Suicídio entre médicos está crescendo. Precisamos falar sobre isso

Uma estimativa indica que 300 a 400 médicos cometem suicídio por ano. Diante disso, a pergunta é: existem fatores que predispõem médicos ao suicídio?

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Uma estimativa da American Foundation for Suicide Prevention indica que, em média, 300 a 400 médicos cometem suicídio por ano em todo o mundo. Embora haja alguma variação na literatura, a maior parte dos estudos indica que as taxas de suicídio entre os médicos são maiores do que a população em geral, especialmente entre as mulheres. Diante dessas estatísticas, a pergunta que fica é: existem indicadores ou fatores de personalidade que predispõem os médicos ao suicídio?

Pesquisadores descobriram que existe sim um número de fatores pragmáticos que contribuem para o suicídio entre os médicos, entre eles os transtornos do Eixo I (especialmente humor, uso de drogas e transtornos relacionados ao álcool), estilo cognitivo, fatores psicossociais e características particulares de personalidade.

Transtornos do Eixo I: entre as várias perturbações de Eixo I, distúrbios de humor são comumente observados, principalmente entre mulheres. Como exemplo de prevalência de depressão entre os médicos, de acordo com uma pesquisa realizada em 2006, mais de dois terços dos médicos que reportaram burn-out e quase um terço reconheceram estar em depressão.

Tal como acontece com o suicídio na população em geral, além de depressão, abuso de álcool e de substâncias são fatores comuns associados. Álcool e uso de substância afetou de 20 a 40% dos médicos que se suicidaram.

Estilo Cognitivo: nosso processamento cognitivo das situações afeta o nosso comportamento. Nesse sentido, pesquisadores examinaram a “racionalidade” percebida no suicídio entre 114 médicos. Nessa amostra, 61% dos participantes acreditavam que o suicídio poderia ser uma escolha racional em certas circunstâncias. As mulheres eram mais prováveis a apoiar este ponto de vista, que ecoa o padrão de comportamento de taxas mais altas de suicídio entre médicos do sexo feminino.

Fatores Psicossociais: tensão devida à profissão, bem como conflitos e insatisfação com a escolha de carreira. A primeira delas, pode incluir demandas ocupacionais excessivas, bem como a falta de apoio pessoal. Responsabilidades da vida fora dos hospitais parecem ser um fator importante nessa tensão, especialmente no que diz respeito às responsabilidades domésticas. Como ilustração, apesar das mudanças no estilo de vida e a inversão dos papéis de “dona de casa” e “chefe de família”, mulheres ainda tendem a dominar a criação dos filhos. Esse fato, junto com as demandas da medicina, pode explicar as tensões consideráveis com que as mulheres enfrentam em seus esforços para equilibrar família e carreira.

Quanto aos conflitos e insatisfação com a carreira, os médicos devem lutar com a crescente dívida educacional, expectativas irrealistas de pacientes, pressões para atender cada vez mais pacientes, avaliações de desempenho questionáveis, preocupações com negligência, demanda por educação continuada e perda de status social. Todos esses encargos têm efeitos profundamente enraizado na moral. Entre os médicos entrevistados pelo American College of Physicians em pesquisa sobre o assunto, quase 60% indicaram que, em algum momento, pensaram em deixar a medicina. Outras variáveis psicossociais incluem divórcio, deficiência física e violência doméstica.

Personalidade: traços de personalidade ou características também podem funcionar como fatores de vulnerabilidade para o suicídio. Informações de diferentes estudos caracterizam a personalidade dos médicos como obsessiva compulsiva, distímica, consciente, introvertida e ansiosa. De acordo com a literatura, os médicos evitam pedir ajuda, são excessivamente autossuficientes e tendem a negar a angústia pessoal ou tipos de desconforto. Essas características psicológicas e de personalidade parecem sugerir autoconfiança excessiva, altas expectativas de si mesmo e não divulgação de angústia pessoal. Assim, durante os períodos de crise pessoal, os médicos podem ser menos propensos do que outros a procurar ajuda.

O que fazer diante desse quadro? Esteja atento a si mesmo e ao seus colegas. Seja sensível à aflição psicológica em si mesmo e nos outros, e esteja disposto a obter e oferecer apoio quando necessário. Em muitos casos, o impulso suicida é um fenômeno temporário, que vai passar. Esteja em guarda para não perder a si mesmo ou colegas talentosos em um fugaz momento de desespero.

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