Tratamento da anemia melhora qualidade de vida de pacientes renais

Estudo avalia o tratamento da anemia em pacientes com doença renal resultaria em melhorias na qualidade de vida do indivíduo.

Pesquisadores da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) realizaram um estudo para avaliar se o tratamento da anemia em pacientes com doença crônica renal resultaria em melhorias na qualidade de vida do indivíduo, em especial quanto ao seu aspecto físico. Os resultados foram publicados na BMC Nephrology.

Os cientistas realizaram uma revisão sistemática e metanálise, que consiste em uma busca na literatura utilizando critérios pré-estabelecidos para a seleção de estudos. 

O doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da PUCPR, Murilo Guedes, explica que, de forma geral, metanálises de estudos de alta qualidade são consideradas a evidência mais robusta na literatura médica. Por trás desse conceito está o princípio de que estudos individuais podem sofrer limitações, mesmo quando bem desenhados e conduzidos.

“Ao analisar sistematicamente a literatura e sumarizar os resultados através de um método estatístico formal, revisões sistemáticas com metanálises tendem a estimar resultados com precisão maior que estudos individuais. Em suma, dada a natureza probabilística da ciência médica, resultados cumulativos e convergentes aumentam a confiabilidade da conclusão. Esse é o poder desse método”, complementa Murilo Guedes.

Como foi realizado o estudo? 

Foi realizada uma revisão sistemática e meta-análise de estudos observacionais e ensaios clínicos randomizados (RCT) com agentes estimuladores da eritropoietina para estimar o efeito de diferentes valores de Hb alcançados na qualidade de vida relacionada à saúde e na funcionalidade.

Pesquisas foram realizadas nos bancos de dados PubMed, EMBASE, CENTRAL, PEDro, PsycINFO e Web of Science, até maio de 2020. Dois autores extraíram independentemente os dados dos estudos.

Foram incluídos ensaios clínicos randomizados e observacionais que envolveram pacientes com doença renal crônica em tratamento de anemia com agentes estimuladores da eritropoietina com diferentes níveis de Hb alcançados entre os grupos.

Os pesquisadores excluíram estudos com Hb alcançada <9 g/dL. Para a meta-análise, foram incluídos RCTs com grupos de controle atingindo Hb 10-11,5 g/dL e grupos ativos com Hb> 11,5 g /dL. A diferença média padronizada (SMD) entre os grupos para qualidade de vida relacionada à saúde física também foi analisada.

Resultados para o tratamento da anemia: 

De acordo com Murilo Guedes, entender que o tratamento da anemia pode resultar em uma melhora na qualidade de vida física, principalmente pela redução de fadiga, pode alinhar potenciais inovações no manejo da anemia na doença renal crônica com a valorização da prioridade desses indivíduos, que é a de ter uma vida melhor. 

O pesquisador aponta que há aproximadamente 697 milhões de indivíduos vivendo com doença renal crônica no mundo, sendo que o número de óbitos atribuíveis por ano ao problema é de 1,2 milhão. 

“Apesar de grandes restrições nas suas rotinas em decorrência, por exemplo, de substancial redução de energia (fadiga), depressão e outras incapacidades físicas, indivíduos com doença renal crônica (DRC) frequentemente não têm alternativas claras de tratamentos que resultem em melhora expressiva de sua qualidade de vida. Isso ocorre por diversas razões, tanto clínicas quanto estruturais. Um ponto em particular é o fato de que estudos clínicos randomizados tendem a mensurar desfechos que diversas vezes não representam os valores dos pacientes, que são os mais afetados pelos resultados”, esclarece Guedes.

O estudo conduzido pelos pesquisadores da PUCPR sugere que subgrupos específicos de pacientes, como os mais jovens e com menos comorbidades, podem ter benefícios clinicamente importantes quando expostos a um tratamento mais ativo da anemia.

“No fim, o que realmente importa é como esses indivíduos sentem a enfermidade que lhes acomete. Trata-se de trazer valor para dentro do cuidado, no dia a dia. Entender que o tratamento da anemia pode resultar em melhora de qualidade de vida física, principalmente através da redução de fadiga, pode alinhar potenciais inovações no manejo da anemia na doença renal crônica com valorização da prioridade desses indivíduos: uma vida melhor”, ressalta.

Ainda segundo Guedes, o próximo passo será expandir o estudo em parceria com pesquisadores de Michigan, nos Estados Unidos, para avaliar o impacto da deficiência de ferro em pacientes renais crônicos.

“Identificamos que a anemia está associada a menores níveis de atividade física e piores desfechos clínicos em pacientes com doença renal crônica”, conclui o pesquisador da PUCPR.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED.

Referência bibliográfica:

  • https://bmcnephrol.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12882-020-01912-8

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