Superlotação em emergências está associada a maior mortalidade para os pacientes

Estudo estabeleceu associação entre superlotação do departamento de emergência e a mortalidade em pacientes atendidos nos serviços de emergência da Suécia.

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Os pesquisadores da American College of Emergency Physicians descreveram a associação entre superlotação do departamento de emergência (DE) e a mortalidade em pacientes atendidos nos serviços de emergência da Suécia. O estudo foi publicado no Annals of Emergency Medicine.

Metodologia

Este foi um estudo baseado em um registro das visitas de emergência com todos os pacientes com 18 anos ou mais, no serviço de emergência durante 2009 a 2016 (705.699). Foram excluídos os pacientes com alto risco de morte, que necessitavam de cuidados imediatos. O foco foi estudar justamente os pacientes de menor risco que ficam esperando atendimento clínico na emergência. 

A amostra foi dividida em pacientes que sobreviveram (n = 705.076) ou morreram (n = 623) dentro de 10 dias do atendimento inicial. Variáveis ​​referentes às características do paciente e medidas do atendimento no DE (tempo médio de permanência e razão de ocupação de DE) foram extraídas dos prontuários eletrônicos dos hospitais. 

A permanência por consulta de emergência foi estimada pelo tempo médio de permanência para todos os pacientes que se apresentaram ao DE durante o mesmo dia. A mortalidade de dez dias após a alta do DE foi usada como medida de desfecho. Uma estatística multivariável de análises de regressão logística foi realizada.

Saiba mais: O curioso problema da superlotação nos serviços de Emergência do Brasil

Resultados

A taxa de mortalidade em dez dias foi de 0,09% (n = 623). O grupo de eventos (morte) teve maiores proporções de pacientes com 80 anos ou mais (51,4% versus 7,7%), triagem com nível de “acuidade/gravidade” de 3 (63,3% versus 35,6%) e maior comorbidade (medida pelo índice de Charlson).

Observou-se um aumento da mortalidade em 10 dias para pacientes com DE quando o tempo de permanência foi maior ou igual a oito horas versus menos de duas horas (odds ratio ajustada 5,86; intervalo de confiança de 95% [IC] 2,15 a 15,94) e para a elevada taxa de ocupação de DE. Razões de chances ajustadas para quartis de razão de ocupação de DE 2, 3 e 4 versus quartil 1 foram 1,48 (IC 95% 1,14 a 1,92), 1,63 (IC 95% 1,24 a 2,14) e 1,53 (IC 95% 1,15 a 2,03), respectivamente.

Conclusão

Pacientes apresentaram mortalidade mais alta em dez dias quando o tempo médio de internação foi superior a oito horas e quando a taxa de ocupação da emergência aumentou. Essa influência ocorreu independente de outros fatores de risco, como idade e comorbidades. Ou seja, ir a serviços lotados nos quais se espera horas para ser atendido pode ser um fator de risco para a mortalidade. 

A pergunta que fica é que esse estudo não avaliou os motivos ou as explicações para tal fato. Menor tempo para atendimento, burnout, possível redução na reavaliação e na qualidade de exames complementares são alguns dos possíveis fatores a serem estudados no futuro.

Por isso, mais pesquisas serão necessárias para investigar se o tempo de permanência ED e a razão de ocupação ED estão associados no aumento da mortalidade.

 

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