Testosterona aumentada após a menopausa: o que devemos saber?

O hiperandrogenismo na pós-menopausa é um estado de excesso de androgênios, como testosterona, oriundos de ovários ou adrenais.

O hiperandrogenismo na pós-menopausa é um estado de excesso de androgênios, como a testosterona, oriundos de ovários ou adrenais, podendo se manifestar clinicamente através de hirsutismo e outros sinais e sintomas decorrentes do hiperandrogenismo.

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O que saber sobre hiperandrogenismo

Causas

Se por um lado existe após a menopausa uma redução abrupta da produção de estrogênios, os androgênios, como a testosterona, sofrem uma redução mais lenta e gradual. Uma das explicações se deve ao fato de que tanto na pré-menopausa quanto na pós-menopausa a secreção de androgênios pelos ovários sofre estímulo pela secreção do hormônio luteinizante (LH). Com isso, após a menopausa, a produção de androgênios é mantida quase que integralmente por anos às custas de níveis aumentados de LH, enquanto a produção de estradiol e demais estrogênios cessa abruptamente. Este desequilíbrio na relação estrogênio/androgênio é também amplificado pela redução de SHBG que também ocorre neste período, promovendo um aumento da fração livre de androgênios. A presença de resistência insulínica (RI), bem prevalente nesta população, contribui para este desequilíbrio, uma vez que a insulina atua como uma espécie de cogonadotropina.

Apesar disso, nesta fase, raramente os níveis de testosterona na menopausa ultrapassam o limite superior da normalidade, o qual gira em torno de 40 ng/dL.

A presença de hirsutismo (aumento de pelos terminais em face, abdome e outras áreas androgênio-dependentes), alopecia e acne deve levantar a suspeita de um quadro de hiperandrogenismo. Em caso de hirsutismo mais severo e sinais de virilização (alopecia de padrão androgenético importante, engrossamento de voz e clitoromegalia), a hipótese de tumores virlizantes ovarianos ou adrenais deve ser prontamente levantada.

Uma causa mais comum é a chamada hipertecose ovariana. Uma desordem não neoplásica, de etiologia desconhecida, que se apresenta de modo lentamente progressivo e lembra a síndrome dos ovários micropolicísticos (SOP), apresentando também associação com resistência insulínica. À ultrassonografia, os ovários apresentam-se aumentados. Laboratorialmente os níveis de testosterona raramente ultrapassam os valores de 150 ng/dL e não costuma haver aumento de outros androgênios. O diagnóstico definitivo se dá através do resultado histopatológico, após o tratamento cirúrgico.

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Endocrinopatias como Cushing e acromegalia também devem ser excluídas, de acordo com a suspeita clínica. Causas como a SOP e a hiperplasia adrenal congênita, quando presentes, em geral já são conhecidas desde uma idade bem mais jovem. O uso exógeno de testosterona ou outros derivados androgênicos deve ser sempre interrogado.

A pesquisa laboratorial inclui a dosagem de testosterona total, androstenediona e SDHEA. Níveis de testosterona superiores a 150 ng/dL sugerem causas tumorais. A elevação importante de SDHEA (> 700 ng/dL) sugerem uma origem adrenal, sendo recomendada a realização de exame de imagem (tomografia computadorizada de abdome).

Tratamento

O tratamento depende da etiologia, sendo cirúrgico no caso dos tumores adrenais (adrenalectomia), ovarianos (ooforectomia + histerectomia) e hipertecose ovariana (salpingooforectomia bilateral – SOB).

Em casos de carcinoma adrenal, a quimioterapia costuma estar indicada.

Em pacientes com exames de imagem negativos, risco cirúrgico elevado ou que recusem o tratamento cirúrgico, o uso de análogos do GnRH (acetato de leuprolide, por exemplo) podem ser uma alternativa terapêutica. A normalização dos níveis de androgênios com este tratamento pode ter função também diagnóstica, uma vez que tal resposta aponta para uma fonte ovariana do hiperandrogenismo.

Referências bibliográficas:

  • Tng EL, Tan JMM. Gonadotropin-Releasing Hormone Analogue Stimulation Test Versus Venous Sampling in Postmenopausal Hyperandrogenism. J Endocr Soc. 2020 Nov 5;5(1):bvaa172. E-collection 2021.
  • Kostakis EK, Gkioni LN, Macut D, Mastorakos G. Androgens in Menopausal Women: Not Only Polycystic Ovary Syndrome. Front Horm Res. 2019;53:135-161. doi: 1159/000494909
  • Markopoulos MC, et al. Hyperandrogenism after menopause. Eur J Endocrinol. 2015 Feb;172(2):R79-91.

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