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O uso de opioides cresce de forma rápida no Brasil. Uma pesquisa realizada pela Fiocruz indica que 4,4 milhões de brasileiros já fizeram uso ilegal de algum opiáceo. Esse número corresponde a quase 3% da população e é 3 vezes superior ao uso de crack, experimentado por menos de 1% da população ao longo da vida. Uma outra pesquisa publicada no American Journal of Public Health, com base em dados da Anvisa, mostra que a venda prescrita desse tipo de analgésico cresceu 465% em 6 anos.
O uso “recreativo” de opioides — geralmente através da substância fentanila, um derivado da morfina com potência até 100x maior — já foi palco de suicídio de pessoas famosas; profissionais de saúde, especialmente anestesiologistas, que possuem maior facilidade de acesso ao medicamento; estudantes de medicina e até pela população em geral através do mercado ilegal.
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O uso de opioides aumenta significativamente o risco de suicídio de 3 maneiras: em primeiro lugar, os opioides deprimem o sistema nervoso central, aumentando o risco de o usuário desenvolver depressão. Em segundo lugar, causam dependência e levam a transtornos por uso de substâncias, um dos fatores de risco mais importantes para o suicídio. Por último, os opioides levam a um estado de desinibição, no qual atos impulsivos, como o suicídio, são mais prováveis. Dessa forma, é imprescindível que médicos que tratam pacientes com transtorno de uso de opioides saibam diagnosticar e tratar a depressão ao mesmo tempo.
O manejo da intoxicação por opioide inclui: suporte clínico adequado com correção da hipotensão e do edema pulmonar (lembrar que o edema não está relacionado à sobrecarga de fluido, portanto diuréticos são contraindicados); avaliação da temperatura corporal; uso de naloxona, como profilaxia ou tratamento para coma, depressão respiratória e convulsões.
Já o tratamento para a síndrome de dependência de opioides envolve 3 abordagens:
É crescente o número de casos de profissionais de saúde encontrados desfalecidos em suas residências ou durante plantões hospitalares mediante o uso inadvertido de opioides. Coincidentemente, temos também o aumento de casos de burnouts nesses profissionais. O uso recreativo como válvula de escape de uma rotina pesada e estressante, principalmente em tempos de pandemia, é o começo de uma trágica história de alguém que teoricamente tem o domínio sobre a droga, mas que emocionalmente acaba sendo vencido por ela.
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A criação de serviços de saúde especializados em identificar e tratar pacientes com transtornos de uso de substâncias (como os opioides) é interessante na medida em que evita que o distúrbio se torne crônico, com complicações psiquiátricas, como depressão e tendência suicida.
Referências bibliográficas:
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