ACSCC 2021: Terapia neoadjuvante total (TNT) para câncer de reto: observar e esperar

As diversas modalidades na abordagem do câncer de reto visam uma melhor taxa de cura oncológica, associada a uma maior preservação do órgão.

Nesta sessão do American College of Surgeons (ACS) Clinical Congress (ACSCC 2021), os panelistas discutiram as diferentes formas de abordagem do tumor de reto. As diversas modalidades na abordagem do câncer de reto visam uma melhor taxa de cura oncológica, associada a uma maior preservação do órgão, que em última análise também corresponde a menor morbidades pós-operatórias como estomas definitivos. 

As discussões iniciais são bastante consistentes em afirmar que a terapia neoadjuvante total (TNT) é benéfica para os pacientes com menores taxas de metástase e maiores taxas de preservação de função dos pacientes. No entanto, ainda existem dúvidas qual a melhor estratégia a ser abordada após a realização da TNT.

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A resposta ao tratamento neoadjuvante pode ser tão boa que o paciente apresenta uma resposta clínica completa, onde não se observa tumor pelos exames e pode chegar entre 20-50% dos casos. A resposta clínica completa não significa a resposta patológica completa, visto que pequenos nichos de células tumorais podem não ser detectadas. É importante lembrar que a área onde antes estava presente o tumor usualmente apresenta-se como uma cicatriz branca e eventualmente algumas teleangiectasias. Áreas de mucosa normal podem recobrir irregularidades sentidas ao toque retal e portanto o exame físico nestes casos é de grande valia.  O uso de biópsias após TNT não é útil pela alta taxa de falso negativos nesta situação. 

Terapia neoadjuvante total (TNT) para câncer de reto: observar e esperar

Observar e esperar

Alguns pacientes que atingiram a resposta clínica completa (endoscópica, toque retal e radiológica), podem ser enquadrados numa estratégia de acompanhamento clínico, Watch & Wait (WW), na qual o paciente é vigiado de perto em busca de crescimento tumoral na área de tumor nos 3 anos após o tratamento. Aparentemente o recrescimento tumoral ocorre em até 22% dos casos com um platô aos 3 anos após término do TNT. Assim, após os 3 anos de observação, o acompanhamento pode ser espaçado. Mesmo nos pacientes com recrescimento, 93% destes, podem ser submetidos a cirurgia de resgate, sem aumento da agressividade cirúrgica. 

O balanço entre o tratamento com radioquimioterapia, posição do tumor e agressividade cirúrgica é fundamental na determinação da preservação de função do reto. Alta doses de RxQt podem dificultar a preservação da função do órgão. Tumores mais proximais que possibilitem uma cirurgia ampla com preservação de função talvez não sejam um bom candidato para tratamentos mais conservadores. 

Para Levar Para casa

É com grande admiração que vemos uma mesa de congresso baseada nos ensinamentos da Profª. Angelita Habr-Gama, sendo representada à altura pelo Dr. Rodrigo Perez. 

A estratégia de observação após resposta completa é de grande valor visto que preserva a função do reto, sem comprometimento oncológico. Esta realidade já é adotada em diferentes centros pelo mundo. 

Referências bibliográficas:

  • ACS. American College of Surgeons (ACS) Clinical Congress. Total Neoadjuvant Therapy for Rectal Cancer: Watch and Wait. [internet]. 2021. Disponível em: https://www.facs.org/clincon2021

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