o diagnóstico de disfunção orgânica associada à sepse:

  1. Obtenha acesso intravenoso (IV) ou intraósseo (IO);
  2. Colha hemocultura;
  3. Inicie antibióticos de largo espectro;
  4. Dose lactato;
  5. Administre fluidos em bolus se houver choque*;
  6. Inicie agentes vasoativos se o choque persistir*.

As medidas de 1 a 6 também devem ser tomadas em caso de choque séptico ou de suspeita de sepse que evolua para choque séptico. No entanto, dentro de 1 hora após o reconhecimento inicial de choque séptico.

*Veja algoritmo “fluidos e vasoativos”. Os fluidos em bolus devem ser omitidos do bundle se houver sobrecarga de fluido ou um quadro sem hipotensão. O líquido em mL/kg deve ser calculado pelo peso corporal ideal.

As reavaliações devem ser contínuas em relação a:

  • Suporte ventilatório: avalie síndrome do desconforto respiratório agudo;
  • Titulação de fluidos e medicamentos vasoativos;
  • Monitoramento hemodinâmico avançado se o choque persistir;
  • Controle do foco infeccioso;
  • +/- hidrocortisona para choque refratário (a hidrocortisona pode produzir benefícios ou danos);
  • Suporte nutricional;
  • Evite hipoglicemia;
  • Administração de antimicrobianos.;
  • Suporte de vida extracorpóreo (extracorporeal life support – ECLS) venoarterial (VA) ou venovenoso (VV) para choque refratário ou falha na oxigenação/ventilação (após abordar outras causas de choque e insuficiência respiratória).

Manejo de fluidos e medicamentos inotrópicos/vasoativos

Em caso de choque séptico

1. Sistemas de saúde com terapia intensiva (perfusão anormal com ou sem hipotensão):

  • Se não houver sinais de sobrecarga hídrica, administre fluidos em bolus, 10 a 20 mL/kg.
  • Repita a avaliação da resposta hemodinâmica ao fluido e considere fluidos em bolus, 10-20 mL/kg, até que o choque seja resolvido ou que surjam sinais de sobrecarga hídrica;
  • Avalie a função cardíaca;
  • Considere epinefrina se houver disfunção miocárdica ou epinefrina/norepinefrina se o choque persistir após 40-60 mL/kg (ou mais cedo, se surgirem sinais de sobrecarga hídrica).

2. Sistemas de saúde sem terapia intensiva (perfusão anormal sem hipotensão):

  • Não administre líquidos em bolus a menos que haja sinais de desidratação com perdas contínuas de líquidos (por exemplo, diarreia);
  • Inicie hidratação de manutenção;
  • Monitore a hemodinâmica de perto;
  • Considere suporte inotrópico vasoativo (se disponível).

Leia mais: Sepse em pediatria: como identificar a partir dos dados de rotina clínica?

3. Sistemas de saúde sem terapia intensiva (perfusão anormal com hipotensão):

  • Se não houver sinais de sobrecarga hídrica, administre fluidos em bolus, 10 a 20 mL/kg;
  • Avalie a resposta hemodinâmica à expansão hídrica e repita os bolus, 10 a 20 mL/kg, até que a hipotensão se resolva ou que sinais de sobrecarga hídrica se desenvolvam;
  • Avalie a função cardíaca (se disponível);
  • Considere epinefrina/norepinefrina se a hipotensão persistir após 40 mL/kg ou mais cedo, se houver sinais de sobrecarga hídrica.

*Hipotensão nos sistemas de saúde SEM terapia intensiva é definida como:

  1. Pressão arterial sistólica (PAS) <50 mm Hg em crianças <12 meses;
  2. PAS <60 mm Hg em crianças de 1 a 5 anos;
  3. PAS <70 mm Hg em crianças com idade> 5 anos.

Ou presença de todos os três critérios da Organização Mundial da Saúde: extremidades frias, tempo de enchimento capilar prolongado > 3 segundos, pulso fraco/rápido.

Choque resolvido e perfusão melhorada

  • Não administre mais fluidos em bolus.
  • Considere hidratação de manutenção.
  • Monitore sinais e sintomas de choque recorrente.

Referências bibliográficas:

  • SOCIETY OF CRITICAL CARE MEDICINE. Pediatric Patients. 2020. Disponível em: https://www.sccm.org/SurvivingSepsisCampaign/Guidelines/Pediatric-Patients Acesso em: 24 de fev. 2020
  • SURVIVING SEPSIS CAMPAIGN. Initial Resuscitation Algorithm for Children. 2020. Disponível em: https://www.sccm.org/getattachment/SurvivingSepsisCampaign/Guidelines/Pediatric-Patients/Initial-Resuscitation-Algorithm-for-Children.pdf?lang=en-US Acesso em: 24 de fev. 2020
  • WEISS, S. L, et al. Surviving Sepsis Campaign International Guidelines for the Management of Septic Shock and Sepsis-Associated Organ Dysfunction in Children. Pediatr Crit Care Med, v.21, n.2, p:e52–e106, 2020
  • WEISS, S. L, et al. Executive Summary: Surviving Sepsis Campaign International Guidelines for the Management of Septic Shock and Sepsis-Associated Organ Dysfunction in Children. Pediatr Crit Care Med, v.21, n.2, p.186–195, 2020

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.