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O genótipo 1 do vírus da hepatite C (VHC) é o genótipo mais comum em todo o mundo e um dos mais difíceis de tratar com regimes baseados em interferon. As opções de tratamento para este genótipo evoluíram rapidamente ao longo dos últimos anos, destacando o desenvolvimento dos antivirais de ação direta de segunda geração e, posteriormente, os esquemas livres de interferon.
O uso de antivirais de ação direta em combinação com outros antivirais de ação direta está associado a maior eficácia quando comparado aos regimes baseados em interferon, promovendo melhores taxas de resposta virológica sustentada e um melhor perfil de segurança.
Ledipasvir com sofosbuvir (LED/SOF) para o tratamento de pacientes infectados com o VHC genótipo 1 pode ser usado com ou sem ribavirina (RBV). Sabe-se que a RBV é bem conhecida por promover eventos adversos significativos.
Neste contexto, uma revisão sistemática da literatura com metanálise comparou a eficácia (avaliada pela resposta virológica sustentada em 4 e 12 semanas após o tratamento e recaída viral) e a segurança (avaliado por qualquer evento adverso, eventos adversos sérios, descontinuação devido a evento adverso, anemia e rash) dos regimes de tratamento com LED/SOF com ou sem RBV em pacientes infectados com o VHC genótipo 1.
Adicionalmente, foi realizada uma análise de subgrupo avaliando a resposta virológica sustentada em 12 semanas após o tratamento incluindo apenas pacientes cirróticos.
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PubMed/MEDLINE, Scopus, Cochrane Library, International Pharmaceutical Abstracts e Web of Science foram as bases de dados utilizadas na revisão junto a uma pesquisa manual.
No total, sete estudos foram incluídos, contemplando 2.567 pacientes. A média de idade dos pacientes em todos os estudos foi de 44,1 anos. Os pacientes foram tratados com maior frequência por 12 semanas (53%), seguido de 24 semanas (28,5%) e 8 semanas (18,3%). Em relação ao genótipo, 71% dos casos estavam infectados com o VHC genótipo 1a e 29% com o genótipo 1b. A maioria dos pacientes não teve cirrose (80%) e não havia realizado tratamento previamente (67%).
Para os desfechos de eficácia não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos LED/SOF com RBV e sem RBV. A análise do subgrupo com pacientes cirróticos não mostrou diferença significativa entre qualquer grupo de tratamento.
LED/SOF com RBV mostrou um pior perfil de segurança quando comparado com LED/SOF sem RBV para os seguintes desfechos: qualquer evento adverso (razão de risco [RR]: 0,56; intervalo de confiança [IC] de 95%: 0,46 a 0,69), anemia (RR: 0,08; IC 95%: 0,04 a 0,17) e rash (RR: 0,35; IC 95%: 0,19 a 0,65).
A administração de LED/SOF com RBV em pacientes virgens de tratamento com ou sem cirrose, e em pacientes sem cirrose e experimentados de tratamento, não promoveu benefícios adicionais significativos. Os resultados da análise de subgrupo envolvendo apenas pacientes cirróticos mostraram eficácias semelhantes, indicando que o uso de RBV não aumenta a eficácia do tratamento neste grupo de pacientes.
Portanto, os riscos e benefícios e a análise de custos do uso de LED/SOF combinados com RBV devem ser considerados para o tratamento de pacientes infectados com VHC genótipo 1.
Veja também: ‘FDA aprova Maviret para o tratamento da hepatite C’
*Esse artigo foi revisado pelo médico Eduardo Moura.
Referências:
- Ferreira V, Assis Jarek N, Tonin F, Borba H, Wiens A, Muzzillo D, et al. Ledipasvir/sofosbuvir with or without ribavirin for the treatment of chronic hepatitis C genotype 1: a pairwise meta-analysis. J Hepatol. 2016;64(2):292–300.