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A tosse, em circunstâncias normais, é um reflexo que protege contra aspirações e costuma estar presente em diversas situações. Entretanto, em inúmeros casos, ela se torna prolongada, com prejuízos à qualidade de vida e à vida financeira das pessoas. Estima-se que até 18% das pessoas sofram de tosse crônica ou tosse refratária. Essa revisão se dispõe a pontuar o que há de evidência para manejo e tratamento da tosse crônica, além das novas perspectivas.
Classicamente, a tosse pode ser definida em aguda (até 3 semanas de duração), subaguda (entre 3-8 semanas), ou crônica (maior ou igual a 8 semanas). O termo tosse crônica refratária foi utilizado para definir pacientes com resistência a tratamentos específicos, porém não há muita diferença de sintomas. Independentemente de como é chamada, a tosse crônica é associada a inúmeras doenças e com necessidade de melhores tratamentos. É frequentemente desencadeada por baixos níveis de exposição térmica, mecânica ou química, refletindo uma etiologia comum, conhecida como síndrome de hipersensibilidade à tosse, caracterizada por uma desregulação central, de nervos sensitivos vagais e gânglios. A prevalência global é de cerca de 10%, com predomínio em mulheres e pode durar anos, com relatos de persistência de 10 a 20 anos. Pode vir associada com outros sintomas como dispneia, fadiga, alterações do sono e incontinência urinária, este último também mais encontrado em mulheres e um forte fator de piora da qualidade de vida. Uma série de condições, incluindo síndrome do intestino irritável, apneia obstrutiva do sono, obesidade, doença da tireoide, síndromes neuropáticas, doença do refluxo, asma e rinite alérgica, são comuns em pacientes com tosse crônica, contribuindo para a carga sintomática da doença. O diagnóstico deve excluir doenças de base e visar as características do indivíduo, como a presença de inflamação eosinofílica, que pode predizer resposta aos corticoides inalatórios, e a presença de refluxo gastroesofágico.
Uma variedade de tratamentos é atualmente recomendada para controlar a tosse crônica. Os medicamentos com o nível de recomendação mais forte nas diretrizes da European Respiratory Society (ERS) são neuromoduladores incluindo morfina em baixa dose, gabapentina, pregabalina e amitriptilina. Identificar o tratamento correto pode ser desafiador, uma vez que muitas vezes não está claro qual fenótipo da tosse deve ser tratado e os pacientes podem variar muito em termos de responsividade. Além disso, muitos dos tratamentos recomendados são usados off-label e a evidência de eficácia é limitada ou fraca. Em pacientes com tosse refratária, estudos apontam benefício do antagonista do receptor P2X3, inibindo vias de sinalização em neurotransmissores centrais. Trabalhos recentes apontam que eles são capazes de reduzir a frequência e intensidade da tosse e a droga mais estudada é o Gefapixant. Os efeitos colaterais são raros, e o mais relatado é a disgeusia. Porém, maiores estudos fase III ainda são necessários.
Referências bibliográficas:
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