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A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é caracterizada primariamente por sinais e sintomas de disfunção ovulatória e hiperandrogenismo. Os critérios diagnósticos e o manejo em adolescentes podem ser diferentes dos utilizados em mulheres jovens, considerando as alterações fisiológicas da maturidade puberal.
Confira algumas das particularidades do diagnóstico da SOP nessa população.
A imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise pode levar à irregularidade menstrual fisiológica nos primeiros três a quatro anos após a menarca (período de maturação dos ciclos). Devem ser investigadas:
Veja também: Como manejar o sangramento uterino intenso em adolescentes com coagulopatias?
Os sinais clínicos característicos são hirsutismo (escore de Ferriman-Gallwey maior ou igual a 4 ou 6, dependendo da etnia), acne grave e alopecia androgênica (superior/frontal).
A gravidade do hiperandrogenismo clínico não se correlaciona com a concentração plasmática de androgênios. A avaliação laboratorial deve incluir dosagens séricas de testosterona total, androstenediona, SHBG, SDHEA e 17-OH-progesterona. A dosagem de testosterona livre deve ser evitada por particularidades dos métodos disponíveis.
A definição ultrassonográfica clássica consiste em ovário aumentado com contagem de folículos maior ou igual a 20, utilizando probe transvaginal e alta resolução. No entanto, a avaliação em adolescentes pode ser dificultada pela ação das gonadotrofinas, que podem dar ao ovário aspecto aumentado e multifolicular, que não necessariamente está associado à anovulação ou alterações metabólicas. Além disso, o uso do ultrassom transvaginal em adolescentes é limitado. Dessa forma, avaliação da morfologia dos ovários por USG em adolescentes não é necessária.
De maneira similar à avaliação de mulheres adultas, é necessário excluir outras causas de irregularidade menstrual e hiperandrogenismo, como hiperplasia adrenal congênita, tumores secretores de androgênio, disfunção tireoideana, hiperprolactinemia, síndrome de Cushing, uso de esteroides exógenos e resistência insulínica grave. Apesar de a resistência insulínica e obesidade serem bastante frequentes em pacientes com SOP, não são consideradas como critérios para diagnóstico.
Leia mais: Comorbidades na síndrome do ovário policístico: o que devemos analisar?
O diagnóstico da síndrome pode ser considerado em adolescentes com oligomenorreia persistente três a quatro anos após a menarca, com sinais de hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial, excluindo outras doenças.
Quando a oligomenorreia não persiste por mais de dois anos, considera-se essas pacientes como tendo risco para SOP, o que requer acompanhamento longitudinal e avaliação adicional. Adiar o diagnóstico nessas pacientes é importante para evitar o sobrediagnóstico, intervenções e ansiedade desnecessárias.
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