Terapia com remestemcel-L é promissora no manejo da SIM-P?

Um estudo publicado no jornal Pediatrics avalia a terapia celular imunomoduladora com remestemcel-L para pacientes com SIM-P.

Um estudo recentemente publicado no jornal Pediatrics concluiu que a terapia celular imunomoduladora com remestemcel-L parece promissora para pacientes com manifestações cardiovasculares clinicamente significativas de síndrome inflamatória multissistêmica em pediatria (SIM-P).

Um estudo publicado no jornal Pediatrics avalia a terapia celular imunomoduladora com remestemcel-L para pacientes com SIM-P.

O remestemcel-L

O remestemcel-L é uma terapia experimental, composta de células estromais mesenquimais alogênicas (mesenchymal stromal cells – MSC) expandidas por cultura, derivadas da medula óssea de doadores adultos não aparentados. Essas células de linhagem mesenquimal têm propriedades importantes que se alinham bem com a fisiopatologia da SIM-P, incluindo efeitos benéficos anti-inflamatórios, imunomoduladores da função endotelial e estabilizadores vasculares. A base biológica para os efeitos salutares das células da linhagem mesenquimal envolve a secreção de vários fatores parácrinos, como citocinas anti-inflamatórias, fatores de crescimento que podem aumentar a reparação do tecido e fatores de crescimento angiogênicos que melhoram a função endotelial em artérias coronárias e periféricas.

De acordo com o estudo, o padrão de mediadores anti-inflamatórios liberados por MSC é uma resposta específica ao ambiente inflamatório encontrado e é, provavelmente, mediado por meio da ativação diferencial de receptores de patógenos moleculares, associados a danos e patógenos expressos em suas superfícies celulares, incluindo receptores toll-like. Dessa forma, as MSC têm alvos imunomoduladores mais precisos do que terapias não específicas, como imunoglobulina intravenosa (IVIg) e esteroides. No entanto, de acordo com os pesquisadores, ao contrário de terapias direcionadas a uma via única, como os inibidores da interleucina-1 ou da interleucina-6, as MSC têm um conjunto mais amplo de efeitos benéficos, que se alinham bem com os distúrbios patológicos associados à SIM-P. As MSC foram avaliadas para tratamento em uma variedade de condições inflamatórias e imunomediadas. Até o momento, aproximadamente 1100 pessoas, incluindo 311 crianças, receberam remestemcel-L em investigações. Coletivamente, os dados sugerem que remestemcel-L tem um perfil de eficácia e segurança favorável, incluindo crianças com doença enxerto versus hospedeiro aguda resistente a esteroides.

O estudo consistiu na apresentação dos dois primeiros pacientes com SIM-P com risco de morte já tratados com remestemcel-L. Ambos eram crianças previamente saudáveis, sem qualquer indicação de infecção ou exposição prévia a Covid-19. Esses dois pacientes apresentaram doença grave, incluindo disfunção miocárdica, instabilidade hemodinâmica, hipotensão, lesão renal aguda e choque. No momento da admissão hospitalar, ambos apresentavam testes de PCR negativos e sorologia positiva para SARS-CoV-2, recebendo tratamento padrão para SIM-P. Embora tenham mostrado alguma melhora clínica, os pesquisadores descreveram que a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (VE) permaneceu reduzida e os biomarcadores inflamatórios ficaram significativamente elevados. Quando tratados com duas doses intravenosas de remestemcel-L, em um intervalo de 48 horas, ocorreu rápida normalização da fração de ejeção do VE, reduções notáveis ​​nos biomarcadores de inflamação sistêmica e cardíaca e melhora do estado clínico. Por fim, nenhuma das crianças apresentou efeitos adversos associados à administração de remestemcel-L.

Conclusão

Portanto, os pesquisadores concluíram que o remestemcel-L exibe efeitos benéficos em relação à fisiopatologia cardíaca e vascular associada à SIM-P, além de um excelente perfil de segurança em crianças. Assim, com base nos efeitos anti-inflamatórios, imunomoduladores e benéficos das MSC na função endotelial, bem como os dados de segurança do remestemcel-L em crianças, esta terapia parece ser promissora como um tratamento eficaz e novo para SIMP-P.

Vejo que, apesar do artigo apresentar resultados promissores e ser bastante animador, trata-se de uma publicação de dois relatos de caso. O ideal seria a realização de estudos com um grupo controle.

Referência bibliográfica:

  • Ross Eckard A, Borow KM, Mack EH, Burke E, Atz AM. Remestemcel-L Therapy for COVID-19-Associated Multisystem Inflammatory Syndrome in Children. Pediatrics. 2021 Feb 12:e2020046573. doi: 10.1542/peds.2020-046573. Epub ahead of print. PMID: 33579813.

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