Transmissão de citomegalovírus via leite materno em bebês com baixo peso ao nascer e em prematuros

Uma recente revisão sistemática, publicada no jornal BMC Pediatrics, avaliou a taxa de infecção por citomegalovírus por leite materno.

Os resultados de uma recente revisão sistemática com metanálise publicada no jornal BMC Pediatrics sugeriram uma taxa de infecção por citomegalovírus (CMV) mais alta em bebês com baixo peso ao nascer (BPN) ou prematuros alimentados com leite materno (LM) não tratado do que em outros grupos de alimentação.

Quase 96% das mães positivas para o CMV apresentam reativação do vírus, definida como liberação de vírus viável ou presença de ácido desoxirribonucleico (DNA) de CMV no LM. A infecção causada pelo CMV causa sérias consequências clínicas em prematuros, incluindo insuficiência respiratória, neutropenia, trombocitopenia, hepatomegalia e sepse.

Nos últimos anos, o LM de mães CMV-positivas tem sido considerado a principal fonte de infecção por CMV adquirida após o nascimento de prematuros. Além disso, uma metanálise anterior relatou que a síndrome semelhante a sepse relacionada ao CMV (CMV-SLS) é relativamente rara em bebês com infecção por CMV adquirida no LM. Ainda assim, recentemente, vários estudos sobre a infecção por CMV adquirida no LM em bebês com BPN ou prematuros forneceram novas evidências sobre esse tópico. Inclusive, alguns estudos relataram uma forte associação entre o CMV adquirido no LM e o CMV-SLS em bebês com BPN e prematuros.

Dessa forma, face aos estudos vigentes possibilitando a conclusão de uma nova revisão sistemática e metanálise com maior poder estatístico, pesquisadores da China investigaram os efeitos da transmissão do CMV via LM na população de bebês com BPN e prematuros.

mãe com bebê com citomegalovírus por leite materno

Citomegalovírus via leite materno

Os pesquisadores conduziram uma revisão nas bases de dados PubMed, Medline, Cochrane Library e Embase, sem restrição de linguagem e tempo, de artigos publicados antes de 27 de março de 2020, que avaliaram o efeito do CMV transmitido pelo LM em bebês com BPN e prematuros. As taxas de infecção por CMV adquirida no LM, os sintomas relacionados ao CMV e a CMV-SLS em bebês com BPN e prematuros foram agrupados a partir de cada estudo.

O estudo seguiu as diretrizes PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analysis guidelines).

Leia também: Fatores de risco para viremia por citomegalovírus (CMV)

Resultados

Foram incluídos 18 estudos, totalizando 1.920 bebês com BPN e prematuros, publicados entre 2001 e 2019. O número de bebês em cada estudo variou de 7 a 539. Desses, 17 utilizaram PCR (reação em cadeia da polimerase), quatro utilizaram RT-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real) e um utilizou imunofluorescência para detecção de CMV nos bebês.

A taxa combinada de infecção por CMV do leite humano para bebês alimentados com LM não tratado foi significativamente maior do que naqueles alimentados com LM congelado [19,3, intervalo de confiança de 95% (IC) = 11,8-29,9% versus 13,5, IC 95% = 8,0-22,0% , P <0,01). Além disso, a taxa combinada de infecção por CMV para bebês alimentados com LM não tratado foi significativamente maior do que aqueles com alimentação mista (P <0,0001). O grupo de alimentação mista teve uma taxa significativamente menor de sintomas relacionados ao CMV do que os outros grupos (2,4%, P <0,01).

Conclusão

Nesse importante estudo, os pesquisadores observaram que bebês alimentados com LM não tratado tiveram uma taxa de infecção por CMV significativamente maior em bebês com BPN e prematuros, quando comparados com outros grupos. Ademais, o grupo de alimentação mista teve uma taxa significativamente menor de sintomas relacionados ao CMV e CMV-SLS do que os outros grupos. Apesar dos resultados relevantes, são necessários mais estudos originais conduzidos em diferentes locais e culturas para corroborar esses desfechos¹.

Veja mais: A associação entre a excreção urinária de citomegalovírus materno e a taxa de infecção congênita

Comentário

A infecção por CMV no período perinatal pode ser decorrente do aleitamento. Todavia, não há relevância para o neonato a termo e em boas condições, apesar de acometer até metade desses bebês. Dessa forma, não está indicada a suspensão de aleitamento materno nesses bebês em casos em que a mãe é positiva para o CMV.

No entanto, o LM pode desencadear infecção por CMV no contexto da prematuridade, em razão da redução dos anticorpos maternos transferidos de forma passiva². Portanto, o tratamento desse leite deve ser considerado nessa população de pacientes.

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Referências bibliográficas:

  1. HU, X. et al. Transmission of cytomegalovirus via breast milk in low birth weight and premature infants: a systematic review and meta-analysis. BMC Pediatr, v.21, 520, 2021
  2. CRISMATT, C. E. et al. A placenta pode auxiliar no diagnóstico da citomegalovirose congênita?. – Revista de Pediatria SOPERJ, v.20, n.2, p.67-71, 2020

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