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Pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) estão sujeitos a uma doença incurável na qual o tratamento clínico garantiu grandes resultados na sobrevida média destes indivíduos.
O tratamento para ICFER é tão eficiente que alguns pacientes se recuperam totalmente da disfunção ventricular, reduzindo, inclusive, os tamanhos das cavidades do VE e se livrando completamente dos sintomas. Seria então esse o momento de suspender os medicamentos?
A resposta é não. Seria justo, porém, manter pacientes assintomáticos, com seus déficits recuperados, em tratamento clínico e sujeitos aos efeitos colaterais das drogas?
Essa pergunta foi testada no estudo TRED-HF, que analisou 51 pacientes assintomáticos com cardiomiopatia dilatada prévia e fração de ejeção <40% que recuperaram a função sistólica elevando a fração de ejeção para 50% ou mais. Os pacientes foram divididos em dois grupos onde o primeiro grupo (N=25) teve sua terapia completamente retirada, enquanto o segundo grupo (N=26) manteve o tratamento.
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O desfecho primário era composto por uma redução da fração de ejeção de 10% ou mais ou queda abaixo de 50%, volume diastólico final do VE com aumento de 10% ou maior que o valor de referência, um aumento em 2 vezes do NT-proBNP ou um NT-proBNP acima de 400 ng/L ou evidência clínica de insuficiência cardíaca.
O primeiro grupo apresentou o desfecho primário em 44% dos pacientes contra nenhum paciente do grupo que manteve a terapia, após seis meses de seguimento o grupo que tinha mantido a terapia suspendeu a medicação e 36% dos pacientes atingiram o desfecho primário.
Portanto, a recuperação dos volumes cavitários do VE e da fração de ejeção deve ser motivo de comemoração do tratamento da insuficiência cardíaca, porém a necessidade de se manter o tratamento indefinidamente vigora até que evidências clínicas ou novos avanços na terapêutica surjam.
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Referências:
- Halliday BP, Wassall R, Lota AS, et al. Withdrawal of pharmacological treatment for heart failure in patients with recovered dilated cardiomyopathy (TRED-HF): an open-label, pilot, randomised trial. Lancet 2019; 393:61.