Transtorno afetivo bipolar: o que você precisa saber para diagnosticar e tratar

Você sabe como lidar adequadamente com o diagnóstico do transtorno bipolar para o seu paciente? Saiba mais sobre esta condição.

Certamente você já ouviu alguém utilizando o termo “bipolaridade” para se referir a alguém que apresenta mudanças abruptas de humor, usualmente ao longo do mesmo dia, e desencadeada por estressores. Apesar deste ser o uso mais difundido do termo, não é sobre esse tipo de manifestação que estamos falando ao dar o diagnóstico de Transtorno Afetivo Bipolar (TAB).  

O transtorno bipolar é um transtorno psiquiátrico caracterizado por episódios de mania/hipomania, depressão e períodos de normalidade, sendo que a presença de episódios de mania/hipomania é condição necessária para o diagnóstico. É um distúrbio crônico e com episódios recorrentes, sendo uma das principais causas de incapacidade em adultos.

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O TAB apresenta uma herdabilidade média de 60,4%, sendo um dos transtornos psiquiátricos mais herdáveis. Parentes de primeiro grau tem 9% de risco de apresentar o transtorno (risco 10 vezes maior do que a população geral). Não obstante, um modelo multifatorial, integrando predisposição genérica e questões ambientais, parece ser mais adequado para definir a patogênese do TAB. A história natural do TAB inclui períodos de remissão, mas a recorrência é normal, especialmente se há baixa aderência ao tratamento. 

Epidemiologia

O TAB afeta mais de 1% da população mundial, independente de etnia, nacionalidade e condições socioeconômicas. O TAB I acomete homens e mulheres igualmente, enquanto o TAB II é mais comum em mulheres. A média de idade de início é de 20 anos. 

A taxa de mortalidade em portadores de TAB é duas vezes maior do que na população geral e os portadores de TAB morrem em média 8,5 a 9 anos mais cedo que a população geral, sendo o suicídio a principal causa de mortalidade precoce. Em relação à população geral, pessoas com TAB apresentam risco 15 vezes maior de suicídio.  

Quadro clínico e diagnóstico

Para que seja dado o diagnóstico de TAB, é preciso que o paciente tenha apresentado ao menos um episódio de mania ou hipomania ao longo da vida, não atribuível a uso de substância, condição médica e que não esteja associado ao transtorno esquizoafetivo ou a transtorno psicótico. Portadores de TAB passam a maior parte do tempo de doença em depressão e os episódios de elevação do humor nem sempre são entendidos como patológicos.

É necessário que o clínico investigue, sistematicamente, a ocorrência de episódios de mania ou hipomania quando estiver diante de um paciente deprimido. 

Episódio de mania

Durante episódios de mania, os pacientes apresentam alterações de humor, psicomotricidade e cognição. A alteração de humor pode tanto se apresentar com humor elevado, expansivo e desinibido, quanto humor irritado e disfórico. A maioria dos pacientes apresenta taquipsiquismo, com diminuição da capacidade de concentração, aceleração de pensamento e logorreia.  

Os pacientes em mania apresentam autoestima elevada e senso de grandeza e importância aumentados, podendo cursar com ideias pseudodelirantes ou até mesmo delirantes (caracterizando um episódio com sintomas psicóticos). Os conteúdos mais frequentes dos delírios são de grandeza, poder e religiosos. 

Ocorre também redução da necessidade de sono (dormir pouco e acordar disposto) e aumento da psicomotricidade. Envolver-se em atividades prazerosas, mas arriscadas, é comum. Gastos financeiros desproporcionais também.  

Os sintomas apresentados durante o episódio de mania precisam ser graves a ponto de causarem prejuízo no funcionamento do paciente ou demandarem, com frequência, internação. Confira as informações destacadas abaixo, retiradas do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5):

Hipomania

Apresentam sintomas semelhantes à mania, mas em menor gravidade e sem sintomas psicóticos, não levando a um prejuízo social tão intenso e não demandando hospitalização. Além disso, a presença de sintomas por mais de quatro dias já é suficiente para o diagnóstico. Muitas vezes esses períodos são entendidos pelos pacientes como uma ocasião de melhora no desempenho social, acadêmico e profissional e não são relatados ou entendidos como algo patológico.

Estados mistos

São muito frequentes no curso do TAB, com prevalência de cerca de 40%. Está associado a maior impulsividade e risco de suicídio, a mais uso de substâncias e a um quadro clínico mais grave – maior duração e menor resposta ao tratamento. De modo genérico, pode ser definido pela presença simultânea, em um mesmo episódio, de sintomas de mania e depressivos.  

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Episódio depressivo

Não há diferenças entre a apresentação de um episódio depressivo unipolar ou bipolar. No entanto, algumas características são mais frequentes em depressões bipolares, como: início precoce, episódios mais cursos (<6 meses) e com início e fim abruptos, maior número de episódios, presença de hipersonia e hiperfagia, redução da psicomotricidade, presença de sintomas psicóticos e história familiar de TAB. 

Comorbidades psiquiátricas

É muito frequente que os pacientes com TAB apresentem comorbidades (chegando a cerca de 75% dos pacientes). As mais comuns são transtornos de ansiedade e por uso de substâncias.  

Tratamento

O tratamento para TAB é dividido em tratamento das fases agudas e de longo prazo (manutenção / profilaxia) e possui especificidades medicamentosas que o diferencia do tratamento de outros transtornos psiquiátricos (colocar link de texto especifico de tratamento). Para todas as fases o tratamento farmacológico é essencial e indispensável.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
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