Setembro amarelo: alertas sobre suicídio em adolescentes

Na faixa etária dos adolescentes, as taxas de suicídio vêm aumentando consideravelmente: entre as décadas de 1981-1990 e 2001-2010, houve aumento de quase 50%.

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Desde 2015, setembro é o mês em que ocorre a campanha contra a prevenção do suicídio, com o objetivo de alertar a população sobre o suicídio e suas formas de prevenção. Dados da OMS indicam que nos anos 2000, cerca de 1 pessoa morreu por suicídio a cada 40 segundos. Mais alarmante ainda é se considerarmos que as mortes causadas por suicídio são apenas a ponta do iceberg: para cada suicídio, estima-se que ocorram 10 tentativas de suicídio, causando elevada morbidade.

No Brasil, as taxas de suicídio são consideradas baixas quando comparadas com outros países; porém, o número absoluto de mortes causadas por suicídio é alto: o Brasil encontra-se entre os 10 países com maior quantidade de mortes atribuídas ao suicídio. Na faixa etária dos adolescentes, as taxas de suicídio vêm aumentando consideravelmente: entre as décadas de 1981-1990 e 2001-2010, houve aumento de quase 50%.

A ideação suicida é considerada como um espectro de ações que variam desde pensamentos sobre finalizar a própria vida, passando pelo desenvolvimento de planos para colocar essa ação em prática, até a realização da ação propriamente dita. É comum em crianças e adolescentes, sendo as tentativas de suicídio mais comuns conforme a idade aumenta. Além disso, as tentativas de suicídio são maiores em adolescentes do sexo feminino, embora os índices de morte por suicídio seja maior em adolescentes do sexo masculino, pela maior agressividade do método de tentativa (exemplo: enforcamento e uso de armas de fogo).

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Fatores que se relacionam ao suicídio em adolescentes incluem bullying e cyberbullying, história de abusos físicos e/ou sexuais, discriminação em relação a orientação sexual (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros), isolamento social, tentativas anteriores de suicídio, presença de transtornos mentais (principalmente transtornos afetivos) e uso de álcool e drogas. Cabe ao pediatra e aos profissionais responsáveis pelo atendimento a adolescentes pesquisar fatores de risco que possam estar relacionados ao maior risco de cometer suicídio.

O exame físico também se reveste de importância especial na avaliação de riscos para o suicídio. A automutilação, muitas vezes efetuada como cortes, beliscos, mordidas, queimaduras e mesmo fraturas ao pular de lugares altos, também é considerado como fator de risco para o suicídio e é uma tentativa do adolescente de reduzir seu sofrimento psíquico. Pacientes com lesões de automutilação podem esconder as lesões embaixo de roupas compridas, e a presença de tais lesões ao exame físico deve levantar suspeita de automutilação e risco aumentado de suicídio.

Além disso, atentar para adolescentes com comportamentos de risco como pular de locais altos, dirigir ou andar na rua de forma descuidada, pacientes que retornam muitas vezes aos serviços de emergência com lesões de trauma: eles podem estar tentando se suicidar.

Por fim, lembrar que a melhor prevenção para o suicídio é a informação: discutir com os adolescentes sobre o suicídio, suas causas e principalmente sobre alternativas é fundamental.

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Referências:

  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. BRASIL. Prevenção do suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Brasília, 2006.
  • Waiselfisz, JJ. Mapa da Violência 2012: crianças e adolescentes do Brasil. Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos. 1ª Edição. Rio de Janeiro, 2012.
  • World Health Organization. World report on violence and health. Geneva, 2002.

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