Como diagnosticar e tratar a síndrome dolorosa da bexiga?

A síndrome dolorosa da bexiga, também conhecida como cistite intersticial, é uma doença crônica que acomete quatro vezes mais as mulheres que os homens.

A síndrome dolorosa da bexiga, também conhecida como cistite intersticial, é uma doença crônica que acomete quatro vezes mais as mulheres que os homens. Apesar de muito utilizado, o termo cistite intersticial não define de forma exata o quadro de síndrome da bexiga dolorosa, já que não existe comprovação de que haja um componente inflamatório associado.

Os principais sintomas são urgência miccional, com vontade de ir várias vezes ao banheiro (mas geralmente com pequeno volume de micção em cada ida), polaciúria, dor suprapúbica, noctúria, disúria, dor perineal, sensação de espasmos vesicais, dispareunia, depressão e hematúria macroscópica.

Por apresentarem sintomas urinários, esses pacientes muitas vezes são diagnosticados erroneamente com infecção do trato urinário e, por isso, tendo um tratamento não eficaz.

Síndrome dolorosa da bexiga - diagnóstico e tratamento

Diagnóstico

Como toda doença, especialmente as crônicas, para realizar o diagnóstico é necessário uma história clínica bem detalhada, com exame físico minucioso.

1) Exame Simples de Urina (EAS)

O objetivo principal é identificar os sintomas urinários e descartar outras condições que possam ser as causas desses sintomas, por isso é imprescindível o exame de urina. Hematúria pode estar presente e sempre deve ser investigada; pesquisa de clamídia na urina também deve ser feita para paciente com risco para doenças sexualmente transmissíveis (DST).

2) Exames de imagem

Não existem evidências de características da síndrome que possam aparecer em exames radiológicos. Por isso, não se faz necessário.

3) Cistoscopia

Para diagnóstico, a cistoscopia não é necessária. Ela pode ser realizada quando houver necessidade de descartar outras condições, como para avaliação do epitélio de revestimento da bexiga.

Saiba mais: 

O diagnóstico pode ser feito para pacientes cujos sintomas de dor ou desconforto vesical (por mais de seis semanas), associados aos urinários baixos, não são consequências de infecções ou outras condições.

Tratamento

É importante lembrar que o tratamento sempre deve ser interdisciplinar.

1) Medicamentos

A amitriptilina é o fármaco mais utilizado no tratamento, tendo  resposta geralmente em doses mais altas (acima de 50 mg/dia). Mas o ideal deve ser iniciar com doses menores (10 mg à noite) e aumentar semanalmente para 25 mg, 50 mg e 75 mg (ou até a dose máxima tolerada).

Podem ser feitos analgésicos para alívio dos sintomas, e também analgésicos urinários, como a fenazopiridina, por períodos curtos (cerca de dois dias).

2) Hidrodistensão

Realizado durante a cistoscopia, a hidrodistensão pode ser feita como terceira linha de tratamento, para pacientes que não tiveram melhora com o tratamento inicial. Através de uma sonda, é colocada a medicação, que permanece por 15 minutos e que depois é expelida na urina. Geralmente é repetido semanalmente por seis a oito semanas.

3) Outros

Aqueles pacientes que não apresentaram melhora com os tratamentos citados anteriormente, podem ter outras alternativas.

  • Pacientes que apresentam lesões de Hunner à cistoscopia, podem ser cauterizados ou ressecados para melhora dos sintomas;
  • Como quarta linha de tratamento, também temos a instilação de toxina botulínica intradetrusor.

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Referências:

  • Konkle KS, Berry SH, Elliott MN, et al. Comparison of an interstitial cystitis/bladder pain syndrome clinical cohort with symptomatic community women from the RAND Interstitial Cystitis Epidemiology study. J Urol, 2012; 187: 508.
  • Pazin C, de Souza Mitidieri AM, Silva AP, et al. Treatment of bladder pain syndrome and interstitial cystitis: a systematic review. Int Urogynecol J, 2016; 27: 697.
  • Clemens JQ. Management of intersticial cystitis/bladder pain syndrome [Internet]. O’Leary MP, Givens J, eds. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate Inc. 2018.

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