Terlipressina mais albumina para tratamento da síndrome hepatorenal tipo 1

A terlipressina tem atividade vasoconstritora sistêmica e no sistema esplâncnico, o que pode levar a melhora da perfusão renal no paciente.

A síndrome hepatorenal (SHR) tipo 1 se caracteriza por falência renal rapidamente progressiva, geralmente em pacientes com cirrose e ascite. Se não tratada adequadamente é fatal, com sobrevida média inferior a 3 meses. A terlipressina é uma análoga sintética da vasopressina com atividade vasoconstritora sistêmica e no sistema esplâncnico, o que pode levar a melhora da perfusão renal no paciente cirrótico. Recentemente, Wong e colaboradores publicaram um estudo de fase III, conduzido em 60 centros dos Estados Unidos e Canadá, no qual foi avaliada a eficácia e segurança do uso de terlipressina e albumina em adultos com síndrome hepatorenal tipo 1.

Leia também: Qual o impacto da cirrose hepática após realização de angioplastia coronariana?

Terlipressina mais albumina para tratamento da síndrome hepatorenal tipo 1

Doctor Using Digital Tablet In Corridor Of Modern Hospital

Resumo dos achados

Trezentos pacientes foram randomizados na proporção de 2:1 — 199 no grupo terlipressina e 101 no grupo placebo. A reversão da SHR tipo I (definida por duas medidas consecutivas de creatinina menor que 1,5 mg/dL até o dia 14, com sobrevida livre de terapia substitutiva renal de pelo menos 10 dias adicionais) foi observada em 32% dos pacientes do grupo intervenção e 17% do placebo (p = 0,006). Cerca de 17% dos pacientes que reverteram a SHR com terlipressina recidivaram após 30 dias. Até o dia 90 de seguimento, 23% dos indivíduos que receberam terlipressina e 29% do placebo foram submetidos a transplante hepático. O desfecho óbito foi registrado em 51% do grupo terlipressina e 45% do grupo placebo. Os sujeitos tratados com terlipressina apresentaram significativamente mais efeitos colaterais graves, como dor abdominal, náusea, diarreia e, especialmente, insuficiência respiratória.

Conclusões

O uso de terlipressina é capaz de melhorar a função renal na síndrome hepatorenal tipo 1 se comparado ao placebo. No entanto, a terlipressina não melhora a sobrevida em 90-dias e está associada a maior incidência de efeitos adversos graves. Os achados do estudo são limitados pelo fato dos autores terem adotado como definição de SHR tipo 1 um conceito antigo, no qual se aguardava dobrar a creatinina para um valor superior a 2,25 mg/dL dentro de 14 dias, após expansão com albumina por 48 horas e retirada de diuréticos, para se iniciar a intervenção medicamentosa. No entanto, sabe-se, atualmente, que o tratamento deve ser instituído precocemente, uma vez que probabilidade de resposta farmacológica da SHR é inversamente proporcional ao valor da creatinina ao início do tratamento. Assim, as novas diretrizes recomendam iniciar terlipressina e albumina na presença de injúria renal aguda e ausência de redução da creatinina para valores < 0,3 mg/dL acima da basal, a despeito das medidas terapêuticas instituídas nas primeiras 48 horas, excluídas outras causas de lesão renal. Dessa maneira, é possível que a terlipressina tenha melhores resultados que os observados nesse ensaio clínico se empregada precocemente.

Saiba mais: Tratamento da trombose de veia porta em pacientes com ou sem cirrose

Referências bibliográficas:

  • Wong F, et al. Terlipressin plus Albumin for the Treatment of Type 1 Hepatorenal Syndrome. N Engl J Med. 2021; 384:818-828. doi: 1056/NEJMoa2008290

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.