Sopros cardíacos: como realizar a triagem antes de encaminhar para o cardiologista pediátrico?

Os sopros cardíacos são causas comuns de encaminhamento de crianças para avaliação com cardiologista pediátrico.

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Os sopros cardíacos são causas comuns de encaminhamento de crianças para avaliação com cardiologista pediátrico. Porém, na grande maioria das vezes, os sopros são fisiológicos, e ocorrem devido a características específicas do fluxo sanguíneo através das valvas cardíacas, não estando relacionados à nenhuma alteração patológica do sistema cardiovascular, não conferindo nenhum risco às crianças acometidas.

O alto número de encaminhamentos para cardiologistas pediátricos de pacientes com sopros fisiológicos leva à sobrecarga nos serviços de atendimento especializado, onerando o sistema de saúde e não gerando benefícios para os pacientes assistidos. Dessa forma, guias para diferenciação clínica de sopros fisiológicos dos potencialmente patológicos são úteis como forma de triagem dos pacientes com indicações mais precisas para acompanhamento especializado e realização de exames complementares.

Um estudo realizado na França e publicado na revista Annals of Family Medicine, em novembro de 2017, testou a influência da posição do paciente na presença de sopros cardíacos fisiológicos em pacientes com idade entre 2 anos e 18 anos de idade. Entre janeiro de 2014 e janeiro de 2015, os pesquisadores incluíram 194 crianças referenciadas para cardiologistas pediátricos para avaliação de sopros cardíacos, excluindo crianças com história de doenças genéticas ou sistêmicas ou história familiar de doença cardíaca.

Mais da autora: ‘Choque séptico pediátrico: você sabe tratar? Veja nova diretriz’

Os pesquisadores realizaram avaliação clínica, incluindo presença e características dos sopros cardíacos, quando as crianças se encontravam nas posições supina e ortostática (por pelo menos 1 minuto), e avaliação ecocardiográfica para avaliação de lesões estruturais que justificassem o sopro cardíaco. Lesões como insuficiências valvares triviais e forame oval patente foram consideradas como fisiológicas.

Das 194 crianças estudadas, apenas 30% apresentavam alterações cardíacas que justificavam a presença do sopro. Os achados no exame físico que se associaram significantemente com lesões cardíacas estruturais foram: presença do sopro na posição ortostática, ausência de redução na sua intensidade após mudança de decúbito, localização na borda esternal esquerda superior ou ápice cardíaco e presença de irradiação do sopro.

Cem crianças apresentaram desaparecimento do sopro cardíaco quando se mantinham na posição ortostática. Dentro desse grupo, apenas 2 (2%) apresentavam alterações cardíacas estruturais. Dessas duas crianças, apenas uma apresentava lesão com necessidade de intervenção (defeito do septo atrial), enquanto a outra apresentou lesão sem necessidade de intervenção ou acompanhamento especializado (defeito do septo ventricular muscular).

Essa avaliação simples ao exame físico, associada a outras características da ausculta cardíaca, pode colaborar com a redução de encaminhamentos desnecessários ao especialista, evitando custos desnecessários e ansiedade parental e da criança excessivas.

É médico e também quer ser colunista do Portal PEBMED? Clique aqui e inscreva-se!

Referências:

  • Auscultation While Standing: A Basic and Reliable Method to Rule Out a Pathologic Heart Murmur in Children. doi: 10.1370/afm.2105. Ann Fam Med November/December 2017 vol. 15 no. 6 523-528

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades