Testes diagnósticos para Covid-19: quais as evidências disponíveis?

Desde o início da pandemia de Covid-19, tem-se buscado elaborar diferentes testes diagnósticos. Quais as diferenças entre eles?

Desde o início da pandemia de Covid-19, tem-se buscado formas de realizar o diagnóstico da forma mais acurada possível. Nesse processo, diversas metodologias de identificação do patógeno ou de anticorpos foram desenvolvidas, cada uma com vantagens e desvantagens.

A seguir, montamos uma rápida revisão sobre as evidências em torno dos principais testes diagnósticos disponíveis.

médico laboratorista avaliando resultado de testes diagnósticos

Testes rápidos

Dentro deste grupo, existem alguns tipos diferentes dos chamados “testes rápidos“. Entre eles destacamos aqueles que detectam anticorpos e os que identificam o antígeno do vírus.

Em 2020, foi realizada uma meta-análise por Castro¹ avaliando alguns tipos de testes para a identificação do SARS-CoV-2 disponíveis no Brasil, em sua maioria testes rápidos.

Identificação de anticorpos

O trabalho demonstrou que testes para detecção de IgM apresentam em média sensibilidade de 82% (IC 95% 76 – 87%) e especificidade de 97% (IC 95% 96 – 98%). Testes baseados em detecção de IgG apresentaram sensibilidade de 97% (IC 95% 90 – 99%) e especificidade de 98% (IC 95% 97 – 99%).

Anticorpos da classe IgM puderam começar a ser encontrados após 3 a 6 dias de sintomas¹, atingindo seu pico por volta do 20º dia, com posterior queda progressiva. Os de classe IgG foram detectados após o 8º dia de sintomas, atingindo seu pico por volta do 25º dia, se mantendo detectáveis por alguns meses.

Outro dado interessante do trabalho é que durante a fase aguda dos sintomas, testes para detecção de IgM podem apresentar taxas de falso negativo de 10 a 40%¹.

Mais do autor: Atualização sobre testes laboratoriais para SARS-CoV-2

Testes rápidos para detecção de antígenos

Os testes rápidos para detecção de antígeno em amostras de orofaringe e nasofaringe, coletados por swab, inicialmente foram lançados no mercado com relato de alta sensibilidade.

A meta-análise supracitada identificou sensibilidade de 97% (IC 95% 85 – 99%), e especificidade de 99% (IC 95% 77 – 100%), tendo como referência o RT-PCR¹. Entretanto, análises posteriores e independentes demonstraram sensibilidade substancialmente mais baixas que as anteriormente declaradas, em torno de 72-81%².

Testes sorológicos

A respeito dos exames sorológicos, diferentes metodologias foram analisadas por Lisboa (2020) em uma outra meta-análise³. O método ELISA demonstrou, medindo IgG ou IgM, uma sensibilidade de 84,3% (IC 95% 75,6 – 90,9%).

Enquanto isso, os métodos do tipo LFIA (lateral flow immunoassays) apresentaram sensibilidade de 66% (IC 95% de 49,3-79,3%). Por sua vez, exames com método CLIA (chemiluminescent immunoassays), alcançaram sensibilidade de 97,8% (IC95% 46,2 – 100%). As especificidades destes testes variaram de 96,6% a 99,7%. A sensibilidade foi maior a partir de três semanas após o início dos sintomas (variando de 69,9% a 98,9%) em comparação com a primeira semana (13,4% a 50,3%)³.

Veja também: Testes para Covid-19: como usar e como interpretar?

RT-PCR

O teste molecular para detecção do RNA viral tem sido considerado como o padrão-ouro, ao qual os demais testes são comparados. Ele é capaz de identificar a partícula viral em amostras de orofaringe e nasofaringe. Contudo, é preciso salientar que ele não detecta apenas vírus viáveis, podendo persistir com resultado positivo por semanas após a cura do paciente.

A padronização dos exames baseados em RT-PCR (reverse transcriptase polymerase chain reaction), no início da pandemia, contou com outros exames de controle, como a cultura viral e a microscopia eletrônica. Floriano4 (2020), a partir de uma meta-análise, demonstrou uma sensibilidade de 86% (IC 95% 84 – 88%) e especificidade de 96% (IC 95% 94 – 97%)4, do RT-PCR para diagnóstico da Covid-19.

Referências bibliográficas:

  1. Castro R, Luz PM, Wakimoto MD, Veloso VG, Grinsztejn B, Perazzo H. COVID-19: a meta-analysis of diagnostic test accuracy of commercial assays registered in Brazil. Braz J Infect Dis. 2020 Mar-Apr;24(2):180-187. doi: 10.1016/j.bjid.2020.04.003.
  2. Gremmels, H., Winkel, B. M. F., Schuurman, R., Rosingh, A., Rigter, N. A. M., Rodriguez, O., Hofstra, L. M. (2020). Real-life validation of the Panbio™ COVID-19 antigen rapid test (Abbott) in community-dwelling subjects with symptoms of potential SARS-CoV-2 infection. EClinicalMedicine doi: https:/doi.org/10.1016/j.eclinm.2020.100677
  3. Lisboa Bastos M, Tavaziva G, Abidi SK, Campbell JR, Haraoui LP, Johnston JC, Lan Z, Law S, MacLean E, Trajman A, Menzies D, Benedetti A, Ahmad Khan F. Diagnostic accuracy of serological tests for covid-19: systematic review and meta-analysis. BMJ. 2020 Jul 1;370:m2516. doi: 10.1136/bmj.m2516.
  4. Floriano I, Silvinato A, Bernardo WM, Reis JC, Soledade G. Accuracy of the Polymerase Chain Reaction (PCR) test in the diagnosis of acute respiratory syndrome due to coronavirus: a systematic review and meta-analysis. Rev Assoc Med Bras (1992). 2020 Jul;66(7):880-888. doi: 10.1590/1806-9282.66.7.880.

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