NeurologiaSET 2019

Trombose venosa cerebral: uso do dabigratana é seguro?

Após uma fase inicial tratada com heparinização plena, a maioria dos pacientes com trombose venosa cerebral (TVC) são tratados com varfarina profilática.

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Por Henrique Cal
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Após uma fase inicial tratada com heparinização plena, a maioria dos pacientes com trombose venosa cerebral (TVC) são tratados com varfarina profilática, enquanto alguns recebem anticoagulantes orais diretos – como o dabigatrana – , mas estes últimos sem confirmação de benefício claro (off label).

Para responder à pergunta sobre a eficácia e a segurança deste possível tratamento foi realizado o trabalho RE-SPECT CVT Study Group, um trial europeu acompanhou 120 pacientes com TVC (55% mulheres, idade 40 a 49 anos, 90% com cefaleia na abertura do quadro) durante 24 semanas de tratamento com varfarina versus dabigatrana 150 mg 12/12 horas.

Neste estudo, não foram incluídas etiologias específicas para as TVC, como trauma ou infecção. Por outro lado, decidiu-se incluir hemorragia intraparenquimatosa, uma complicação possível da TVC (no parênquima cerebral adjacente à trombose) que permite usar anticoagulante, pois este tipo de sangramento tem mais chance de piorar se a trombose não for tratada.

Veja também: Trombose venosa cerebral: keypoints da nova diretriz para diagnóstico e tratamento

TVC: varfarina ou dabigatrana?

Em um seguimento de 25 semanas, os principais resultados foram os seguintes:

  • Não houve piora da TVC com varfarina ou dabigatrana;
  • Houve melhora na TVC em 67% e 60%, respectivamente;
  • Sangramento ocorreu em 20% dos pacientes em cada grupo de tratamento;
  • Não ocorreram outros eventos de tromboembolismo venoso recorrente com varfarina ou dabigatrana.

Como críticas a este estudo, ele teve uma amostra pequena e não foi possível estabelecer não-inferioridade ou superioridade. Além disso, como alguns pacientes necessitam de anticoagulação indefinida, é necessário um acompanhamento a longo prazo para confirmar a segurança e a eficácia além das 25 semanas que foram observadas nesta estudo atual.

Resumindo, apesar de problemas metodológicos, a eficácia e a segurança foram semelhantes entre dabigatran e varfarina para trombose venosa cerebral.

Sobre a trombose venosa cerebral

A trombose venosa cerebral (TVC) nem sempre é um quadro clínico óbvio, mas frequentemente trata-se de pacientes com cefaleia nova sem explicação etiológica esclarecida. É uma doença cerebrovascular pouco prevalente (cerca de 1% dos casos de acidente vascular cerebral), causada pela oclusão dos seios venosos e/ou das veias cerebrais por trombos.

Ocorre mais em adultos jovens, principalmente mulheres. A mortalidade é em torno de 10%, e cerca de 80% dos pacientes conseguem se recuperar sem nenhuma sequela.

Para o diagnóstico, podem ser utilizadas angiotomografia venosa, angiorressonância magnética venosa ou angiorressonância intra-arterial.

cadastro portal

Referências bibliográficas:

  • Ferro JM, et al. Safety and Efficacy of Dabigatran Etexilate vs Dose-Adjusted Warfarin in Patients With Cerebral Venous Thrombosis. A Randomized Clinical Trial. JAMA Neurol. Published online September 3, 2019. doi:10.1001/jamaneurol.2019.2764

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Após uma fase inicial tratada com heparinização plena, a maioria dos pacientes com trombose venosa cerebral (TVC) são tratados com varfarina profilática, enquanto alguns recebem anticoagulantes orais diretos – como o dabigatrana – , mas estes últimos sem confirmação de benefício claro (off label).

Para responder à pergunta sobre a eficácia e a segurança deste possível tratamento foi realizado o trabalho RE-SPECT CVT Study Group, um trial europeu acompanhou 120 pacientes com TVC (55% mulheres, idade 40 a 49 anos, 90% com cefaleia na abertura do quadro) durante 24 semanas de tratamento com varfarina versus dabigatrana 150 mg 12/12 horas.

Neste estudo, não foram incluídas etiologias específicas para as TVC, como trauma ou infecção. Por outro lado, decidiu-se incluir hemorragia intraparenquimatosa, uma complicação possível da TVC (no parênquima cerebral adjacente à trombose) que permite usar anticoagulante, pois este tipo de sangramento tem mais chance de piorar se a trombose não for tratada.

Veja também: Trombose venosa cerebral: keypoints da nova diretriz para diagnóstico e tratamento

TVC: varfarina ou dabigatrana?

Em um seguimento de 25 semanas, os principais resultados foram os seguintes:

  • Não houve piora da TVC com varfarina ou dabigatrana;
  • Houve melhora na TVC em 67% e 60%, respectivamente;
  • Sangramento ocorreu em 20% dos pacientes em cada grupo de tratamento;
  • Não ocorreram outros eventos de tromboembolismo venoso recorrente com varfarina ou dabigatrana.

Como críticas a este estudo, ele teve uma amostra pequena e não foi possível estabelecer não-inferioridade ou superioridade. Além disso, como alguns pacientes necessitam de anticoagulação indefinida, é necessário um acompanhamento a longo prazo para confirmar a segurança e a eficácia além das 25 semanas que foram observadas nesta estudo atual.

Resumindo, apesar de problemas metodológicos, a eficácia e a segurança foram semelhantes entre dabigatran e varfarina para trombose venosa cerebral.

Sobre a trombose venosa cerebral

A trombose venosa cerebral (TVC) nem sempre é um quadro clínico óbvio, mas frequentemente trata-se de pacientes com cefaleia nova sem explicação etiológica esclarecida. É uma doença cerebrovascular pouco prevalente (cerca de 1% dos casos de acidente vascular cerebral), causada pela oclusão dos seios venosos e/ou das veias cerebrais por trombos.

Ocorre mais em adultos jovens, principalmente mulheres. A mortalidade é em torno de 10%, e cerca de 80% dos pacientes conseguem se recuperar sem nenhuma sequela.

Para o diagnóstico, podem ser utilizadas angiotomografia venosa, angiorressonância magnética venosa ou angiorressonância intra-arterial.

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Referências bibliográficas:

  • Ferro JM, et al. Safety and Efficacy of Dabigatran Etexilate vs Dose-Adjusted Warfarin in Patients With Cerebral Venous Thrombosis. A Randomized Clinical Trial. JAMA Neurol. Published online September 3, 2019. doi:10.1001/jamaneurol.2019.2764

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Henrique CalHenrique Cal
Médico pela UFRJ e Neurologista pela UFF (RJ) ⦁ Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia ⦁ Doutorando em Neurologia pela UFF ⦁ Neurologista dos Hospitais Copa D’Or e Pró-Cardíaco ⦁ [email protected]