SOCESP 2022: O que rolou num dos congressos mais importantes do ano no país?

O congresso da SOCESP é um tradicional evento no calendário nacional, com um tamanho praticamente igual ao do brasileiro da especialidade.

O congresso anual da SOCESP é um tradicional evento no calendário nacional, com um tamanho praticamente igual ao do brasileiro da especialidade. Tradicionalmente feito no feriado de Corpus Christi, este é o primeiro evento presencial pós-pandemia. Seguindo protocolos sanitários rígidos, que incluíam uso obrigatório de máscara, comprovante de vacinação e/ou testagem para covid-19, o evento foi um sucesso dentro do contexto atual da pandemia. Nos próximos parágrafos, vamos resumir pontos importantes de destaque do seu conteúdo.

socesp

HealthTech e inovação

O evento destinou uma área para jovens empresas de tecnologia se apresentarem e palestrarem. Os principais assuntos foram a telemetria, com dispositivos “wearables”, que o paciente pode utilizar no dia a dia, e enviar informações para o médico automaticamente. As áreas mais desenvolvidas são o monitoramento do ritmo cardíaco, o registro do eletrocardiograma e a captação de sinais vitais e água corporal por bioimpedância naqueles com insuficiência cardíaca. Outro destaque foi o uso de inteligência artificial para separar um eletrocardiograma normal daqueles com achados críticos, bem como serviços de suporte 24h por dia para interpretação e orientação cardiológica para áreas remotas.

Unidade cardiointensiva 

O Whitebook esteve presencialmente no Congresso, marcando mais uma vez sua presença na vida do médico. Um dos principais destaques do aplicativo é seu apoio para o médico em plantões de emergência e terapia intensiva. O aplicativo traz diversas infusões prontas, com diluição, dose e compatibilidade de via venosa. Há ainda calculadoras com ajuste para função renal, escores prognósticos, fluxogramas de decisão clínica e milhares de conteúdos como sedação, choque e ventilação mecânica. 

Especialistas do Instituto Dante Pazzanense debateram com professores do Incor/USP e da Unifesp a conduta em pacientes com choque no pós-operatório (PO) de cirurgia cardíaca. Neste cenário, é importante que o médico identifique a causa do choque e atue rapidamente para corrigi-la. Além da questão volêmica, a vasoplegia pós-CEC e o tamponamento cardíaco são causas específicas do PO imediato que devem ser levadas em consideração. As principais ferramentas para uso beira-leito são os cateteres para estimativa do débito cardíaco, como o EV1000 e o Swan-Ganz, além do ultrassom beira-leito. Outra etapa crítica é saber se o paciente é responsivo a volume ou não. A prática de administrar cristaloide sempre que houver hipotensão pode ser deletéria e deve ser evitada. O certo é fazer uma avaliação, como a manobra de elevação passiva das pernas, o índice da veia cava ou a variação respiratória da PA, para saber se há ou não benefício com a médica. Por fim, os professores enfatizaram a importância da associação de vasopressina e do corticoide quando há choque refratário apesar da noradrenalina, a partir de doses de 0,3 a 0,5 mcg/kg/min.

Hipertensão arterial sistêmica

Durante o SOCESP 2022, muito se debateu sobre a importância da estratificação do risco cardiovascular e do uso de medidas preventivas, como dieta do mediterrâneo, combate à obesidade e atividade física regular. Entre os exames complementares, foi reforçada a importância da pesquisa e tratamento da apneia do sono, em especial nos pacientes que roncam e apresentam sono não-reparador e/ou hipertensão noturna. As medidas padronizadas domiciliares, como MAPA e MRPA, são ferramentas que ajudam a melhorar a estimativa correta da PA e o prognóstico sobre o risco cardiovascular. E estão chegando no Brasil os equipamentos que podem medir a velocidade da onda de pulso (VOP) e a pressão arterial central, parâmetros importantes para saber o grau de envelhecimento vascular e permitir ajustes no tratamento: as diretrizes brasileira e europeia são claras que uma VOP > 10 m/s é um fator de pior prognóstico, e considerado um equivalente de aterosclerose subclínica. 

No tratamento, cresce a corrente que defende a múltipla associação de fármacos em baixa dose, em especial os três mais indicados como primeira linha: diurético + iECA (ou BRA) + anlodipino. A disponibilidade de produtos em comprimido único e posologia uma vez ao dia tem grande potencial de aumentar a adesão, reduzir efeitos colaterais e manter a eficácia do tratamento.

Risco Cirúrgico 

Algumas sessões abordaram este importante tema do dia a dia. As palestras estão em linha com publicações anteriores nossas que enfatizam a importância de três informações: a capacidade funcional, o risco relacionado à cirurgia e as condições clínicas do paciente. O próximo passo é a utilização de um escore para estimar o risco de complicações cardiovasculares. Além do tradicional índice de risco cardíaco modificado (ou escore de Lee), o Dr Bruno Caramelli, do Incor/USP, desenvolveu um índice nacional, chamado EMAPO, que também pode ser utilizado. Os pacientes estimados como baixo risco podem proceder direto à cirurgias. Aqueles de alto risco, é sugerido avaliar melhor estratificação com um teste funcional cardiovascular e estratégias de redução do risco, como betabloqueadores e estatina. Já os de moderado risco precisam de análise individual, para decidir entre operar sob medidas protetivas ou estratificação com teste funcional antes da cirurgia. 

Outros temas comuns aos congressos de cardiologia foram síndrome coronariana aguda, insuficiência cardíaca e fibrilação atrial. As principais apresentações estão em linha com as diretrizes recentes que foram já comentadas por nós e que estão disponíveis nos links abaixo: 

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