Telemedicina como um “EPI digital”

Em uma crise sanitária, como a pandemia de Covid-19, ocorre uma busca nos sistemas de saúde por uma resposta apropriada, como a telemedicina.

Dentro de uma crise sanitária ocorre uma guinada nos sistemas de saúde em que uma resposta apropriada deve ser tomada rapidamente. Esse processo molda inovações tecnológicas e instituições devem se reorganizar para que uma maior quantidade de recursos seja ofertada.

A lógica estatal, que defende interesses nacionais; a corporativa, focada na eficiência; a profissional, voltada aos trabalhadores; e a familiar, centrada na lealdade, se entrelaçam e influenciam a inovação digital mutuamente.]

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Nesse contexto, o maior hospital de Israel — Sheba Medical Centre — foi utilizado para um estudo de caso em um artigo publicado por Osborn e colaboradores. Essa instituição, classificada pela Newsweek em 2020 como o nono melhor hospital do mundo, foi considerada como exemplar no uso de tecnologias para responder à altura da pandemia durante a primeira onda. Diversas camadas da sociedade se uniram com o hospital frente à crise iminente: Ministério da Defesa, indústrias, profissionais da linha de frente, pacientes e familiares. O estudo entrevistou pessoas que participaram dessa atuação e analisou os fatos ocorridos.

Os primeiros pacientes com Covid-19 chegaram ao país através de um cruzeiro. O hospital em questão comunicou-se com o poder público a fim de assumir os casos e montou uma complexa estrutura para isolar e monitorizar os pacientes e contactantes à distância. O objetivo maior era “ter o máximo de cuidado médico com o mínimo de contato físico”. Até mesmo câmeras de vigilância que disparavam alarmes caso alguém entrasse em departamento sem máscara foram utilizadas.

Devido ao grande espaço físico do hospital e arredores, foi possível criar diferentes unidades de atendimento. Esses locais eram conectados com tecnologias de acesso remoto. Foi criada uma “Sala de Guerra” para administrar e analisar o desempenho de todas as instalações remotamente. Por mais que existisse um enorme preconceito entre alguns profissionais quando se tratava de diminuir o contato físico com os pacientes, o medo de se contaminar prevaleceu — semelhante até mesmo com o que houve com o HIV no início — e notou-se que compensava monitorar os pacientes da “zona contaminada” através de uma “zona limpa”. Percebeu-se também que os pacientes relatavam conseguir se comunicar melhor através de um visor — em que aparecia um rosto humano sem EPI — do que com um profissional pessoalmente completamente paramentado.

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Foi instituído em conjunto desses atos a “visita eletrônica”, em que era possível a comunicação dos familiares à distância. Todavia, por mais que a tecnologia pudesse ser utilizada da casa da família, muitos familiares ainda preferiam ir até o hospital para se comunicar com o paciente através de uma sala especial fornecida pela instituição. Ademais, essas ferramentas utilizadas nas telecomunicações foram incorporadas entre os pacientes, que formaram sua própria comunidade de indivíduos isolados.

Telemedicina como um "EPI digital"

Recursos lógicos e tecnológicos na resposta à pandemia

O artigo sumariza ainda quatro níveis na resposta ao combate da pandemia: o poder público, que é baseado no bem estar da comunidade, garante recursos para a telemedicina auxiliar na crise sanitária nacional; as empresas, pautadas no seu crescimento interno, contribuem com seus recursos tecnológicos para resolver problemas dentro do hospital; os profissionais da saúde, com sua expertise, utilizam a telemedicina para contribuir com o cuidado, recuperação e comunicação com o paciente; e a família usa essas ferramentas para manter o envolvimento e o vínculo com seus parentes.

Conclusão

Uma crise pode modificar objetivos de diferentes grupos e conectá-los para que novos modelos de trabalho sejam estabelecidos. O caso em questão do maior hospital de Israel é um exemplo de como inovações tecnológicas podem contribuir com soluções adequadas em períodos de crise.

Referências bibliográficas:

  • Osborn et al. Institutional logics and innovation in times of crisis: Telemedicine as digital ‘PPE’. Information and Organization. 2021;31(1):100340. doi: 1016/j.infoandorg.2021.100340.

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